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Naquela terça-feira, Jake foi à terapia mais uma vez. Ele tinha muitas coisas para contar e quanto mais as semanas progrediam, mais ele se sentia confortável em dizer tudo à Jihyo. Era extremamente novo para si querer falar sobre as coisas, sentir vontade de se abrir para alguém daquela forma, uma vez que sempre havia sido obrigado, para em seguia ser humilhado por ser sincero.

Entretanto, a aspirante á psicóloga era uma pessoa facilmente confiável e naquela sessão ele havia contado sobre Sunghoon e como as coisas vinham evoluindo, contou sobre sua paixão (aparentemente platônica) e explicou como vinha lidando com a mãe que fechava o cerco para cima de si com mais força a cada dia.

Jihyo, que era sempre muito tranquila e sorria com facilidade, estava séria e lhe fez a pergunta que martelaria durante algum tempo.

— Você trouxe muitas ideias de outras pessoas para a sessão, Jake. Disse o que sua mãe acha, o que o Sunghoon pensa, você citou até mesmo as ideias do padre, mas raramente traz para cá algo que seja seu. Eu queria que você pensasse até que ponto essas coisas que te machucam são suas e quando elas se tornam pensamentos puramente externos, tá bom?

Jake deixou a sala da futura psicóloga, se despedindo brevemente enquanto refletia sobre tudo o que havia acontecido e o que ela havia elencado durante a aquela hora. Quando voltou à pisar no campus, ele enviou uma mensagem para Sunghoon, avisando que já havia deixado a sessão, e também uma pra Soojin, questionando se ela tinha terminado de estudar para irem embora.

A melhor amiga avisou que ainda demorariam alguns minutos e ele optou por caminhar de volta até o refeitório para comer algo e passar o tempo, mas no meio do caminho algo lhe chamou atenção.

Jay estava sentado em um canto afastado do refeitório. Era estranho vê-lo ali, uma vez que ele sempre o via entrando no carro e indo embora logo depois do sinal de fim de período tocar. Ele parecia cabisbaixo, brincava bobamente com um guardanapo e não tinha os olhos fixos em nada especial; movido por algo que ele não sabia muito bem o que era, Jake se sentou logo a frente dele, roubando a atenção dos olhos perdidos.

— Perdeu a carona? — Jay sorriu de um jeito bonito, embora parecesse forçado, então negou.

— Na verdade eu recusei as caronas de hoje.

— Tinha algum compromisso aqui no campus? — Jay negou mais uma vez, prendendo os olhos no guardanapo.

Aquilo, por si só já diria a Jake que o Jay não queria papo, muito provavelmente queria ficar sozinho e por isso havia evitado voltar para a república. Além do mais, eles sequer eram próximos de verdade e não existiam muitos motivos para que conversassem.

Mas era por isso que Jake acreditava em planos divinos.

— Eu percebi que você está meio para baixo e depois de tanto tempo deu para ver que você não é o tipo de cara que gosta de ficar sozinho, então... Aconteceu alguma coisa? Você... quer conversar? — Os olhos de Jay subiram para o Sim mais uma vez. Eles eram perdidos e tão cansados quanto Jake imaginou que estivessem.

O loiro lambeu a boca e começou à falar.

— Ultimamente eu venho pensando..., sabe, sobre a pessoa que eu sou. — sorriu fraco. — Eu me desculpei com o Heeseung ontem e nós acabamos conversando muito depois disso, eu também falei com o Jungwon há algumas semanas... e todos eles me disseram a mesma coisa. Eu venho pensando sobre que tipo de relacionamento eu tenho com as pessoas que eu amo, e até que ponto eu as machuco consciente e inconscientemente por não saber direito administrar o que eu sinto.

— Quando você diz que não sabe administrar seus sentimentos você se refere ao quê, exatamente? — Perguntou, pois haviam muitas questões que envolviam a fala do mais velho e ele precisaria entendê-las se quisesse ajudar.

bring the heaven | jakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora