VOCÊ É ARTE - TREZE

770 65 129
                                    

13.

Odiar hospitais era algo que o cacheado achava que nunca iria perder, se lembra de quando sua irmã mais velha foi picada por uma abelha, descobrindo sua alergia

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Odiar hospitais era algo que o cacheado achava que nunca iria perder, se lembra de quando sua irmã mais velha foi picada por uma abelha, descobrindo sua alergia. Aqueles foram tempos cinzas, João tinha muito medo de perder a irmã. Quando ela se mudou para São Paulo, João sabia que sentiria muitas saudades, mas ela quase não permitia, pois ligava quase todos os dias.

Ele encerrou uma das chamadas de vídeo com a irmã no hospital, até  explicar que o checape indicou apenas uma pequena fratura, já havia ouvido um longo sermão do tipo "eu estaria aí cuidando de você". Agora em casa, João se lembrou de ignorar Pedro no hospital, no whatsaap e até mesmo suas ligações. Queria muito ouvir, mas não queria se machucar mais. Se Pedro não o queria, era melhor se manter longe.

Encarava a cartinha do outro perto da sua polaroid.

"Para meu artista favorito, espero que saiba tudo o que você significa"

Se atreveu a olhar a ultima mensagem do outro, era difícil resistir a tentação.

- Você tem todo o direito de me odiar após um mês, mas pelo menos me da, a chance de uma conversa. Eu prometo, se quiser eu vou embora, quando quiser"

Fechou a mensagem e desceu as escadas mancando pouco, encarou o sofá vazio, mas ouviu a voz cantando.

"É preciso amar ah ah, as pessoas como se não houvesse amanhã"

- Como cantor você é um ótimo técnico seu Carlão - João encontrou a figura de seu pai regando as plantas, ele amava o jardim como amava o AFC.

- Olha só, eu tava pesquisando uns cursos de artes acho que você vai gostar da escola que achei, sabe quem estudou lá? Se bem que se você quiser fazer um intercâmbio é melhor né, artista no Brasil, coitado"

- Pai! - João soltou agudo, Carlos ria. Ele estava realmente empolgado com a ideia de acompanhar a evolução do filho, olhou os seus últimos desenhos e até pendurou um deles em seu escritório.

Ele era um pai incrível, não perfeito, jamais existiria um pai perfeito. Mas existir um que zela pela sua felicidade, é o tipo de pai ideal.

- Pai, se alguém que eu gosto muito, me magoou..., mas eu ainda gosto muito del- dessa pessoa, o que eu faço? Eu respondo às mensagens ou sofro em silêncio? - João quase se bateu por gaguejar, ele quase deixou escapar.

- Olha filho, é muito difícil gostar de alguém de verdade. E quanto mais o tempo passa, pior fica. Eu responderia, deixar alguém escapar é um erro que essa família precisa parar de cometer - ele riu na última parte.

- Pode ser... foi tipo só um beijo, o primeiro da minha vida. Mas o Pedro me tirou o medo na hora e parecia tão certo. - João sempre tagarela, ele quase chutou a grama, mas seu pai o mataria ali mesmo.

- Agora ta explicado, por isso você queria estudar, você não perde tempo em moleque - O homem riu dando um tapinha nas costas do filho. - É um pilantra, eu deveria ter desconfiado, ele todo tímido bem a sua cara preferir alguém que provavelmente te deixa falar mais que a boca.

Camisa Dez - pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora