Ervé havia reunido seus companheiros mais próximos: Tadashi, Haruna e Sora. O ambiente estava carregado, a tensão refletida nos olhares silenciosos de cada um. Ele começou a compartilhar informações cruciais, concentrando-se no encontro recente que teve com uma Eleven durante o resgate de Maori.
— A Eleven que matei não morreu com o disparo como deveria. Foi estranho — Ervé começou, sua voz firme, mas com uma inquietação sutil. — Ela não caiu instantaneamente. Continuou se movendo, mesmo com o ferimento.
Sora, sempre observadora, franziu a testa. Haruna e Tadashi trocaram olhares de preocupação, enquanto o peso do que tinham para contar se fazia evidente.
— Isso não é tão incomum quanto parece — disse Tadashi, quebrando o silêncio. — Nós também presenciamos algo semelhante.
Haruna, sempre mais calma, assentiu e começou a explicar.
— Estávamos recolhendo antibióticos e mantimentos quando nos deparamos com outro grupo de sobreviventes... Os "Aka". Eles estavam lá pelo mesmo motivo que nós, buscando recursos. No início, houve uma tensão normal entre os dois grupos. Mas então, três Elevens surgiram do nada. E algo neles não parecia normal.
— Como assim? — questionou Ervé, inclinando-se para frente, seus olhos fixos nos de Haruna.
— O líder deles... — Haruna hesitou por um momento, como se revivendo a cena. — Ele era diferente. Havia algo nos seus olhos. Ele não era tão impulsivo como os outros. Na verdade, parecia calculista, como se estivesse... analisando tudo.
Tadashi tomou a palavra, sua voz grave.
— Quando os Aka perceberam a presença dos Elevens, começaram a disparar contra eles, ignorando totalmente a gente. Dois dos Elevens avançaram com a ferocidade de sempre, mesmo sob fogo pesado. Um dos Aka, um garoto, estava tentando recarregar sua arma, mas um Eleven já estava sobre ele, com as garras prestes a rasgar sua face.
— E o que aconteceu? — Sora perguntou, seus olhos fixos em Tadashi.
— O líder dos Aka o salvou — respondeu Tadashi. — Foi rápido, muito hábil com a faca de caça. Ele perfurou o abdomen do Eleven e o afastou, mas estava claro que eles estavam sendo sobrepujados.
— Foi então que o terceiro Eleven, o dominante, entrou em ação — Haruna continuou. — Ele era diferente, muito mais rápido, muito mais feroz. Seu sorriso... — Haruna tremeu ligeiramente ao recordar. — Era assustador. Ele tinha foco total naqueles dois, e parecia saber exatamente o que estava fazendo.
— Ele os matou com apenas dois movimentos — Tadashi completou. — Degolou os dois, e foi tão rápido que nenhum dos Aka teve tempo de reagir.
Ervé cruzou os braços, seu olhar duro.
— E o terceiro Eleven?
Haruna mordeu o lábio, suas mãos tremendo levemente ao recordar o que aconteceu a seguir.
— O terceiro Eleven estava lutando com outro integrante dos Aka, que estava à beira da morte. Mas então, o dominante caminhou lentamente até eles, e o Eleven simplesmente recuou, como se estivesse dando passagem. E quando o líder ergueu a mão... — A voz de Haruna vacilou, e ela respirou fundo. — Suas garras pareciam lâminas. E em segundos... ele rasgou o abdomen do homem.
A sala ficou em silêncio por alguns instantes. Haruna continuou, sua voz baixa, quase como um sussurro:
— Ele ainda estava vivo quando... quando eu comecei a chorar. Tadashi me puxou para longe. Não podíamos fazer nada.
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BESTIARII
Misterio / SuspensoEm um mundo distópico onde as ruas são tomadas por caos, drogas, sequestros e monstros humanos conhecidos como "Elevens", a esperança reside nas sombras. Quando uma enfermeira se rebela contra um sinistro projeto governamental, ela foge com a única...