11.
O tempo permanecia nublado, a rua estava cercada de folhas secas pelo chão. Tudo parecia desanimador, aqueles dezessete de junho. A sonoridade que vinha da sala ainda chamava atenção do garoto, lucila, a babá do menino a muitos anos, tentava o impedir de descer as escadas como foi mandado. Mas ele nunca foi muito obediente.
- Você não tem o direito de me impedir de ir para lugar nenhum, não sou nenhuma criança e você não manda em mim! - a mãe do garoto gritava.
A cena, ele jamais esqueceu. Malas prontas, um vaso que antes enfeitava a sala estava em pedaços no chão.
- Você e eu não somos crianças e isso é obvio, é por isso que temos um filho para criar! - o homem permanecia vermelho transparecendo raiva.
- João não é mais um bebe, ele tem treze anos consegue entender? E você sabe bem que eu nunca quis ter um filho. - a mulher jogou, alto e em bom som.
Quando se deram conta da presença do outro, ele esbarrou nas malas derrubando no chão.
"Eu nunca quis ter um filho"
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Quando João chegou em casa, tirou seus sapatos e se jogou no sofá , abraçou as almofadas. sorria como se aquele fosse seu maior momento. E era, ele nunca havia se sentido tão bem com alguém. Se lembrava do toque, das mãos do outro em seu rosto, das mãos do outro segurando as suas, do fato de como ele havia deixado tudo naquele dia para o mostrar sua importância na vida dele, seria mentira se ele pensasse que Pedro não o dava importância, ele não era transparente enquanto o que sentia como João, mas seus atos valiam tanto quanto as palavras de Romania, seus atos simples de tamanho valor.
E entre todos os pensamentos um tópico inesperado apareceu; e se pedro não queria que fosse tão longe, e se seu pai fosse embora da sua vida por não entender os seus sentimentos? E se Renan nunca mais quisesse falar com ele ?
Tantas perguntas, que a almofada do sofá se preenche por muitas lagrimas. Ouviu um barulho estranho da cozinha, as luzes se apagaram e o "Parabéns pra você" tomou conta do ambiente.
Renan, seu pai, Malu e dois colegas de sua turma.
Depois da cerimónia de inventar chorar pela surpresa, tentou comer para não fazer desfeita porque Pedro já havia lhe proporcionado brigadeiros, bolo de chocolate e salgadinhos o suficiente para aquela noite. Mas para brigadeiro tinha sempre espaço.
No final da pequena festa, quando todos foram embora, João puxou Renan para seu quarto.
- que história era aquela de encontro? - Renan perguntou rápido demais.
- esculta, senta ai. - João se jogou na cama e tirou a jaqueta. - Renan, eu beijei o Pedro, na verdade, foi ele que me beijou - ele disse baixinho, era estranho para o outro ver o primo falar baixo, realmente algo que parecia o criar insegurança.
- então finalmente você deixou de ser bv, até que enfim - Rena sorriu, simples e sincero.
Uma parte do peso que João sentia parecia sumir, Renan era sempre incrível, e sempre foi quem tornava todas as situações leves.
- você não vai fazer nenhuma piada besta por que o Pedro é um cara? - João não esperava aquilo do outro, era só, algo em si fazia lembrar das piadinhas que ouvia sempre. A sua postura, era sempre expressivo com sua forma de gesticular. E as pessoas eram sempre maldosas em relação isso. As pessoas idiotas, Renan nunca foi uma delas.
- João, você acha que precisa me contar pra saber que você gosta dele? Desde o começo do ano é "Pedro isso, Pedro aquilo. Pedro vai com a gente, isso é a cara do Pedro" também não é como se eu ligasse pra quem beija sua boca, quer dizer, me preocupa saber se você não traumatizou o coitado, primeiro beijo nunca é bom.
O cacheado jogou o travesseiro no primo, que ria alto.
- Não foi nada ruim tá, ele sabia que eu nunca tinha... E ele soube o que fazer na hora - João gesticulava enquanto suspirava, agora era Renan que havia o tacado o travesseiro.
- eca, vou ter que aguentar essa melação por parte de dois agora, eu vou ter diabetes.
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Eles viram todos os filmes dos vingadores, João se sentiu melhor ao falar com o primo e perceber que ele não se afastaria. Ainda havia alguém, alguém que o mais novo decidiu guardar apenas aquelas lembranças para não se frustrar mais. A terapia que Pedro o obrigou a começar no início das aulas, estava fazendo efeito.
'Você me odeia?' João enviou ao outro, não teve respostas.
Era o dia da tão esperada prova de nível, João saberia se passaria de ano. Ele estudou o suficiente para recuperar as matérias perdidas antes de junho, fez todos os trabalhos a partir das aulas particulares e se empenhou a todas as outras provas, mas essa era a mais importante. Cruzou os dedos antes de se arrumar, o uniforme parecia horrível especialmente aquele dia, seu cabelo parecia horrível sua ansiedade estava a flor da pele, ele tinha medicamentos receitados por seu psiquiatra, se fosse em outros tempos antes da rotina de terapias, ele jamais lidaria com aquela situação, apenas se esconderia. O processo em si não foi de todo horrível, ele conhecia as questões e conhecia a prova. Agora era a hora de colocar os simulados chatos de Pedro em prática. Após assinalar a última questão e entregar, era hora de lanchar e ir para casa. Esperar o resultado daquilo parecia pior que qualquer outra coisa, por ser a última prova do ano.
As últimas duas semanas eram aulas de revisão e reforço para os que precisavam, João foi obrigado a ir para esperar o resultado da prova, Tófani apareceu nos primeiros três dias, não falou com ele e sempre fugia para algum lugar quando ameaçava a se aproximar. Ele entendeu o recado, era melhor deixar pra lá.
"Pedro só devia ser legal por educação, as aulas acabaram-se e ele não é mais obrigado a te ver" - pensou consigo mesmo. Quando tudo parece ruim, não duvide que vá piorar.
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Camisa Dez - pejão
FanfictionNunca foi o ponto forte de João. Ele não era bom em demonstrar seus anseios. Para que serviria um jogador que não vence? "Destemido mas, nunca imbatível" era como seu pai fazia questão de repetir. Quem diria que aquele garoto de altura mediana e o...