Se o senhor Jeon não tivesse levantado da cama naquele domingo, em uma tentativa em vão de ir à missa, o acidente não teria acontecido.
A questão é que acidentes são imprevisíveis. Não se marca hora para se acidentar e nem se tem a intenção de tal infortúnio acontecer. Ainda mais quando se levanta em um domingo ensolarado, cheio de disposição, para ir à igreja.
Contudo, ninguém poderia adivinhar que depois de uma queda brusca no degrauzinho que levava à rua, o pai de família viria a desmaiar.
Não havia batido a cabeça, mas a dor na coluna atingida pela pancada fora tão grande que seu cérebro desligou.
Jungkook estava voltando da quitanda da família de Eunwoo quando viu o pai jogado no chão com uma dupla de senhorinhas ao seu lado, ambas desesperadas, procurando por ajuda.
A ambulância chegou e recolheu o pobre homem. O mais velho avisou os irmãos pequenos, que não haviam dado falta do pai, já que estavam brincando no quintal, que voltaria quando pudesse e que Beomgyu cuidasse de Haerin, já que a mãe estava fora fazendo faxina.
Ao chegarem ao hospital, os socorristas encheram Jungkook de questionamentos, enquanto verificavam a condição do paciente. O chefe do setor anotava em sua prancheta as informações mais relevantes, enquanto o filho contava sobre o problema que o pai possuía na coluna.
O diagnóstico levou cerca de 40 minutos para chegar: ou a família arrumava um médico para operar o paciente, ou ele perderia os movimentos de uma das pernas permanentemente.
Jungkook ficou pálido, levando alguns instantes para se recompor.
A decisão não fora difícil de ser tomada. Chegara o momento em que a senhora Jeon teria que engolir o fato do filho ter um dinheiro a mais para custear a operação do pai, mesmo que ele precisasse mentir que havia feito um empréstimo.
Eunwoo surgiu no hospital algum tempo depois, encontrando o amigo na sala de espera.
- Beomgyu me contou o que aconteceu e eu corri aqui. – disse assustado – Vim com o carro, caso vocês precisem de uma carona. O que houve com o tio, afinal?
- Ele caiu, Eunnie. Encontrei ele desmaiado no degrauzinho de casa. Ele deve ter pisado em falso. Estava com a perna fraca. Pelas roupas que estava usando, tentou ir à igreja ou visitar um amigo. Por sorte, a ambulância não demorou. – contou, parecendo exausto. Já devia estar ali há mais de 3h.
- Nossa, que loucura! Mas ele tá bem? Quando ele vai ter alta? – perguntou, olhando para os lados. O hospital do povo vivia apinhado de gente.
- Não, ele vai ter que operar ou senão ele perde os movimentos da perna. Eu assinei já um documento para que os médicos pudessem preparar ele para a cirurgia. Eles vão me trazer os nomes dos médicos disponíveis. Eu não faço ideia de qual é bom e qual é ruim. Estou com a cabeça lotada e minha mãe está fazendo faxina do outro lado da cidade. – murmurou, segurando a cabeça com ambas as mãos, curvado na cadeira.
- O pai tem um amigo que é médico, JK. Qualquer coisa eu vou lá na quitanda e pergunto pra ele. Peço pra ele ligar e perguntar. Que você acha? – perguntou.
- Toda ajuda é bem-vinda, meu amigo. Se não fosse a vida do meu pai em risco, eu não aceitaria te dar esse trabalho, mas nesse caso, eu vou precisar dessa recomendação. – disse sincero.
Eunwoo deu um tapinha no ombro dele, antes de sair andando.
- Aguenta firme! – pediu, antes de sair.
O socorrista chefe que havia atendido o senhor Jeon veio até Jungkook quinze minutos após Eunwoo sair. Passou a ele os nomes dos médicos que estavam disponíveis para executar a cirurgia de emergência e pediu que ele optasse por um deles. O rapaz pediu que o médico esperasse mais alguns minutos, pois ele estava aguardando a recomendação de um grande amigo. Fora sincero, não fazia ideia de qual profissional escolher.
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O Lupanar
Romance"Porque eu gostei de como você tem olhos grandes em formato de amêndoas. São diferentes dos que eu vejo todos os dias pelas ruas. Eu gosto do diferente. Ninguém até hoje escreveu um conto com um cara que tinha os mesmos olhos que você."