𝐈𝐗 - A Investida do Coiote

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Lise chutou o corpo do Eleven com raiva, seu olhar fixo na pequena figura que jazia no chão. Era apenas uma criança, mas isso não importava mais. A respiração dela estava acelerada, seus punhos ainda cerrados.

— Que droga! — Lise murmurou para si mesma, sentindo o gosto amargo da frustração na boca. — Eu odeio esses Elevens.

O garoto, não mais que sete ou oito anos, estava irreconhecível após a brutalidade do combate. O que ela tinha acabado de fazer? Uma sombra de dúvida passou por sua mente, mas foi rapidamente abafada pela raiva. Seu corpo tensionou ao lembrar-se de seu irmão, também tão jovem, morto por um ataque dos Elevens.

Uma lembrança dolorosa emergiu. Ela se viu novamente com seus pais, uma família feliz. Mas tudo mudou quando eles a abandonaram para os Recrutadores, em troca de uma falsa liberdade. O calor da traição ainda queimava dentro dela.

Enquanto acendia um cigarro com as mãos trêmulas, um dos guardas recrutadores que a acompanhavam fez uma piada sarcástica, rompendo o silêncio.

— Uma garota da sua idade não devia fumar, sabe? O que seus pais pensariam?

Ele riu, assim como outros dois guardas ao seu lado, mas o riso foi curto. Lise lançou um olhar afiado na direção do homem, tragando profundamente antes de falar, a voz gélida e cortante.

— Cale a boca.

O Recrutador se endireitou, um sorriso desdenhoso no rosto.

— Ah é? Quem você pensa que é para me mandar calar a boca, garota? Acha que me assusta?

Lise não respondeu de imediato. Em um movimento quase imperceptível, ela sacou o canivete butterfly que mantinha no cinto e, antes que o homem pudesse reagir, o arremessou. A lâmina cravou-se diretamente na testa dele. O sorriso sarcástico desapareceu do rosto do Recrutador enquanto ele se desequilibrava e caía morto.

O silêncio caiu sobre o grupo. Os outros guardas ficaram paralisados, sem saber como reagir. Lise caminhou lentamente até o corpo, sem emoção aparente. Puxou o canivete de volta, limpando o sangue na jaqueta do homem antes de dar mais uma tragada no cigarro. Com a mão livre, ela jogou o cigarro aceso no rosto do cadáver, que começou a queimar levemente a pele pálida.

— Idiota — murmurou Lise, cutucando o rosto morto com a ponta da lâmina.

Os guardas ao redor não ousaram dizer nada. O choque era palpável, mas também havia medo. Lise era imprevisível, e todos ali sabiam disso.

Ela se levantou, limpando as mãos e se dirigindo ao grupo sem sequer olhar para trás.

— Vamos. Temos sobreviventes para encontrar — disse, assumindo a liderança.

O grupo seguiu em silêncio, ainda impactado pelo que acabara de acontecer. Caminharam pelas ruas desoladas, atentos ao menor sinal de movimento. Lise, à frente, manteve-se alerta. Ela era conhecida por sua frieza e violência, e cada passo dela era acompanhado por olhares cautelosos dos outros.

Alguns quilômetros à frente, deram de cara com um Recrutador ferido, encostado em uma parede, sangrando. Ele parecia à beira da morte.

— O que aconteceu aqui? — perguntou Lise, sua voz cortante e sem paciência.

O homem mal conseguia falar, seu peito arfando de dor. Entre tosses, ele respondeu com dificuldade.

— Sobreviventes...Os Shiro... e... Elevens. Um massacre... todos mortos... alguns fugiram.

— Para onde? — Lise exigiu, seu tom impiedoso.

Ele levantou o braço trêmulo e apontou para o leste. Lise estava pronta para seguir, mas o homem a chamou de novo, a voz carregada de desespero.

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