Quando o senhor e a senhora Jeon voltaram do hospital com o atestado de término do tratamento, Jungkook sabia que as coisas ficariam complicadas para o seu lado.
Nem bem deu o horário do jantar e o pai de família já começou seu discurso sobre a volta ao emprego no dia seguinte e o fato do filho poder largar seu 'bico' noturno, seguido da aprovação da esposa sobre o que havia acabado de dizer.
Jungkook tentou contra-argumentar, dizer que precisava do dinheiro extra para poder juntar para a faculdade, contudo, nem seu pai, tampouco sua mãe, aprovaram a ideia.
O patriarca ainda sugeriu que poderia arrumar um emprego na fábrica para o filho, no qual ele conseguiria um salário melhor do que com o açougueiro, embora sentisse pena de deixar Mr. Kim solitário em seu estabelecimento.
O garoto saiu da mesa derrotado. Sentiu até mesmo mágoa e raiva dos pais, coisa que jamais havia sentido em toda sua vida por seus familiares.
Foi se deitar sem falar com ninguém, realmente incomodado.
No dia seguinte, o pai acordou cedíssimo. O sol sequer havia nascido direito e o senhor Jeon já havia seguido seu rumo para a fábrica, feliz. A senhora Jeon e Jungkook acordavam mais tarde, já que trabalhavam em horário comercial.
A dupla sentou-se à mesa para comer um pedaço de pão caseiro e chá, sem se falar. A mãe notou que o filho não parecia querer puxar conversa, estranhando.
- Vai ficar tudo bem, filho. O appa e a eomma só pensam no seu bem. – garantiu, lhe dando uma carícia no rosto antes de se levantar.
Jungkook murmurou um "ok", só para não a deixar falando sozinha.
Poucos minutos depois, ambos foram escovar os dentes e sairam para trabalhar.
O filho mais velho dos Jeon dividiu suas inseguranças com Tony na noite de quinta-feira, sendo incentivado a ser honesto com os pais. Obviamente que o conselho foi prontamente descartado.
Trabalhar no lupanar de Madame Verônica ia muito além de ter um emprego com um bom salário. Era um lugar onde as pessoas esqueciam suas tristezas e se divertiam. Até mesmo o próprio Jungkook se esquecia de seus problemas e sentia-se alguém diferente naquele ambiente.
Lá havia barulho, danças, conversas dos mais variados temas, velhotas gentis o mimando e dançando ao som do rockabilly. Às vezes aconteciam os jogos de carta, rodas de piadas e muita diversão.
Isso sem contar Jimin, que o tirara do marasmo e conformismo da vida, lhe incentivando a ler, a conhecer o cinema, música, além de ter conversas profundas regadas de beijos. O sexo era um bônus à parte. Bom demais para mensurar.
Já havia aceitado que estava terrivelmente apaixonado pelo garoto fada e que não tinha esperanças de conseguir tirá-lo de sua mente um dia. Ninguém no mundo conseguiria chamar sua atenção como ele havia lhe chamado. Ninguém era tão peculiar, tão sofisticado, tão humano.
Jungkook contou os dias até o domingo chegar. E assim que sentiu o perfume delicado preencher o ambiente, soube que sua fada havia chegado.
Deixou de lado o rosto preocupado, botando um sorriso nos lábios assim que o viu se aproximar feito uma criança empolgada.
Aquela empolgação já durava 7 meses.
Viam-se todos os domingos, fora as conversas por telefone, que passaram a ter todos os dias desde o último mês. O mais velho gastara 20 libras em fichas telefônicas para poder passar horas pendurado no telefone público na companhia da voz de Jimin.
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O Lupanar
Romansa"Porque eu gostei de como você tem olhos grandes em formato de amêndoas. São diferentes dos que eu vejo todos os dias pelas ruas. Eu gosto do diferente. Ninguém até hoje escreveu um conto com um cara que tinha os mesmos olhos que você."