Capítulo 23

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Katrina

Estava na cozinha lavando a louça depois do almoço, que foi as 3 da tarde, quando meu celular vibrou no bolso de minha calça. Sequei as mãos em um pano de louça e então abri a mensagem, era Bill me pedindo para ir encontrar ele em seu quarto com emergência

- Céus -suspirei e soltei meus cachos antes de deixar o pano de loiça sobre o mármore da cozinha e guardar o celular no bolso indo em direção as escadas

No andar de cima eu parei em frente a porta do quarto do gêmeo mais novo, ela em si era como as outras mas tinha um detalhe diferente, uma cordinha amarrada na maçaneta. Bati duas vezes contra a madeira e consegui escutar um "pode entrar" resmungado.
Adentrando o cômodo e fechando a porta após entrar suspirei vendo a pouca luz, a cortina estava levemente aberta e consegui ver o garoto deitado de barriga para cima na cama

- Oi Bill -sorrio me aproximando - O que houve? -indaguei

Mas ao me aproximar percebi que ele soluçava e tinha a cara avermelhada pelo choro. Mordi o canto de meu lábio e me deitei devagar ao seu lado olhando o teto junto dele esperando, dando a ele um momento para respirar e criar coragem para me dizer o que queria e precisava. Se passaram uns 3 minutos, foi ai que o escutei suspirar travadamente pelo nariz trancado

- Eu estou com problemas -finalmente ouvi sua voz. Me segurei para não o olhar, não queria o pressionar para continuar a falar - Eu... Tem uma garota -ele levantou a mão para limpar o nariz com a manga da camiseta - Conversei com ela nas últimas 3 ou 4 semanas... Achei que estávamos nos entendendo -ele continuou e eu o olhei de relance, seu olhar parecia cansado por trás do leve inchaço - Mas então algo aconteceu e tudo desandou -ele voltou a chorar. Levei uma de minhas mãos até uma das dele e a segurei dando conforto e apoio para o garoto que entrelaçou nossos dedos conforme ele tentava se acalmar para retomar a fala e o raciocínio - No nosso último encontro -ele começou com calma conforme acariciei a costas de sua mão - Ela estava agindo diferente -de relance pude ver ele morder o lábio - Ficava olhando ao redor, coçava muito o pescoço e se afastava de mim. Hoje, ela me mandou mensagem dizendo que não queria mais me ver e que não teríamos como ter algo -ele voltou a chorar desesperadamente

- Meu anjo... -me coração doeu, foi como se alguém estivesse enfiando alfinetes em mim me fazendo ver Bill daquela maneira. Me sentei - Vem cá... -abri meus braços para ele que pulou para mim abraçando meu dorso escondendo o rosto no tecido de meu casaco

O apertei contra mim e acariciei seus fios de cabelo o deixando chorar, colocar para fora e espernear até a última lágrima que precisasse. Ele estava tão abalado, naquele momento eu só queria ser a base de apoio que ele precisava. Beijei o topo de sua cabeça e ele virou o rosto para mim, parecíamos uma mãe embalando o filho, mas na verdade estávamos desenvolvendo nosso relacionamento para algo superior de amigo e amiga...
Sequei seu rosto com a manga de meu casaco e acariciei seu rosto

- Ela disse que estava sendo julgada por estar comigo... -a mágoa cortou seu rosto

- Julgada? -indaguei franzindo a testa vendo ele concordar com a cabeça várias vezes

- Ela disse que os amigos deles estavam fazendo piadas por ela estar saindo comigo, porque... Porque eu sou assim Kat -seus olhinhos encontraram os meus e eu senti outra pontada de dor - Porque não sou como os outros garotos como meu irmão, porque tenho cabelo de leão após levar um choque e uso roupas estranhas e idiotas dos anos 2000 e sou ultrapassado parecendo uma garota por usar maquiagem!? -ele explodiu colocando para fora cada uma das palavras que o feriram deixando as lágrimas caírem de novo

O apertei de novo o deixando chorar em meu ombro embalançando nossos corpo para frente e para trás o embalando como uma criança.

