5.
Foi um dia longo, Renan tentou convencer seu primo de sair daquele quarto, mas ele sabia que não adiantaria. Naquela terça-feira, era o único dia que não importava se ele faltasse a aula, o menino fez seu pai tornar aquela data um tipo de "folga", pois o mais velho sabia das condições em que João se encontraria. A restrição não o impedia de verificar o filho, uma vez. Helena também checou algumas vezes, a mulher que sempre cozinhava seguindo a dieta do menino sempre tentava o convencer a trocar o dia da "batata frita e dos salgadinhos" tentativa falha, porém, Carlos faria aquilo.
- João, desça para jantar, meu filho, você não pode se encher o dia todo com essas porcarias que chama de comida.
- o gosto da pocaria da batata frita é melhor que o da pocaria da salada de hospital da helena -o menino disse em um tom baixo
- preciso falar com você, cabeção - o homem brinca, sabia que nesse dia seu filho estaria de mau-humor.
- achei que já estivesse falando - João devolve a brincadeira, mas abre a porta para que o homem entre.
- Se for sobre as aulas de reforço com o Pedro, eu já aceitei que vou ter que fazer.
- não é isso, se prepara, é uma coisa muito boa, "Você não vai mais fazer a peneira do clube vizinho".
Por dois segundos aquelas palavras trouxeram conforto a João, mas não durou nada mais que aquele tempo.
- consegui pra você daqui a cinco meses uma peneira no AFC, e sabe quem vai estar lá?
"Alberto Sanches", esse mesmo, o Olheiro do nosso clube filhão.
O homem tinha um brilho tão forte nos olhos, que João jamais se atreveria a tirar. Quando aos seus treze anos sua mãe o abandonou, ele passou a querer ser o atleta que seu pai idealizava nele desde que entrou na escolinha de futebol aos cinco. Antes ele não fazia questão, mas aquele evento fez pensar em como seria ruim decepcionar Carlos, se o homem fosse embora de sua vida, qual seria o seu porquê? Então se pois a treinar debaixo de sol e chuva, seria a marca do Américo Futebol Clube, seria o moleque de ouro.
:):
Quarta- feira, não seria uma má ideia se esconder no sótão. João se encontrava perdido entre todas as suas camisetas jogadas no chão, de acordo com ele, nenhuma delas é suficiente para receber Pedro. Não é por nada, ele apenas queria passar uma boa impressão em sua primeira aula.
Na aula durante o dia, viu o menino, conversava com uma garota de cabelos coloridos, os dois dividiam um milkshake, parecia ser legal dividir um milk-shake com Pedro. Renan foi obrigado a ir até à casa de João checar o porquê de seu surto com roupas, mas até aquele momento não entendia nada.
- Pra que você precisa se arrumar todo pra estudar? Você sempre foi esquisito só que agora você ta caprichando nessa prática. - o primo zombou, ele nunca perderia a chance disso.
- não tinha nada melhor pra fazer na faculdade não? - o cacheado blefou, estava ainda procurando. - já sei, eu vi uma vez uma moça falando sobre cores que favorecem cada pessoa, talvez ela esteja certa.
- okay, eu vou pra aula e você seja lá com que menina for matar aula, não me pede pra mentir pro seu pai de novo.
Renan iria saindo, o primo apenas se jogou sobre a cama suplicando para que aquele dia passasse logo.
- Perdeu as chances de fugir, seu professor chegou - Renan disse encostando a porta.
logo mais João se levantou correndo e pegou todas as suas roupas. Jogou dentro do closet. Havia esquecido uma camisa jogada em sua cama, verde limão, verde é a cor da sorte, e também da grana. Talvez aquele fosse um sinal.
- Boa tarde - duas batidas na porta. João olhou ao redor do quarto e quis se bater pela bagunça que tinha ali. Saiu do cômodo com sua mochila, e fechou a porta rapidamente.
- olha, meu quarto tá meio bagunçado, a gente pode estudar no escritório do meu pai, ou na sala mesmo, ou na biblioteca, se bem que eu preferia no meu quarto, mas "não João você precisa ser atrapalhado assim" - ele disse a última parte discutindo com si mesmo, Pedro queria rir, mas segurou para não demonstrar simpatia.
- tanto faz - foi o que respondeu, curto e seco. João se sentiu acuado e mesmo assim andou até o escritório de seu pai, abriu a porta de correr e esperou o outro entrar, assim, a fechando.
- Hoje nós vamos aprender a somar, espero que saiba o básico - Pedro deixou os livros sobre a mesa.
- Porque você não gosta de mim?- ele perguntou assim, na lata, sem medo da resposta.
- você é um conjunto de problemas que eu não gostaria de chamar de amigo, mas vim aqui pra te ensinar.
João não parecia se afetar com a acidez defensiva de Pedro, apenas abriu sua mochila e entregou a ele uma caixinha.
- eu não tinha intensão de quebrar sua câmera, eu juro, e também queria pedir desculpas por gritar. - Romania dizia com um grande tom de culpa.
Pedro pensou um pouco, não seria burro de negar e ficar sem câmera já que o menino mesmo tinha quebrado. Ele pegou e guardou, não agradeceu, não tinha ganhado nada, apenas uma devolução.
- posso ver seu caderno de questões? - desviou daquele assunto, também não queria continuar naquele clima passado.
João entregou, Pedro analisou seus erros. Okay, a realidade é que a única questão certa, era uma de nível primário sobre o formato de uma figura. Ele parou para reparar o comportamento de João, o cacheado não tentava justificar e parecia não se importar com aquilo.
- desculpa pelo meu pai te fazer vir aqui perder tempo, ele deve ter falado pra você como eu sou burro e não sei porque aceitou, mas eu vou ser um jogador nem preciso disso, pra que ele insiste tanto em me ver fazer cálculos?
Ali estava ela, a raiz de seu problema. João era ignorante sobre a importância de tudo. Ele também era egoísta e completamente mimado. Era isso que Pedro queria dizer.
- claro que não precisa - o mais velho apenas riu. - João, eu sei que talvez ninguém tenha feito isso antes, mas eu to aqui pra isso. Guarda essas coisas, e veste algo que não grite que você saiu da barra, sei lá, uma camisa de time, tanto faz.
Ele ordenou aquilo esperando o outro contrariar, Mas João se levantou e o obedeceu. Aquilo era novo.
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Camisa Dez - pejão
FanfictionNunca foi o ponto forte de João. Ele não era bom em demonstrar seus anseios. Para que serviria um jogador que não vence? "Destemido mas, nunca imbatível" era como seu pai fazia questão de repetir. Quem diria que aquele garoto de altura mediana e o...