20. Gostos

10 2 0
                                    

  Sabe, sempre fui a pessoa que diz: "existe gosto pra tudo", mas acho que nunca parei pra pensar quais seriam os meus gostos, principalmente quando o assunto são relacionamentos.

  Desde o início da minha pré adolescência fui a pessoa que se encanta fácil por coisas simples como modo de tratar, aparência, forma de falar e até mesmo de olhar. Não é atoa que tive tantos crushs de meus 11 a 14 anos.

  Fui acostumada a ser tratada de um jeito mais seco, por assim dizer, por conta de minha personalidade horrível quando nova - eu era a mandona sabe tudo que não sabia ser engraçada, se irritava fácil e não sabia lidar com as próprias emoções, por isso passava a maior parte do tempo sozinha -, com isso, sempre que algum garoto me tratava de uma forma relativamente normal, apenas querendo me tirar da bolha que eu mesmo criei duas coisas aconteciam: eu me encantava por ele, e então fazia de tudo para que ele ficasse longe de mim, na base da agressão.

  Com o passar do tempo minha mentalidade foi mudando, mas ainda assim nunca tinha realmente pensado sobre o que eu desejava em um relacionamento.

  Por isso mesmo eu aceitava qualquer coisa que lia em livros ou via em filmes/séries/animes, tudo que fosse listado como romance entrava na minha lista de "eu quero viver isso".

  Convenhamos, isso foi uma decisão ridícula.

  Tão ridícula que hoje, na escola, enquanto lia um hot de um e-book, percebi que algumas coisas que a poucos meses eu julgava gostar por serem supostamente românticas na verdade não nada haver comigo.

  Xingar, enforcar e bater.

  Na minha tola cabecinha sem opinião isso era romântico porque estava nos livros, e pode até ser pra algumas pessoas já que estamos falando de hot's, mas olhando bem, isso não absolutamente nada haver comigo.

  Acho que na verdade eu não procuro algo tão.. carnal e intenso, pelos menos não intenso dessa forma.

  Não me vejo fazendo algo nesse nível com alguém e gostando, esse não é o meu forte, acho que prefiro algo mais simples e até fofo.

  Nunca gostei de coisas extravagantes, mas admito que algumas me chamam a atenção.

  Talvez o que eu realmente queira seja alguém com quem compartilhar momentos ridículos e constrangedores, ter conversas profundas sobre sentimentos e sonhos, ou sobre algo que assistimos, uma fofoca ou outra, algo que aconteceu conosco, ou alguma coisa totalmente sem sentido, cantar nossas músicas preferidas mesmo que de um jeito desafinado, usar roupas combinando vez ou outra, sair juntos só nós dois pra aproveitar a companhia um do outro, ou então com amigos só pra se divertir, dançar sem saber o que poha estamos fazendo, andar de mãos dadas as vezes, dormir juntos, deitar no colo, sentar do lado, fazer carinho, beijar de um jeito doce, fazer penteados no cabelo mesmo que não fiquem bonitos, inventar alguma receita mesmo que não fique boa, ir a missa, brincar no encontro de jovens, respeitar nossas decisões, dizer "eu te amo", não ter vergonha ou medo de pedir ajuda ou conversar sobre o que incomoda, ser os melhores amigos um do outro, construir uma vida juntos.

Amar, respeitar, confiar, sonhar, conversar, abraçar, sorrir, cantar, dançar, cuidar.

  É isso que eu quero e espero de um relacionamento, e é isso que eu vou fazer sozinha, porque mesmo que seja algo que desejo com outro alguém não posso esquecer que o amor começa em mim, e se eu não tiver esse amor em mim não terei como transmitir ele para outra pessoa, ou seja, me amar primeiro para então ser capaz de amar outro alguém.

(11 de Maio de 2023)

De: mim, para: mim (e qualquer um que queria ler)Onde histórias criam vida. Descubra agora