Prologo

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Sasuke

"Império de Konoha, mês de Haustmánour. Fim do Verão."

—ITACHI! – A voz ecou como um trovão se propagando no eco do local.

Fugaku, o Grande, entrou na sala de reuniões enfurecido, quase que espumando pela boca. Sua túnica de peles exclamava ainda mais sua presença a cada passo que o mesmo dava. Qualquer um com bom senso logo saberia que não era seguro estar no mesmo ambiente com o líder Viking naquele momento. Seus olhos negros flamejavam uma fúria assustadora, eu tinha certeza que qualquer inimigo que o visse agora pensaria duas vezes antes de tentar alguma coisa. Quando enfim nos alcançou, sacou sua espada e a cravou na mesa principal onde eu e o Itachi estávamos sentados.

Eu poderia jurar que a mesa estava prestes a se partir pela metade.

Preguiçosamente levantei meus olhos do pergaminho que estava lendo e o encarei.

—Qual o problema dessa vez, pai? – Questionei sem realmente estar interessado, geralmente os motivos de fúria do Viking sempre seguiam a mesma linha constante.

— Itachi – Ignorou-me completamente continuando a encarar meu irmão, o qual nem pareceu perceber a entrada estrondosa do Viking, permanecendo assim com os olhos nos pergaminhos que outrora era o principal foco de sua atenção. Obviamente, essa atitude apenas piorou o estado de nervos do nosso pai, que o olhava indignado com sua falta de respeito – Como você ousa se recusar a encontrar a herdeira dos Harunos?

O pouco interesse que eu estava demonstrando até aquele momento desapareceu como num passe de mágica, meus olhos se arregalaram e automaticamente virei-me para o meu irmão em busca de respostas. Aquele sim era um assunto novo para mim.

Ele, por outro lado, limitou-se a me encarar brevemente antes de responder Fugaku:

— Eu não vejo motivos para me encontrar com alguém que eu não estou interessado.

—Não é questão de "estar interessado" – disse rangendo os dentes – Isso envolve o nosso clã, o Império de Konoha! Tudo não passa de uma brincadeira de criança para você?

— Eu, melhor do que ninguém, sei o quanto isso é importante – Respondeu finalmente se levantando e o encarando de igual para igual – Mas, também sei que já disse milhares de vezes, e vou continua repetindo: Eu não quero o poder. Eu pertenço aos campos de batalha. Você sabe que quem se encaixaria nesse cargo é o Sasuke, não eu.

— VOCÊ É O PRIMOGENITO! – Exaltou-se – É o seu dever de nascença me suceder e buscar o bem do clã! Eu jamais poderia confiar uma tarefa tão importante para alguém como o Sasuke – Disse apontando para mim – Olhe para ele! Ninguém o respeita como guerreiro! Como alguém tão desastrado, fraco e que nunca enfrentou um dragão na idade dele poderia ser o líder do nosso povo?! Eles não o aceitariam – Fez uma pequena pausa para então finalizar olhando nos meus olhos – Eu não o aceitaria.

O sentimento refletido naquele mar tempestuoso e escuro era tão confuso e ambíguo quanto o que meus olhos eram capazes de enxergar. Mas, definitivamente, aquelas palavras doeram no profundo da minha alma... Mesmo que, depois de tantos anos, eu já deveria estar acostumado.

— O Sasuke é muito mais do que apenas alguém que "nunca enfrentou um dragão" – Retrucou com a voz carregada de amargura. Em meu intimo, eu agradecia a Itachi por sempre ser aquele a dizer tudo o que eu gostaria, mas nunca teria coragem o suficiente para dizer – Todos vivemos confiando na nossa própria força e conhecimento, e ficamos presos a eles. Isso é o que chamamos de "realidade", de "certo" ou o que você achar melhor. Entretanto força e conhecimento são ambíguos, deste modo, nossa realidade não passa de uma "ilusão". Então, concorda comigo que não seria errado dizer que cada pessoa vive mediante suas próprias convicções? – Finalizou com um ar triunfante, pois sabia que o Chefe Uchiha não teria uma resposta para aquilo tão cedo.

— Vamos Sasuke, ainda temos trabalho para fazer – Chamou-me, tirando-me dos meus próprios pensamentos enquanto já recolhia os pergaminhos e documentos que estavam em cima da mesa. Ele não deu tempo para que Fugaku conseguisse uma resposta para a sua declaração desconcertante, e tampouco eu daria esse tempo a ele. Rapidamente copiei meu irmão mais velho e o segui apressado porta a fora. Ele atravessou a passagem de cabeça erguida, e eu o invejei, pois não fui capaz de fazer o mesmo. O peso do olhar do nosso pai sobre nós me forçava a apenas encarar meus próprios pés e desejar desesperadamente sair daquela sala. Do alcance dos seus olhos julgadores e cruéis.

Dizem que a dor de uma espada cravada na carne é simplesmente causticante.

Porém, a vergonha e a impotência podem ser uma dor muito pior.

E esse tipo de dor eu conhecia muito bem.

RIDDARE DRAKAROnde histórias criam vida. Descubra agora