Urubus Vermelhos

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Annabeth Chase

Senti a consciência retornar a mim e com paciência mantive meus olhos fechados, as últimas lembranças que tinha me vinheram a mente e eu temia que quando abrisse os olhos tivesse denovo naquela cela ou em um local pior. Comecei a tomar consciência sobre meu corpo, com surpresa percebi que eu não estava em um local duro, mas sim em algo macio e quente.

Abri os olhos me deparando com o teto do que parecia ser uma caverna. Um cheiro de comida invadiu meu nariz e senti minha barriga roncar, apoiei minhas mãos no local em que estava e fiz força para sentar, percebendo com felicidade que as dores não se faziam mais presentes. Olhei para meu corpo e todos os arranhões pareciam estar curados.

- Olha só quem acordou. - Meus olhos de fixaram no dono da voz. Ele ostentava um sorriso caloroso e em suas mãos trazia um prato e uma colher que pareciam ter sido feita de ossos.

- Que lugar é esse? - Perguntei olhando em volta. O lugar era uma caverna de tamanho médio, parecia ter sido ocupada por alguém porque havia alguns móveis bem rústicos adornando o local.

De onde o garoto tinha vindo, tinha uma pequena fogueira acessa e um grande caldeirão de ferro já negro em cima. A cama em que eu estava era enorme, o meu corpo não ocupava nem metade da sua extensão, parecia ser feita com a pelugem de alguma animal que eu não conseguia identificar, mas era bem macia.

- É a antiga casa de um amigo meu. - O moreno me entregou o prato. Examinei aquilo com desconfiança, apesar do cheiro ser maravilhoso pensei em recusar, mas minha barriga pareceu protestar sobre a minha decisão. - É sopa de galinha, minha mãe disse que faz milagres.

- Por que eu deveria confiar em você? - Talvez tenha sido uma pergunta idiota considerando que ele tinha me salvado. Ele revirou os olhos provavelmente pensando no mesmo que eu.

- Acho que se eu fosse te fazer mal, eu teria feito enquanto estava fraca e não depois de ter te dado todo meu estoque de Néctar e Ambrosia. - Ele disse em um tom sarcástico. Mordi o lábio pois ele tinha um ponto e coloquei a primeira colher na boca. Soltei um vergonhoso gemido de satisfação, pois aquilo estava delicioso. Vi o garoto sorrir, mas não falou nada apenas se afastou indo se servir.

- Onde estamos? - Perguntei quando finalizei de comer o meu segundo prato. Refletindo se deveria partir para uma terceira rodada.

- Hum, literalmente no fundo do poço, mais conhecido como Tártaro. - Ele disse como se tivéssemos em um bairro qualquer de um subúrbio. Um arrepio percorreu minha espinha ao constatar que eu estava certa o tempo todo. - Não se preocupe, Chase, não vamos ficar tanto tempo assim.

- Por que você veio me salvar?

- Sua mãe pediu. - Ele disse simplista.

- E você só aceitou se jogar no lugar mais inóspito do mundo grego? - Levantei minha sombrancelha para ele.

- Eu gosto de passear, sabe? - Ele disse. - A agência de turismo me recomendou essa viagem, disseram que é a melhor época do ano.

- Você é sempre tão sarcástico assim? - Lhe lancei um olhar irritado.

- É o meu charme. - Ele piscou para mim. Acho que ser um convencido esta no sangue dos filhos de Poseidon, nunca vivi tempo o suficiente com o Deus do mar para ver se ele era igual. Segundo minha mãe, com certeza.

- Como vamos sair daqui ? - Perguntei me levantando e deixando o prato em cima de um balcão de pedras. - Pelas portas da morte?

- Não. - Ele disse organizando sua mochila. - Para as portas da morte funcionar teria que duas pessoas pressionarem o botão ao mesmo tempo e acho que não vamos conseguir alguém aqui embaixo que faça esse favor por nós.

Entre Luz E TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora