Capítulo III - O Lupanar

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Um filme passava pela mente de Jungkook enquanto ele observava a paisagem esbranquiçada pela neve, de dentro do carro.

- Eu tô preocupado com você, JK. Não disse uma palavra sequer desde que te busquei na sua casa – Eunwoo confessou, o olhando de lado enquanto dirigia.

- Desculpa Eunwoo, eu tô muito nervoso. Eu tô com medo da minha mãe descobrir. Eu tô com medo de não conseguir engolir o orgulho quando um velho tentar jogar conversa pra cima de mim – avisou.

- Eu te entendo. Eu só me preocupei mesmo. Você tem certeza que vai fazer isso? Vai assinar os contratos que você me falou que ela ia preparar? – questionou, atento ao caminho. Já haviam passado do portão.

- Tenho. Meu pai tá morrendo, Eunwoo. Se for preciso dormir com homens pra poder juntar dinheiro pra cirurgia dele e os remédios, eu vou dormir com todos os que me quiserem – afirmou, tentando parecer confiante.

- JK, se eu pudesse te ajudar de alguma maneira, eu tenho 50 libras nas reservas, talvez vocês...

- Guarda esse dinheiro pra você, Eunwoo. Sério mesmo! Eu agradeço, de coração, mas não preciso que me dê nada. Você pode ter até um tanto de conforto a mais na sua casa, mas todos nós vivemos sem luxos. Todo dinheiro é bem-vindo. Geralmente vem muito suado. – afirmou, observando as luzes acesas na entrada do casarão. Ficava ainda mais bonito à noite.

Eunwoo parou o carro próximo da porta, fazendo a volta após deixar o amigo, murmurando um "boa sorte". Ele havia dito que voltaria a pé, embora Eunwoo tivesse insistido em ir buscá-lo. Não sabia que horas iria embora. Não podia simplesmente fazer o amigo ficar gastando combustível consigo.

O rapaz bateu na porta, com a cara e a coragem que tinha. Charles o recebeu, torcendo o nariz ao sentir o cheiro de suor misturado com o odor de sangue.

- Vamos para o seu banho. Madame já separou as roupas que deve vestir. Vão ficar um pouco largas, mas nada muito exagerado – avisou, indicando para que ele subisse consigo as escadas.

Jungkook assentiu, observando mais pinturas nas paredes, contudo, o que chamou sua atenção fora o lustre de cristais pendurado no centro do salão, entre as duas escadas que se formavam, descendo elegantemente em "C" pelas laterais.

- Uau... – murmurou, quase tropeçando no mordomo ao chegarem no andar de cima – Opa, desculpa...

- Não foi nada. Podemos continuar? – perguntou, ao quê o mais novo assentiu.

Chegaram a um quarto onde estava uma troca de roupa alinhada em cima da cama de casal. Havia também dois pares de sapatos, já que Verônica havia se esquecido de perguntar quanto Jungkook calçava. Pensou que pela estatura dele, o rapaz calçaria um dos dois números que havia separado.

Charles então mostrou a ele o banheiro com torneiras douradas, piso branco e armário escuro, contrastando com a porcelana clara da pia, do vaso e da banheira. Lá, havia mais produtos de higiene do que ele pensou que existisse em todo mundo. O mordomo o auxiliou, entregando uma toalha macia em suas mãos. Indicou para o que servia cada um dos produtos, para depois o levar de volta ao quarto e mostrar três frascos de perfume para que ele escolhesse qual o agradava mais. Havia deixado um pente junto da penteadeira, ao lado dos perfumes, para que o garoto pudesse arrumar os cabelos.

Jungkook esperava que a mãe estivesse dormindo quando retornasse. Tinha certeza que nada ali cheirava a sabão de coco em barra.

Ao se ver sozinho, começou a cheirar os sabonetes líquidos, shampoos, condicionadores, creme de barbear, além dos hidratantes corporais. Escovou os dentes com cuidado redobrado enquanto a banheira enchia de água quente.

O LupanarOnde histórias criam vida. Descubra agora