Capítulo 15

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Já tinha uma semana que ele havia ido embora, mas tudo continuava voltando e voltando para ele. Tudo parecia girar em sua órbita. O rei Ronald não morria por nada no mundo, talvez o amor e a vontade de ver o filho era o que ainda o mantia de pé, era incrível o quanto de amor que ele transmitia enquanto falava de Leo. As vezes eu descia nas masmorras para ouvir ele contar algumas histórias de quando Leo era mais novo, as brincadeiras e principalmente as coisas que ele aprontava

Durante esse tempo que ficava com Ronald eu não conseguia ver o pai rude e insensível que o Leo reclamava sempre que ia para o reino das bruxas, lugar esse que eu particularmente já estava morrendo de saudades.

River e Luci ainda ficavam comigo no meu quarto, discutindo e se batendo sempre que tinham um tempo livre, mas era uma boa distração para mim. Fazia eu me questionar porque amar machuca tanto.

— Tessa, você está me escutando? — Luci estava do meu lado na mesa de jantar, parecia estar discutindo sobre o que faríamos na manhã seguinte na cidade

— É claro que estou... — respondi colocando um sorriso meigo no rosto — Estou morrendo de vontade de comer um daqueles pães da padaria que fica ali, perto da praça, sabe?

— A dona morreu — gritou River do outro lado da mesa com um pedaço de frango na mão — A mulher se rebelou e uma das bruxas amaldiçoou ela, foi uma loucura, a cabeça explodiu rapidinho, você tinha que ver

— Vocês tem tanto sangue frio para matar — disse eu passando as mãos pelos meus braços — Chego até a ficar arrepiada

— Se você quer realizar os desejos de sua mãe e fazer tanto seu povo quanto a si mesma feliz, é bom aprender a ter sangue frio que nem a gente — Luci falava como um animal às vezes, parecia instintivo matar as pessoas, sobrevivência ou morte. Qual a lógica de matar quando o inimigo nem tenta revidar?

— Com licença — disse me levantando e colocando a cadeira de volta no lugar — Vou dar uma volta

— Quer que eu vá com você?— perguntou minha tia na ponta da mesa, lugar onde geralmente minha mãe sentaria se estivesse presente, mas como sempre, desde que chegamos aqui, ela sempre está ausente

— Agradeço a oferta minha tia — respondi com um sorriso no rosto — Você sabe de minha mãe?

— Eu a vi saindo do castelo a algumas horas — respondeu Luci. Ela estava com uma taça de vinho na mão e deu um longo gole nele

— Que pena, queria conversar com ela — Mentira descarada, o que eu mais queria era que ela ficasse fora o bastante para eu ir ver como Ronald estava

Me virei e sai da sala

No caminho para o calabouço eu acabei encontrando várias bruxas de guarda, mas nada que me atrapalhasse, qualquer coisa eu poderia apenas dizer que era uma ordem de minha mão ou qualquer outra coisa que eu conseguisse pensar no momento.

O calabouço era tão frio e parecia ser até em outro lugar do mundo

— Como você está Ronald? — perguntei ao entrar na sua cela, ele estava cada dia mais acabado, seus machucados cicatrizam e se abriam novamente por causa dos castigos de minha mãe, eu queria poder fazer alguma coisa, mas se eu interferisse ali, seria capaz dela até o matar como retaliação

— Minha querida Tessa — ele abriu um sorriso assim que me viu, sua voz estava rouca devido a sede, mas a hora de dar água para ele ainda não havia chegado e se percebessem que ele tinha bebido seria um problema para ele e talvez para mim — O que traz você aqui mais um dia?

Sombras do Passado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora