Ele ainda demorou algum tempo até conseguir se mover. A barriga se revirava em um medo genuíno, porque ele sabia que o que tinha acontecido há algum tempo havia, sem querer, definido muitas coisas no relacionamento dos dois.
E ainda que ele dissesse que não se importava em ser deixado para trás, o amor que sentia pelos pais fazia com que tudo doesse muito. Todos os anos de julgamento da mãe haviam aberto um buraco enorme e ele não queria perder o pai também, embora sentisse que o havia perdido de qualquer forma.
Mas tê-lo ali era assustador porque talvez fosse a confirmação de tudo.
— Você vai falar com ele? — Seonghwa perguntou, olhando-o de forma preocupada. Jake apenas o olhou, os olhos brilhantes pelo choro que ele sabia que iria vir. — Você... quer que eu fique aqui? Por que eu posso.
— Não... — Ele negou, mas olhou o amigo de forma nervosa. O rosto de Seonghwa era preocupado, então ele segurou suas duas mãos e apertou. — Eu sabia que ia acontecer, mas estou com medo.
— Tudo bem ter medo. — Os polegares longos acariciaram as costas das mãos. — Você tem certeza que não quer que eu fique?
Jake o olhou.
— Tenho. — Assentiu, embora as mãos tremessem. O pai o havia encontrado com os olhos e ficou fixo onde os dois estavam. Sentia tanto medo... — Mas você pode ir comigo até lá fora?
Seonghwa riu a apertou as mãos dele com as suas.
— Quando você estiver pronto. — Assentiu.
Então Jake caminhou para fora dos dormitórios até que estivesse cara à cara com o homem mais velho. Muita coisa se passava por sua cabeça, e ele até mesmo repensou a ideia e quis pedir para que Seonghwa ficasse ali consigo.
Mas ele compreendia que aquele era um momento só dele e do pai.
Por isso, quando o amigo se despediu, deixando os dois sozinhos, Jake finalmente olhou o outro homem diretamente nos olhos. Ele provavelmente estava à alguns dias sem ir para nenhuma viagem, já que a barba estava feita, mas ele continuava o olhando da mesma forma preocupada e gentil de sempre.
— Oi, pai. — Disse, baixinho, os braços abraçando o próprio corpo enquanto ele tentava acalmar o nervosismo e o frio na barriga.
Ele acabava ficando bastante na defensiva sempre que se sentia daquele jeito, mas não queria de jeito nenhum acabar soando desrespeitoso com o pai só por que estava morrendo de medo. Ele sabia que aquela seria uma conversa importante e ele queria se mostrar totalmente disposto a tê-la, ainda que tremesse inteiro.
O homem sorriu, mas parecia nervoso também. As mãos nos bolsos tornavam tudo ainda mais tenso.
— Filho. — Ele acenou levemente com a cabeça. Ouvir-se ser chamado "filho" de filho o fez ter vontade de chorar. — Eu queria... conversar com você.
— Ah... — Ele assentiu. — Aconteceu alguma coisa? Você quer ir para outro lugar?
— Eu acho que nós poderíamos sentar. — Disse, então coçou a nuca. — Sabe... para... ficarmos mais confortáveis. Eu acho.
E foi desse jeito que eles terminaram sentados na cama do dormitório de Jake. Ele perderia a primeira aula, mas sequer se importava de verdade com aquilo enquanto ambos estavam parados na mesma posição à quase cinco minutos.
As mãos estavam suando e aquela era a terceira vez que Jake as enxugava nas calças. Havia até se esquecido de oferecer um café.
— Pai...
— Jake...
Eles se encararam. O mais novo se remexeu de forma inquieta e segurou uma mão na outra mais uma vez.
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bring the heaven | jakehoon
Fanfic/ concluída / jake sim era um bom garoto. Nascido e criado em um ambiente altamente religioso, ele havia desistido de sua liberdade quando percebeu que possuía pecados grandes demais para sua força de vontade. Por isso não seria surpresa que sungho...