- Shhh... acariciei de novo seus fios de cabelo - Ela que perdeu Billy Bill -digo baixo - Ela foi burra por deixar os comentários alheios estragarem o que ela sentia por você -ele me olhou secando o rosto com as mãos - Não ligue para eles, você é lindo pra caralho, cheiroso e estiloso -sorrio segurando seu rosto - Agora jogue na cara dela e deles que nada do que eles te falaram pela frente ou pelas costas te abalou -nos encaramos e eu sorrio de novo vendo um pequeno sorriso se formar em seu rostinho abalado - Eu e Tom estamos aqui para sermos seu apoio, além disso tem Georg e Gustav que também são nossos amigos -seguro suas mãos e ele concorda - Você tem a nós quatro, não precisa de uma garota burra e idiota -ele começou a se recuperar enchendo o peito de ar -Vamos jogar na cara desses otários que você é superior a eles! -levantei minha mão e demos um high five

Bill me abraçou forte uma última vez

- Kat -ele diz se afastando - Você pode fazer algo bom pra mim comer? -ele indagou e eu ri baixo

- Mau almoçamos -digo rindo

- Mas eu queria um docinho -ele brincou com os dedos

- Okok -me levanto de sua cama

- E você pode... -ele segurou minha mão antes de eu ir para a porta - Chamar o Tom para mim? Estou pronto para falar com ele sobre isso -olhei Bill e concordei sorrindo

- Posso sim -beijei sua mão e então me afastei indo para fora do quarto

Encostei a porta e fui para a sala onde Tom, Georg e Gustav conversavam. Me aproximei devagar e deixei que Tom me visse

-Posso falar com você? - o encarei por um momento conforme ele concordou e se afastou dos dois que continuaram a conversar

- O que foi? -ele sorriu e eu o abracei forte o deixando sem reação - Tomtom -o chamei por um apelido próximo inclinando minha cabeça para cima segurando seu rosto com uma das mãos falando rente ao seu ouvido - Ele precisa de você -dei ênfase na palavra "precisa" e olhei nos olhos de Tom que agora pareciam preocupados descendo até meu casaco onde estava úmido pelas lágrimas de Bill

- O que houve? -ele indagou com a preocupação na voz

- Ele mesmo quer te falar -segurei em sua mão - Eu vou subir daqui a pouco, converse com ele...

O olhei e ele concordou com a cabeça

- Obrigado, Kat! -o mesmo beijou minha testa para então e afastar de mim e subir as escadas

Me voltei para a cozinha e comecei a preparar um bolo de caneca de chocolate para Bill. Tom tinha cara de bravo, mas também era sensível e preocupada, e quando o assunto era seu irmão gêmeo ele poderia virar outra pessoa aos olhos daqueles que não o conheciam direito. Faziam pouco mais de 4 meses que eu estava com os meninos e os conhecia melhor que muitas pessoas que só sabiam o superficial

- Meninos -me aproximo deles jogando pirulitos

- Opa, valeu Kat -diz Gustav pegando o dele no ar

- Você leu minha mente -diz Georg rindo baixo pegando o dele que caiu no sofá

Rio baixo e nego com a cabeça

- O que aconteceu? -perguntou Georg quando me virei para ir de volta para a cozinha. Olhei o nosso baterista e depois o baixista

- Quando ele estiver pronto, ele vem falar -sorrio para ambos - Mas já preparem as coisas, temos uma garota e um grupinho para assassinar -rio e faço ambos rirem embora estivessem preocupados

A verdade foi que Bill falou para eles o que aconteceu logo depois que desceu com Tom para comer o bolo de caneca, Gustav jurou que se precisasse mataria a garota comigo e Georg ajudaria a esconder o cadáver e nos ajudaria a ter um álibi sólido, todos rimos e passamos o resto do dia apoiando Bill e assistindo algo com ele levantando sua autoestima e moral.

𝘈𝘗𝘖𝘊𝘈𝘓𝘠𝘗𝘛𝘐𝘊 - TOKIO HOTELOnde histórias criam vida. Descubra agora