Onde estou?

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Annabeth Chase

Abri os olhos devagar me acostumando a escuridão do local, respirei fundo me arrependendo amargamente logo em seguida pois fui atingido por um fedor horrendo. Senti o chão duro e gelado embaixo de mim e minhas costas nas paredes também gélidas.

Estreitei os olhos tentando visualizar o lugar em que estava, parecia uma pequena cela de três metros quadrados, as paredes eram feitos de tijolos de algum material escuro o que piorava a visibilidade do local. A única luz vinha de uma tocha que estava cravada na parede da cela em frente, que era igual a que eu estava.

Tentei mover a minha perna esquerda, mas com pesar lembrei que estava presa a uma corrente feita de ferro estigio que me prendia a parede. O que tornava o meu movimento bem limitado. Suspirei encostando minha cabeça na parede, minhas costas estavam doendo, assim com alguns arranhões das minhas pernas e braços que insistiam em não cicatrizar, o que fazia uma leve trilha de icor descer.

Ouvi passos no corredor, uma sombra se fez presente na grade da minha cela. Ela foi aumentando até que uma figura de pele verde apareceu, ele tinha olhos vermelhos e uma enorme corcunda. Seus olhos me encaravam famintos e um sorriso de dentes pontudos era dirigido a mim. Vestia uma espécie de bata feita de couro e em suas mãos trazia uma pequena bacia com algo verde escuro dentro.

- Olha se não é a heroína do Olimpo. - Ouvi sua voz aguda, ele deu risada diabólica. - Finalmente acordou, o mestre vai gostar de saber. Ele mandou isso aqui, afinal ele quer você bem viva para mais tarde.

Ele jogou aquela bacia por entre as grades, ela deslizou até próximo do meu pé. O olhei com nojo, tentando manter a postura. Apesar de sentir um leve pânico tentando tomar conta da situação e do meu corpo, trazendo a tona uma sensação que eu não tinha a muito tempo.

- Não seja orgulhosa, deusa. - Ouvi sua voz novamente. - Isso não vai te ajudar em nada aqui embaixo.

Ele saiu com passos pesados retornando de onde tinha vindo, peguei a bacia, tentando controlar o tremor em minhas mãos. Observei aquela substância que parecia ter cheiro de vômito, joguei o prato para longe dando um suspiro cansado.
Pisquei os olhos tentando conter as lágrimas enquanto me recordava de como tinha parado ali.

Cinco dias atrás Quiron, um dos poucos que falavam comigo no acampamento meio-sangue, pediu que eu ajudasse um semi deus que estava em apuros na Costa Oeste dos Estados Unidos. Ele tinha recebido essa informação de um sátiro que estava ocupado com outro semi deus para ajudá-lo.

Como os outros deuses menores, pareciam ter esquecido de como era passar por aquilo, eu era a única que me disponha a socorrer os semi deuses. O que não violava as regras já que eu fui transformada em deusa após essas leis terem sido criadas, alguns anos atrás logo após a guerra de Gaia. Assim como os outros sete da profecia, além de Nico e Reyna, pois tinham sido considerados importantes na batalha.

Os Olimpianos venderam a imortalidade como um grande presente por todos os nossos feitos, mas na prática aquilo tinha sido por pura estratégia. Eles temiam que outra guerra ocorresse e como não queria participar ativamente na vida dos semi deuses tinham nos encarregado de administrar os dois acampamentos, éramos responsáveis por treinar e doutrinar os semi deuses para que não se revoltassem com seus pais.

No início eu tinha adorado a ideia, afinal eu fui nomeada deusa menor da arquitetura, isso não estava nem nos meus maiores sonhos. Teria amigos para o resto da eternidade e não menos importante, teria ao meu lado o amor da minha vida. Como fui ingênua em acreditar que teria um final feliz, isso não existia no mundo real, apenas nas historinhas infantis ou filmes da Disney.

Mas voltando a missão. Eu tinha aceitado prontamente, afinal aquela era uma semana de confraternização entre os acampamentos, o que queria dizer que todos os deuses menores mais novos estariam lá, o que incluía ele. Encarei a missão como uma ajuda das Fates, dei um sorriso amargo ao pensar isso, como fui tola. Elas nunca me ajudaram, na verdade, acho que elas tinham prazer em me torturar. Me perguntava se tinha feito algo para ofende-las em algum momento da minha existência.

Entre Luz E TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora