Sunghoon tentou cinco vezes. A primeira foi quando era só um menino.
Ele devia ter uns sete anos e viu na televisão que mamãe não podia apanhar, que era um crime muito ruim e que existia um número para que os policiais viessem ajudar. E um dia, enquanto Sangah estava lavando louça e o padrasto estava para chegar do trabalho, ele ligou pra aquele número.
Ele era inocente, apenas uma criança, então não calculou as consequências que aquela ligação poderia causar. Minutos depois, a polícia chegou junto com o padrasto. Os policiais conversaram no portão durante dez minutos e saíram de lá pedindo desculpas à Suho pelo inconveniente.
Quando ele entrou em casa, bateu em sua mãe de novo. Disse que ela havia tentado denunciá-lo e que não sabia cuidar direito do filho, mas ela não sabia que Sunghoon havia tentado ligar.
Depois, quando ele descarregou toda a raiva nela, a mulher o abraçou com força e perguntou porque ele havia ligado pra polícia.
"Não gosto de quando a mamãe apanha. É errado". Então Sangah chorou e agradeceu pela preocupação, disse que estava tudo bem e que ele não precisava mais ligar pra polícia. Então Sunghoon passou a infância toda assistindo todas as agressões, mas nunca mais tentou denunciar.
A segunda tentativa foi já na adolescência, quando o padrasto chegou em casa com um taco de baseball e ameaçou bater em Sangah com aquilo. Sunghoon entrou no meio e ligou pra polícia, que sequer deu sequência na ligação quando receberam o endereço e viram que se tratava de um dos diáconos da igreja.
Sangah e Sunghoon dormiram trancados no banheiro aquela noite, e no dia seguinte jogaram fora o taco de baseball. Quem apanhou naquele dia foi Sunghoon, que assumiu toda a culpa e engoliu a vontade de revidar, por que sabia que aquilo poderia se voltar contra a mãe.
Ele começou apanhar assim que entrou na puberdade. No começo eram só tapas e algumas agressões verbais, mas depois do evento do taco, as coisas só pioraram. Sunghoon faltava muito à escola, por que tinha medo de deixar a mãe sozinha com o padrasto e ele acabar batendo muito nela, e quando o homem notava suas faltas, ele apanhava muito forte com qualquer coisa que ele visse pela frente.
Não demorou até que ele revidasse e aquilo resultasse na terceira denúncia. Sunghoon viajou de ônibus até Mulbang-ul, mas os policiais disseram que não poderiam fazer nada além de abrir um B.O. e encaminhar a denúncia à polícia de sua cidade.
A justiça era um lixo, ele compreendeu. Especialmente em cidades religiosas, onde a fama de bom moço soa muito mais real do que ver e ouvir uma mulher ser agredida diariamente por um "homem de bem".
Mas existiu aquela vez. O dia da quarta tentativa. O mesmo dia no qual ele foi embora de casa definitivamente, se mudando para o lar universitário e compreendendo que agora não existiria mais ninguém naquela casa para defender a mãe.
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bring the heaven | jakehoon
Fanfiction/ concluída / jake sim era um bom garoto. Nascido e criado em um ambiente altamente religioso, ele havia desistido de sua liberdade quando percebeu que possuía pecados grandes demais para sua força de vontade. Por isso não seria surpresa que sungho...