Capítulo 4 - As águas de Kildene Winter

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Sasuke

O som de folhas sendo esmagadas e de galhos sendo quebrados eram os únicos ao meu redor, as arvores continuavam a se fechar diante de mim e o meu único desejo era me congelar naquele ínfimo momento e encontrar um pouco de paz. Admito, estou apenas arrastando os meus pés pela floresta sem realmente ter algum proposito, com passos lentos e vacilantes, caminhava de volta para a Cidade Principal.

A verdade é que eu simplesmente não queria voltar para casa... Casa. Senti um sorriso irônico se formar nos meus lábios. Há muito tempo aquele lugar deixou de ser meu lar. Talvez uma ponta de mim ainda esteja conectada por causa de Itachi, mas era como se nunca tivesse me encaixado em absolutamente nada, além disso, a imagem de Fugaku me segurando pelo pescoço e me encarando com aqueles olhos frios... Argh! Poderia jurar que minha alma foi rasgada de cima a baixo naquele momento! Voltar agora, sem a cabeça do Fúria da noite, sem a minha redenção final, seria uma humilhação grande demais para eu suportar. Estaria declarando com todas as letras possíveis que ele esteva certo ao meu respeito desde o principio!

E, como sempre, eu continuaria sendo um gigantesco covarde.

O quanto eu puder evitar vê-lo, fugir do derradeiro momento, eu o farei, qualquer coisa para ficar longe daquele olhar que me fazia me sentir um fracasso ambulante. Eu me orgulharia de ser um covarde se isso fosse manter minha mente sã, claro, como se fosse uma tarefa tão simples, ela vagueava pensando em tudo o que tinha acontecido durante aquela madrugada, mas a ficha parecia nunca cair. Às vezes me pegava cogitando a possibilidade de tudo não ter passado de um sonho ou um delírio. Quem sabe? Eu poderia simplesmente estar enlouquecendo! Seria mais simples de explicar do que dizer que uma fera sanguinária tinha acabado de poupar a minha vida.

Suspirei. Quando todo esse pesadelo iria acabar?

Não saberia dizer quanto mais tempo fiquei perambulando sem rumo pela floresta, mas em dado momento os primeiros raios de sol começaram a surgir entre as copas das árvores. Encarei o céu em lamento com a constatação certeira, o verão oficialmente chegou. Logo o Treinamento dos Hunters desse ano irá começar, mas depois dos recentes acontecimentos, não acho que estou tão animado quanto estava para ficar frente a frente com um dragão de novo.

Enfim, percebi que não poderia enrolar por muito mais tempo e comecei a traçar minha rota de volta para a capital, regressei a trilha principal e me preparei mentalmente para enfrentar o que quer que estivesse vindo pela frente.

No entanto, um estalo veio até mim, fazendo-me parar abruptamente. Acabara de me cair a razão que eu não poderia nem sonhar em voltar para casa com aquela aparência, Itachi me disse para ir embora, no mínimo, seis horas atrás, e certamente nosso pai já estava ciente disso, caso eu aparece da mesma forma como nos separamos mais cedo, o caos estaria instaurado e uma onda colossal de perguntas e broncas iriam me submergir.

Observei atentamente para saber em qual a região da floresta eu estava e, com um suspiro de alivio, constatei que as fontes termais não ficavam tão longes dali. Poderia tirar toda sujeira de fuligem e sangue seco do meu corpo e depois só precisaria entrar o mais furtivamente possível dentro da Casa Principal e trocar minhas roupas. Os dragões sempre se vão pela manhã, logo Fugaku irá para o Centro de Comando e ficará por lá um bom tempo, Itachi correrá para ver Izumi e o lugar contará apenas com os guerreiros guardas, o que não seria um grande problema para mim.

Apressadamente caminhei pela trilha na direção das fontes. Ainda era cedo, e as chances de encontrar alguém naquele momento eram muito baixas. Os vikings iriam primeiramente para suas casas averiguar os estragos, preparar o dragão aquático para apagar os pontos de incêndio na cidade, ajudar com os feridos e tudo mais. Seria o momento perfeito, afinal, não é nada comum ver o filho do líder do Império de Konoha se banhando em um lugar "popular".

RIDDARE DRAKAROnde histórias criam vida. Descubra agora