Capítulo IX - Dr. Berman

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Se o senhor Jeon não tivesse levantado da cama naquele domingo, em uma tentativa em vão de ir à missa, o acidente não teria acontecido.

A questão é que acidentes são imprevisíveis. Não se marca hora para se acidentar e nem se tem a intenção de tal infortúnio acontecer. Ainda mais quando se levanta em um domingo ensolarado, cheio de disposição, para ir à igreja.

Contudo, ninguém poderia adivinhar que depois de uma queda brusca no degrauzinho que levava à rua, o pai de família viria a desmaiar.

Não havia batido a cabeça, mas a dor na coluna atingida pela pancada fora tão grande que seu cérebro desligou.

Jungkook estava voltando da quitanda da família de Eunwoo quando viu o pai jogado no chão com uma dupla de senhorinhas ao seu lado, ambas desesperadas, procurando por ajuda.

A ambulância chegou e recolheu o pobre homem. O mais velho avisou os irmãos pequenos, que não haviam dado falta do pai, já que estavam brincando no quintal, que voltaria quando pudesse e que Beomgyu cuidasse de Haerin, já que a mãe estava fora fazendo faxina.

Ao chegarem ao hospital, os socorristas encheram Jungkook de questionamentos, enquanto verificavam a condição do paciente. O chefe do setor anotava em sua prancheta as informações mais relevantes, enquanto o filho contava sobre o problema que o pai possuía na coluna.

O diagnóstico levou cerca de 40 minutos para chegar: ou a família arrumava um médico para operar o paciente, ou ele perderia os movimentos de uma das pernas permanentemente.

Jungkook ficou pálido, levando alguns instantes para se recompor.

A decisão não fora difícil de ser tomada. Chegara o momento em que a senhora Jeon teria que engolir o fato do filho ter um dinheiro a mais para custear a operação do pai, mesmo que ele precisasse mentir que havia feito um empréstimo.

Eunwoo surgiu no hospital algum tempo depois, encontrando o amigo na sala de espera.

- Beomgyu me contou o que aconteceu e eu corri aqui. – disse assustado – Vim com o carro, caso vocês precisem de uma carona. O que houve com o tio, afinal?

- Ele caiu, Eunnie. Encontrei ele desmaiado no degrauzinho de casa. Ele deve ter pisado em falso. Estava com a perna fraca. Pelas roupas que estava usando, tentou ir à igreja ou visitar um amigo. Por sorte, a ambulância não demorou. – contou, parecendo exausto. Já devia estar ali há mais de 3h.

- Nossa, que loucura! Mas ele tá bem? Quando ele vai ter alta? – perguntou, olhando para os lados. O hospital do povo vivia apinhado de gente.

- Não, ele vai ter que operar ou senão ele perde os movimentos da perna. Eu assinei já um documento para que os médicos pudessem preparar ele para a cirurgia. Eles vão me trazer os nomes dos médicos disponíveis. Eu não faço ideia de qual é bom e qual é ruim. Estou com a cabeça lotada e minha mãe está fazendo faxina do outro lado da cidade. – murmurou, segurando a cabeça com ambas as mãos, curvado na cadeira.

- O pai tem um amigo que é médico, JK. Qualquer coisa eu vou lá na quitanda e pergunto pra ele. Peço pra ele ligar e perguntar. Que você acha? – perguntou.

- Toda ajuda é bem-vinda, meu amigo. Se não fosse a vida do meu pai em risco, eu não aceitaria te dar esse trabalho, mas nesse caso, eu vou precisar dessa recomendação. – disse sincero.

Eunwoo deu um tapinha no ombro dele, antes de sair andando.

- Aguenta firme! – pediu, antes de sair.

O socorrista chefe que havia atendido o senhor Jeon veio até Jungkook quinze minutos após Eunwoo sair. Passou a ele os nomes dos médicos que estavam disponíveis para executar a cirurgia de emergência e pediu que ele optasse por um deles. O rapaz pediu que o médico esperasse mais alguns minutos, pois ele estava aguardando a recomendação de um grande amigo. Fora sincero, não fazia ideia de qual profissional escolher.

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