Quando criança, eu não era muito chegado à leitura.Aprendi a ler um pouco tarde, só quando cheguei ao fundamental, e com muita insistência da querida Tia Chica, minha professora na época.
Com o desinteresse de uma criança que só queria brincar com peças de montar, gravetos e terra no quintal, minhas leituras mais frequentes eram contos de fadas, apenas os clássicos.
De Chapeuzinho Vermelho a Cinderela, minha família me presenteava e eu acabava lendo, mesmo sem entender boa parte dos contos ilustrados.
Gostava de princesas? Na verdade não. Não naquela idade. E quando fiquei um pouco mais velha, decidi que princesas eram ridículas por serem tão fraquinhas e bobas ao ponto de sempre precisarem ser salvas.
Eu queria ser um cavaleiro, ou um caçador corajoso. A imagem do príncipe encantado para mim também era desgostosa, pois ele era um perfeitinho mandão que fazia o que queria e sempre deixava a princesa de escanteio.
Com o tempo eu percebi que as princesas só eram bobas quando os escritores as criavam assim, e que era possível ser uma princesa e não ser estúpida.
Gostava de princesas? Dependia de qual era, de como foi construída e como se desenrolava a sua história.
Mas e o tal Príncipe Encantado?
Pois bem, ele é uma farsa, porque não existem pessoas perfeitas.
Gostava de príncipes? Apenas não. Mas não há como negar, às vezes eu desejava um ao meu lado.
Motivo? Bem, o mesmo motivo que faz autores criarem princesas e príncipes, e faz adultos e crianças acreditarem neles.
Às vezes, tudo o que queremos é alguém perfeito, que seja tudo o que nós queremos, sem falhas, sem feiúra, sem roncos, sem momentos de raiva ou tristeza.
Às vezes, buscamos a perfeição em alguém como uma estranha forma de conforto, na espera de que este ser resolva ou até concerte nossas vidas, e por isso acabamos sozinhos.
Essa ideia de perfeição não existe, nem nunca vai existir, e buscar por alguém assim só vai nos deixar malucos e solitários.
Se você deseja que a sua vida seja resolvida, resolva você mesmo.
A pessoa perfeita não existe, por que se existisse seria muito chata.
Afinal, se a vida não tem desafios ou obstáculos ela se torna sem graça e monótona.
Parece de buscar a perfeição.
A própria Perfeição se sente solitária, pois sabe que nunca existirá alguém perfeito. É uma loucura tentar tornar-se como ela.
(28 de Outubro de 2023)
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De: mim, para: mim (e qualquer um que queria ler)
No FicciónMeu nome é Heloiza Marques ou Átilla Oliver (pseudónimo de autora), sou uma garota de 16 anos atualmente (2023). De um tempo para cá muitas coisas aconteceram comigo, e tive vontade de escrevê-las, então decidi criar uma espécie de "autobiografia" p...