Capítulo 6

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A torre ficava no fundo do castelo, resolvi passar pela parte externa para aproveitar e tomar um ar. Como eu poderia imaginar que veria meu pai tão frágil, aquela situação foi ridiculamente estranha, mas aquele homem, culpando a minha mãe por seus erros era imperdoável.

Meu cabelo refletia o luar enquanto eu andava apressado, chegava a ser engraçado o quanto eu era parecido com meu pai, fisicamente, e tão diferente da minha mãe. Minha mãe era baixa, tinha lindos cabelos castanhos claro e um olho cor de mel, seu olhar era cativante, não havia como não se apaixonar por ela, sua pele parda na pele branca de meu pai, seu cabelo castanho nos cabelos dourados dele, eram o casal dos sonhos de qualquer um, ainda impressionado como ele pode se transformar em uma pessoa tão odiosa.

Entrei na torre empurrando as portas com a força que rangeram ao se abrir. Subi direto para o meu quarto, não tava com paciência para nada, mais tarde talvez eu descesse na cozinha para pegar algo para comer, mas agora eu só queria ficar sozinho

— Achei que você ia acabar se rendendo as graças de seu pai — ele sorriu assim que me viu entrando no quarto

— Impossível, como? O que você está fazendo aqui, Lucian? — pelos Deuses, que caralhos ele tava fazendo ali, não consegui conter minha felicidade — E o seu pai?

— Ele morreu faz alguns meses, eu estava organizando a bagunça que ele tinha deixado antes de vir para cá — Lucian se levantou da minha cama e abriu os braços

— Não vai dar um abraço não sei irmão?

— Primo — retruquei. Como já estávamos em uma distância consideravelmente próxima, ele apenas me puxou e me deu um longo abraço apertado

— Senti sua falta Leo, as coisas não são tão interessantes sem você, as noites na taverna, eram um saco. Todos na turma perguntava quando você ia voltar, principalmente Lyra — ele me soltou e abriu um sorriso lupino — Acho que ela ainda tem um carinho imenso por você

— E quem seria capaz de me esquecer — respondi erguendo uma das sobrancelhas

— Seu porco, convencido — Lucian me deu um pequeno murro no ombro — Daqui a alguns dias vai se casar, é tão estranho dizer isso, parece que estou falando com outra pessoa

— Como assim outra pessoa? Você sempre soube que iria me casar, na verdade, todo mundo sempre soube.

— Enquanto estávamos em Valir, ninguém ligava para isso, você principalmente, todo dia dormia com uma pessoa diferente, chegava bêbado no quarto quase toda noite, Tessa era o tópico proibido se não se lembra...

Eu realmente era um pouco diferente de antes. Eu tinha dificuldade em dormir sozinho, na verdade, eu detestava dormir sozinho, e odiava ainda mais o fato de que quando eu voltasse teria que me casar para cumprir um acordo tolo.

— Conhecer Tessa de verdade me mudou um pouco, acho que é assim quando se gosta de uma pessoa — olhei para Lucian que estava com uma expressão indecifrável, eu não conseguia dizer se ele estava triste porque me perderia ou se estava com dó por eu estar sendo obrigado a isso — Mas você não deve se preocupar com isso, eu realmente estou feliz, Tessa me deixa feliz, feliz de um jeito que nunca pensei que poderia ser.

— Meu amigo, parece que você foi até amaldiçoado — Lucian riu com escárnio por um tempo — Será que esse amor te impedirá de me acompanhar em uma noitada pela cidade?

— Uma noitada é uma noitada, não é mesmo? – olhei para cara de Lucian e começamos a rir como dois bobos

Quando percebi já estava na taverna tomando meu terceiro copo de cerveja, Lucian já estava bêbado e dançando com todos no centro, era um lugar divertido, desde quando cheguei na capital aquela era a minha segunda vez ali, a primeira foi no dia em que, traí Tessa, que nem foi mesmo uma traição se analisarmos.

Sombras do Passado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora