trinta e cinco

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Giovanna ficou entre as pernas de Alexandre, meio inclinada  a direção dele. Enquanto Alexandre se sentia meio estranho sem saber onde apoiava as mãos.

A maleta de primeiros-socorros estava nas mãos da morena, enquanto ela pegava o que precisava para limpar os machucados do jogador.

— Tu tem muita coisa aqui. — Ela murmurou, vasculhando a maleta.

Ele riu fraco, observando ela.

Giovanna apoiou a maleta na cama, espirrando um pouco do spray no algodão.

Alexandre tinha banhado assim que eles haviam chegado no apartamento, então, ela apenas faria curativos onde precisava e higienizaria os machucados.

Ela segurou o rosto de Alexandre com uma mão e com a outra passava o algodão com cuidado.

Com o contato, Alexandre afastou um pouco a cabeça.

— Fica quieto. — Ela pediu e ele fez careta.

— Tá ardendo.

— É óbvio, mas já passa. — Ela murmurou, focada em limpar um pouco acima a bochecha dele, o fazendo fechar os olhos.— Tu não devia ter batido nele.. — Ela comentou.

Alexandre abriu os olhos, a encarando.

— Quer dizer, ele mereceu, mas nada se resolve com violência. — Ela explicou, se afastando para ver se tinha limpado todos os ferimentos.

— Ele estava te machucando, Giovanna. — Alexandre disse e ela se inclinou para pegar a pomada. — E eu estava sem paciência com ele fazia tempo.

Giovanna suspirou e não respondeu.

Alexandre não quis continuar o assunto, se concentrando em observar Giovanna.

Alexandre comprimiu os lábios, vendo a morena tão centrada em cuidar dele. Em sua boca, havia um semi biquinho provando isso. Enquanto os olhos dela estavam também semicerrado.

O jogador sentiu seu coração bater mais forte vendo-a tão de perto. Fazia poucas semanas que eles estavam separados mas parecia como meses, e tê-la tão próxima estava o deixando ansioso.

— Você é linda. — Ele murmurou, do nada.

Giovanna inclinou seu tronco para trás, encarando ele.

— Obrigada..— Ela respondeu receosa.

Eles voltaram a ficar em silêncio, e a morena não tardou em terminar de passar pomada nos machucados, se afastando logo dele.

— Prontinho. — Ela disse e fechou a maleta, a levando para o banheiro novamente e aproveitou para lavar as mãos.

— Vou pedir a pizza. Se quiser, pode tomar banho. — Alexandre disse e alcançou o celular no móvel ao lado da cama.

— Não precisa. — Ela respondeu. — Eu como e já vou para casa, não se preocupa.

Alexandre se virando a encarou, sem entender.

— Achei que estávamos bem. — Ele falou e ela assentiu.

— Estamos, ué. — Ela respondeu. — Mas até onde eu sei, não somos mais namorados e não tem motivos para eu dormir aqui mais.

Giovanna se explicou e Alexandre apenas balançou a cabeça, saindo do quarto.

A morena suspirou, e passou a mão no rosto.

Ela não demorou para ir atrás de Alexandre, que estava andando pela sala com o celular na orelha.

— Isso.. Sem cebola, por favor. — Ele coçou a cabeça. — Pode ser suco. Sim, de laranja.

Giovanna se sentou no sofá, cruzando as pernas, esperando o jogador.

— Vou ajeitar algumas coisas na cozinha. — Ele avisou, deixando o celular apoiado ao lado dela.

A morena assentiu, ligando a TV.

Um tempo considerável se passou, e Giovanna se irritou com a demora de Alexandre.

— Tu vai morar aqui na cozinha? — Ela perguntou, entrando no cômodo com as mãos na cintura.

Alexandre, que terminava de arrumar a mesa para eles jantarem, encarou a moça.

— Deixei esse lugar uma zona antes de sair hoje. — Ele disse. — E agora estou arrumando a mesa para jantarmos. — Se explicou.

Ela assentiu, o observando.

— Hm, você ficou bravo pelo o que eu disse no quarto? Do banho.. — Ela perguntou e Alexandre negou.

— Não. Você tem razão. — Ele deu de ombros. — Não somos mais namorados.

Eles se encararam por breves segundos.

— Eu não queria que fosse assim, Ale. — Giovanna suspirou. — Mas é assim que é. Começamos de trás pra frente e obviamente erramos o caminho. — Ela disse, se aproximando dele.

— Mas nós já resolvemos isso, pô. — Ele cruzou os braços. — Nos desculpamos um com outro e fomos sinceros, pronto.

Giovanna deitou a cabeça, e ele ficou mais próximo dela.

— Gio, foi insuportável ficar sem você e dias. E te ter aqui no apartamento me faz sentir em casa, me sentir bem, tendeu? Eu quero estar e quero que você queira estar comigo. — Ele descruzou os braços e passou a mão no cabelo. — Pode parecer precipitado, por que acabamos de nos resolver, mas eu acredito que certas coisas são sobre conexão e não tempo, e eu acho que nós somos assim. — Alexandre passou a mão nas costas da morena, a fazendo acabar com qualquer distância que tinha entre eles. — Se você também quiser, a gente faz isso dar certo. Recomeçamos, fazemos de outra forma. Qualquer coisa que você quiser.

Giovanna sorriu, sentindo seus olhos lagrimejarem.

— O que foi? Eu falei algo de errado? —Alexandre perguntou ao ver os olhos da morena marejados.

— Não!— Ela balançou a cabeça rindo, e levantou o rosto para não deixar nenhuma lágrima cair. — Tu disse coisas lindas. — Ela sorriu. — Eu achei que você iria querer, sei lá, distância de mim.

Alexandre juntou as sobrancelhas.

— Tá doida?

A morena deu de ombros.

— Mas que bom que pensamos igual. — Ela passou a mão pelo braço dele, sem encará-lo. — Por que eu também quero estar contigo.

Alexandre sorriu, segurando o rosto dela com as duas mãos.

— Então, eu posso te contar um segredo? — Ele sussurrou contra a boca dela. Giovanna assentiu.

— Pode. — Ainda segurando

— Eu te amo.

Giovanna estava com a boca entreaberta, se perguntando mentalmente se havia escutado certo.

Alexandre riu da reação dela, e voltou a falar.

— Eu acho que sinto isso faz muito tempo, na verdade. — Ele continuou. — E é também por esse motivo que eu quero que a gente volte, que sejamos apenas Ale e Gio de novo.

Giovanna sorriu, colando seus lábios aos dele.

Ela estava com saudades daquilo. Saudades dele, do gosto dele. De tudo que envolvia aquele homem.

Ao se separar, encarou ele meio anestesiada.

— Tu não tá brincando com a minha cara, né? Por que se tiver, Alexandre, eu juro que te mato! — Ela disse, sem conseguir conter o sorriso.

— Não tô, juro! — Ele riu.

Ela o abraçou.

O contato foi interrompido pela campainha tocando.

— Bosta. — Alexandre resmungou, sem querer se afastar da morena. — Eu já volto. — Ele disse e beijou a boca dela rapidamente.

E Giovanna ficou parada no meio da cozinha dele, sem entender muito bem o que havia acontecido e se realmente havia acontecido ou era apenas um delírio seu.

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