Capítulo XV - Prova de fogo

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Quando o senhor e a senhora Jeon voltaram do hospital com o atestado de término do tratamento, Jungkook sabia que as coisas ficariam complicadas para o seu lado.

Nem bem deu o horário do jantar e o pai de família já começou seu discurso sobre a volta ao emprego no dia seguinte e o fato do filho poder largar seu 'bico' noturno, seguido da aprovação da esposa sobre o que havia acabado de dizer.

Jungkook tentou contra-argumentar, dizer que precisava do dinheiro extra para poder juntar para a faculdade, contudo, nem seu pai, tampouco sua mãe, aprovaram a ideia.

O patriarca ainda sugeriu que poderia arrumar um emprego na fábrica para o filho, no qual ele conseguiria um salário melhor do que com o açougueiro, embora sentisse pena de deixar Mr. Kim solitário em seu estabelecimento.

O garoto saiu da mesa derrotado. Sentiu até mesmo mágoa e raiva dos pais, coisa que jamais havia sentido em toda sua vida por seus familiares.

Foi se deitar sem falar com ninguém, realmente incomodado.

No dia seguinte, o pai acordou cedíssimo. O sol sequer havia nascido direito e o senhor Jeon já havia seguido seu rumo para a fábrica, feliz. A senhora Jeon e Jungkook acordavam mais tarde, já que trabalhavam em horário comercial.

A dupla sentou-se à mesa para comer um pedaço de pão caseiro e chá, sem se falar. A mãe notou que o filho não parecia querer puxar conversa, estranhando.

- Vai ficar tudo bem, filho. O appa e a eomma só pensam no seu bem. – garantiu, lhe dando uma carícia no rosto antes de se levantar.

Jungkook murmurou um "ok", só para não a deixar falando sozinha.

Poucos minutos depois, ambos foram escovar os dentes e sairam para trabalhar.

O filho mais velho dos Jeon dividiu suas inseguranças com Tony na noite de quinta-feira, sendo incentivado a ser honesto com os pais. Obviamente que o conselho foi prontamente descartado.

Trabalhar no lupanar de Madame Verônica ia muito além de ter um emprego com um bom salário. Era um lugar onde as pessoas esqueciam suas tristezas e se divertiam. Até mesmo o próprio Jungkook se esquecia de seus problemas e sentia-se alguém diferente naquele ambiente.

Lá havia barulho, danças, conversas dos mais variados temas, velhotas gentis o mimando e dançando ao som do rockabilly. Às vezes aconteciam os jogos de carta, rodas de piadas e muita diversão.

Isso sem contar Jimin, que o tirara do marasmo e conformismo da vida, lhe incentivando a ler, a conhecer o cinema, música, além de ter conversas profundas regadas de beijos. O sexo era um bônus à parte. Bom demais para mensurar.

Já havia aceitado que estava terrivelmente apaixonado pelo garoto fada e que não tinha esperanças de conseguir tirá-lo de sua mente um dia. Ninguém no mundo conseguiria chamar sua atenção como ele havia lhe chamado. Ninguém era tão peculiar, tão sofisticado, tão humano.

Jungkook contou os dias até o domingo chegar. E assim que sentiu o perfume delicado preencher o ambiente, soube que sua fada havia chegado.

Deixou de lado o rosto preocupado, botando um sorriso nos lábios assim que o viu se aproximar feito uma criança empolgada.

Aquela empolgação já durava 7 meses.

Viam-se todos os domingos, fora as conversas por telefone, que passaram a ter todos os dias desde o último mês. O mais velho gastara 20 libras em fichas telefônicas para poder passar horas pendurado no telefone público na companhia da voz de Jimin.

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