Capítulo IV - A Clientela

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Com o passar dos dias, Jungkook foi aprendendo o assunto que cada cliente gostava de conversar.

Para Mr Brown, tudo era política. Quem deixava o poder, quem poderia substituir e o que isso afetaria na economia, na decisão das coisas e mais um monte de problemas que ele adorava debater entre um drink e outro.

Já Mr Higgis e Mr Labeouf gostavam mesmo era de jogar cartas com as meninas. Era a diversão da noite, bater a mão na mesa e gritar um sonoro "truco".

Mr Hopps era um velho encorpado com barba e cabelos brancos. Tinha feição de papai Noel e favoritava Liana. Todas as noites que ele chegava, ela o recebia e convidava para tomar alguma coisa. Em seguida, os dois subiam para os quartos. O que faziam, Jungkook não precisava fazer.

As viúvas Olga Gregory e Antonella Servetti gostavam de fofocar e – pasme! – paquerar os outros clientes. Era como se o lupanar fosse uma espécie de clube de paquera para a terceira idade. Madame Verônica sabia das intenções das duas e achava, no mínimo, engraçado. Ambas haviam adotado Jungkook como um bibelô e ficavam horas contando para ele como seus maridos eram bobos e como amavam seus gatos de estimação. Olga era dona do Sansão, já Antonella tinha o Inácio. Chamá-las de "senhora" era o mesmo que ofender até a décima geração da família. O primeiro nome deveria ser usado sempre, seguido de um "você", de preferência.

A partir da terceira semana, as viúvas começaram a trazer mimos para Jungkook. Uma delas lhe deu um sobretudo de pele de urso, deixado pelo falecido marido. Segundo ela, o morto sequer havia colocado as mãos na bela peça de roupa quando vivo. O jovem coreano ficou em dúvida sobre aceitar os mimos, mas Madame lhe garantiu, no dia seguinte, que aceitar todos os presentes era algo importante, já que a maioria daquelas pessoas, apesar de ricas, possuíam uma carência absurda e se sentiam bem presenteando a quem lhes fazia bem.

Com o assunto resolvido, o rapaz passou a aceitar os mimos, com medo do que a mãe faria caso soubesse deles. Coube então a si guardar tudo na casa de Eunwoo, tanto as roupas, como relógios e sapatos que ganhava das viúvas. Até mesmo uma garrafa de bebida fora presenteada a si por Mr Brown, após uma aposta política de Jungkook ter sido concretizada. Mal sabia o homem que o rapaz não entendia absolutamente nada sobre o assunto e havia 'chutado' uma resposta qualquer.

Embora estranhasse o bom salário que o 'bico' nas docas resultava a Jungkook – cerca de dez libras por semana eram separados e entregues a ela – além do filho aparentar estar ganhando bastante peso desde que começara a jantar com os 'marinheiros', a senhora Jeon não o questionou em momento algum, já que com a ajuda extra, o marido já estava medicado e não sofria mais das dores diárias. Se mantendo bem quente em sua cama, o pai de família conseguia lidar com as costas ruins e até mesmo estava tomando banho e usando o banheiro sem precisar do auxílio dos familiares.

- Bendita hora que você conseguiu esse bico, filho! Eles pagam muito bem para as poucas horas que você trabalha por noite! – disse feliz – Além de quê, deve estar comendo bastante peixe, não é? Está encorpado!

Jungkook assentiu, gostando de ver o sorriso iluminado nos lábios do pai. Somente aquilo já valia a pena tudo que estava fazendo.

- Nem me fale, pai! As pessoas me tratam bem lá e sim, peixe todos os dias, fora algumas frituras e pão. Acabo comendo bem – mentiu, sem se sentir mal por isso. Afinal de contas, não era como se estivesse omitindo alguma coisa verdadeiramente séria.

- Que bom, filho! Me deixa muito feliz saber disso! – afirmou o pai.


Faltando apenas dois dias para que Jungkook tivesse sua virgindade leiloada, Kaya e Ingrid protagonizavam uma cacofonia insana na frente do novo funcionário.

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