Isso não é necessariamente uma carta aberta, é apenas uma exposição de opinião, ou até um apelo. Nomeei assim por pura questão de impacto, no entanto.
Eu sempre fui apaixonada por histórias de romance desde pequena. O romance está impregnado em cada célula do meu corpo. Ok, talvez isso seja exagero, mas estou apenas exaltando o quanto conheço o romance.
Esse sempre foi meu gênero preferido. Acredito que um bom romance deve estar presente em todas as histórias, seja com final feliz ou não. O romance completa enredos.
Porém, ultimamente tenho me decepcionado com a maioria das leituras de romance que tenho feito - e cá entre nós, não foram poucas.
Motivo? Simples. Atualmente, os escritores e escritoras estão resumindo a maioria das histórias de romance em apenas uma coisa: sexo.
O livro pode ter de 100 à mais de 700 páginas, mas é sempre a mesma coisa: apresenta o possível casal, causa muitos conflitos, enche várias cenas com tensão erótica entre os dois, e o grande ápice é quando eles tem uma relação.
Uau. Que enredo.
Não menosprezando completamente essas histórias, alguns autores conseguem equilibrar o erotismo com o verdadeiro enredo, e fazem um ótimo trabalho.
Entretanto, ainda existem muitos autores que abusam do erotismo, deixando o livro quase pornográfico, apenas para atrair e agradar o público.
Esse é o grande problema. Agradar o público.
É triste, mas a grande verdade é que hoje em dia o público juvenil se atrai por erotismo exasperado, às vezes cheio de fetiches e abusos disfarçados de "provas de amor". E para mim esse é um pensamento infantil e imaturo, alimentado por hormônios e falta de senso.
Ao ler algo assim, o leitor não sai pensando: "Como eu gostaria de viver um romance assim". Na realidade, ele pensa mesmo sem perceber: "Como eu gostaria de viver um momento se sexo assim".
Sem contar que é quase sempre protagonizado por pelo menos um personagem poder de rico, apenas para que o autor possa manter uma ambientação de luxo.
Novamente, reconheço que nem todos são assim, existe quem use o enredo de forma correta, mas obviamente também há quem faça uso apenas por luxo.
O que estou tentando dizer com isso? Onde quero chegar? É simples. Sinto falta dos romances reais. Com pessoas de verdade, não simples moldes vazios e previsíveis.
Sinto falta de ler uma história que eu mesma poderia viver.
Um romance de verdade, que pode acontecer entre dois empregados CLT que não tem todo o luxo do mundo, mas dão seu jeito de manter uma vida digna.
Um romance entre dois estudantes de escola pública que tenham visão de futuro e não sejam baseados nos moldes norte-americanos de sempre.
Um romance entre dois idosos, mostrando que amor não tem idade, buscando mostrar o lado bom do romance de outras épocas.
Um romance entre dois religiosos que juntos tentam trilhar o caminho da castidade e amor inocente.
Um romance entre duas pessoas reais, com problemas reais, sentimentos reais. Sem moldes. Sem fetiches. Sem erotismo exasperado.
Um romance que eu possa ler, olhar para os lados e dizer: "Qualquer um pode viver isso".
Falando assim, pode parecer que seria uma história clichê, super previsível. Mas não.
É só você imaginar como as pessoas são complexas, e como seria legal descobrir uma história que poderia ser a dos seus pais, seus avós, seus vizinhos, ou mesmo sua.
Nessa "carta" eu faço um apelo aos autores de romance:
Por favor, usem o seu talento para proporcionar emoções de verdade. Deixem de lado o óbvio e fácil. Se arrisquem. Olhem ao seu redor e encontrem histórias de amor do dia-a-dia que nunca foram contadas, mas podem ser vividas por qualquer um. Inclusive vocês.(26 de Abril de 2024)
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De: mim, para: mim (e qualquer um que queria ler)
Non-FictionMeu nome é Heloiza Marques ou Átilla Oliver (pseudónimo de autora), sou uma garota de 16 anos atualmente (2023). De um tempo para cá muitas coisas aconteceram comigo, e tive vontade de escrevê-las, então decidi criar uma espécie de "autobiografia" p...