Casamento Sangrento

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Héstia

Abri os olhos me acostumando com a pouca luz do sol que entrava pela fresta de uma janela entre aberta, olhei ao redor me deparando com um cômodo diferente dos últimos dias. O lugar era menor, mas mantinha o estilo de paredes feitas de tijolos.

Aos poucos fui tomando consciência sobre meu corpo, o que fez fazer uma careta de dor e tive que segurar as lágrimas. Olhei para baixo percebendo que meu corpo nu estava mergulhado na água de uma banheira e com horror imaginei o que pudesse ter ocorrido no meio tempo em que fiquei desacordada.

Firmei minhas mãos na borda da banheira e fiz esforço para me impulsar para cima, soltando um grito de dor ao tentar. Voltei ao me encostar na banheira, lágrimas saíram de meus olhos sem que dessa vez eu pudesse conter. Eu me sentia suja, derrota e humilhada. Nunca tinha me sentindo assim em toda a minha existência, nem quando Zeus tentou algo comigo muitos milênios atrás.

Deixei as lágrimas rolarem livremente, minha forma infantil dessa vez não fazia diferença para os meus algozes e eu simplesmente não tinha mais forças para lutar e talvez nem quisesse ter. Talvez se eu simplesmente me render a Porfírio, ele pare de me torturar e no futuro quem sabe eu conseguisse escapar.

A porta do aparente banheiro se abriu, dando visão para uma bela moça de cabelos castanhos escuros. Ela vestia um uniforme de emprega e em suas mãos trazia toalhas brancas. Seu olhar se focou em mim e ela arregalou levemente os olhos, que esbanjam culpa.

- Oh, você acordou minha senhora. - Ela disse fechando a porta e se aproximando rapidamente. - Perdão por não estar aqui, eu esqueci as toalhas e tive que ir buscá-las. Eu sei que sou burra, por favor não me castigue.

A olhei incrédula, eu definitivamente não estava na posição de castigar alguém, não que eu quisesse obviamente. Avaliei a garota em silêncio, em parte porque falar era um grande esforço para mim.

- Não irei castiga-la. - Disse em voz baixa. - Você poderia me explicar o porquê estou aqui?

- Mestre Porfirio me incumbiu de arruma-la para a cerimônia, ele mandou que eu a abrigasse a ficar na forma adulta, mas eu jamais a machucaria, minha senhora. - Ela falou se sentando em um banquinho de madeira ao lado da banheira. Pisquei os olhos aturdida com as informações, hoje era o dia do casamento. O que quer dizer que fazia quase uma semana que eu estava nesse inferno, minha esperanças de que Percy e Ártemis pudessem me encontrar estava quase nulas.

- Se... se você não conseguir que eu assuma minha forma adulta, o que irá acontecer com você? - Questionei o mais alto que pude. A garota mordeu o lábio inferior e vi que suas mãos ficaram um pouco trêmulas.

- Mestre Porfírio irá me castigar, como sempre. - Ela disse desviando o olhar para o chão.

- O que você faz aqui? Por que não vai embora se és tão maltratada?

- Eu não posso, minha senhora. - Disse agora com tristeza. - Minha mãe me entregou a ele em oferenda, se eu fugir ele vai me encontrar pois estou ligada a ele.

- Eu sinto muito. - Disse em você baixa. A garota me lançou um sorriso triste.

- Eu também sinto pela senhora. - Não respondi. Apenas permiti que ela fizesse seu trabalho, depois ela me guiou para fora do cômodo.

Paramos em um quarto escuro, possuía uma cama velha de madeira que parecia ter sido usada recentemente, um arrepio me percorreu a espinha ao pensar que poderia ter sido por mim. Mas eu não sentia nada de diferente nas minhas partes íntimas. Também tinha um grande guarda-roupa de madeira escura, onde algumas portas estavam quase caindo.

A garota me deixou sentada em uma cadeira de frente para um espelho e se adiantou em direção ao guarda-roupa. Me observei no espelho, meus cortes estavam praticamente cicatrizados, com exceção de onde ficava as correntes que me prendiam. Agora eu estava liberta, mas não tinha forças o suficiente para me levantar, quem dirá me teletransportar.

Entre Luz E TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora