Capítulo VII - Martini

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Na quinta-feira seguinte, o movimento do lupanar estava baixo, graças a uma chuva gelada que caía torrencialmente por Londres. A senhora Jeon estranhou que Jungkook tivesse que trabalhar debaixo de chuva, mas não ficou questionando o filho. Devia muito a ele, por tudo o que estava fazendo pela família. Trabalhava até aos domingos! Não tinha momento algum para descansar! Nenhum dia livre! Era responsável o bastante para não merecer lidar uma mãe desconfiada em suas costas.

- E aí, sua rainha só te visita aos domingos, né? – Tony puxou assunto, vendo o amigo calado em um canto – Você tem sorte do pessoal não ter querido sexo com você. Normalmente os ricos gostam de certa exclusividade, sabe? – comentou.

- Entendo. É tipo um compromisso que não é compromisso. – explicou, observando o barman.

- Por exemplo, observe aquele moço bem-apessoado entrando. – indicou.

Jungkook observou o tal rapaz, o medindo de cima abaixo. Era loiro, alto, tinha olhos claros e pequenos, além de um nariz bem afilado.

- Ele se chama David Dashkov e está apaixonado por Elizabeth, a Lizzy. – explicou – Ele frequenta o Lupanar há mais de um ano.

O jovem coreano franziu o cenho.

- Mas Madame me disse que não devemos nos envolver com os clientes. Que devemos ser profissionais quanto a isso. – murmurou.

- Sim, ela está correta. Mas tem como a gente mandar no coração? – perguntou, enquanto enxugava um copo.

Jungkook deu de ombros, pensativo.

- Ele vai tirar a Lizzy daqui a qualquer momento. Ele é filho de um empresário francês. Estava estudando na Inglaterra e se formou agora. Provavelmente vai arrumar um emprego aqui mesmo, em uma das filiais do pai, e irá se com Lizzy. Não precisa apresentá-la à família como uma ex-prostituta, afinal de contas, os pais dele são franceses. Não tem quem diga a eles o contrário.

- E a Madame sabe disso? Que ela planeja ir embora? – perguntou, observando o abraço que Lizzy trocava com David. Os dois se olhavam com devoção e formavam um belo casal, diga-se de passagem.

- Sabe e não sabe. Fica aquela coisa velada. Ela faz uma ideia, mas Lizzy nunca comentou o que fosse. Nem para mim. Mas é o tipo da coisa que você observa e prevê que vá acontecer.

Jungkook assentiu, voltando-se a ele mais uma vez.

- Já aconteceu alguma vez, Tony?

- Já, no antigo Lupanar de Madame Helena. Eu trabalhava lá. Ela encorajava as meninas a se arrumarem na vida e aproveitarem as oportunidades. Era uma mãezona. – disse saudoso.

- E por que veio trabalhar aqui? – questionou, curioso.

- Porque o Lupanar da Madame Helena fechou.

O mais novo abaixou o rosto, observando os próprios calçados. Estava cogitando a possibilidade de sondar Tony sobre o passado de Madame Verônica quando ouviu os guinchos felizes de Antonella e Olga. As duas amigas se aproximavam dele, felizes. Estavam com vestidos cheios de babados e ombros de fora por baixo dos pesados casacos de pele.

- Vamos JK! Vamos subir! Trouxemos um vinil de tango maravilhoso e queremos dançar com você! – Olga avisou, enquanto Antonella ia acertar o valor com Madame Verônica.

O rapaz sorriu animado, dando o braço para a viúva, antes de ir até Antonella, com o outro braço arqueado. Pegou as duas e subiu as escadas, bem-disposto.

No sábado seguinte, a senhora Jeon e o filho mais velho sentaram à mesa enquanto o senhor Jeon dormia no quarto. Apanharam suas economias todas e foram contar. Faltava pouco para que o pai de família pudesse ser operado. O remédio ajudava com as dores, mas o nervo estava cada vez mais gasto. Se não houvesse a intervenção cirúrgica, ele poderia perder os movimentos de uma das pernas. Era uma necessidade urgente.

O LupanarOnde histórias criam vida. Descubra agora