BESTIARII

Parte 2 - A Caçada e o Despertar

Lise estava de pé, encarando o mapa holográfico projetado à sua frente com as mãos apoiadas na mesa e a testa franzida. O massacre dos Shiro e a emboscada dos Aka não haviam surtido o efeito esperado. Mesmo com a destruição de dois dos maiores grupos sobreviventes, os rebeldes ainda escapavam por entre seus dedos. Os rebeldes continuavam a escapar, se movendo nas sombras como fantasmas. O esconderijo ainda era um mistério, e isso começava a testar a paciência da experiente caçadora.

Lise suspirou profundamente, cruzando os braços.

— Não importa o que façamos, eles continuam escapando. O líder e seus principais comandantes... toda vez que estou perto, eles já desapareceram. É como se soubessem que estou rastreando seus passos. Se dividem em grupos pequenos, de quatro líderes, sempre acompanhados de seis ou sete seguidores. Isso só pode significar que estão se distanciando demais do esconderijo, e eu sei que estão correndo esse risco.E mesmo assim... — Lise balançou a cabeça, irritada. — Ainda não vi a garota.

Ping escuta Lise com atenção. Então ela continua:

— Eles a mantêm perto do refúgio, tenho certeza disso. Mas onde, diabos, eles estão escondidos?

Ping levantou-se lentamente, suas mãos unidas às costas enquanto caminhava em direção a ela. Sua postura era sempre calma, quase serena, mas Lise sabia que por trás daquela fachada existia uma mente sempre em movimento, traçando novas estratégias.

— Eles estão sendo cautelosos, como devem ser. Sabem o que aconteceu com os outros grupos, o que fizemos aos Shiro e aos Aka. E se a garota realmente estiver com eles, isso só aumenta o cuidado. Eles têm consciência de que não estamos brincando. E se há algo que podemos aproveitar, é isso — Ping disse com a voz grave, mas serena.

Lise olhou para ele com as sobrancelhas franzidas, a frustração visível em seu rosto.

— O que você está pensando?— ela perguntou, com uma sensação incômoda surgindo no peito.

Ping ficou em silêncio por alguns instantes, seus olhos fitando o holograma como se estivesse meditando sobre algo importante. Finalmente, ele virou-se para ela, sua expressão inalterada.

— Vamos usar uma isca — ele disse simplesmente.

Lise piscou, surpresa pela simplicidade e ousadia do plano. Levantou-se abruptamente, quase como se tivesse levado um choque.

— Porra, é sério? — sua voz ecoou pelo cômodo, carregada de incredulidade e revolta.Ping continuou, ignorando a hesitação em sua voz.

Ping manteve-se inabalável, observando-a com a mesma calma de sempre.

— Sim — ele respondeu, como se fosse a decisão mais óbvia do mundo.

Lise começou a andar de um lado para o outro, sentindo a mente rodopiar com as possibilidades. Era arriscado demais.

— Uma isca humana, Ping? Isso é loucura. Se algo der errado...

Ping continuou, ignorando a hesitação em sua voz.

— Sim, Lise. E quem melhor para isso do que Xiao? Ela já esteve ao lado dos rebeldes antes, e sabemos que tem laços com a garota. Eles não vão ignorar se acharem que ela está em perigo.

Lise parou e fitou Ping com intensidade, como se quisesse ter certeza de que ele estava mesmo falando sério. Xiao? A ideia era audaciosa demais. Poderia sair terrivelmente errado.

— Xiao? Você quer colocar Xiao na linha de fogo? Isso pode sair muito mal.

Ping não desviou o olhar. Lise continuou: