Capítulo 21

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Desde o baile, três dias atrás, Lucian nem mesmo passou perto do meu quarto, pelo menos não que eu tenha visto. Em vez dele, eu passei a maior parte do meu tempo com River. Ele ainda era fiel à minha mãe, o que me impedia de contar a ele as coisas que eu havia descoberto sobre mim mesma, sobre o que ela estava fazendo, suas ideias malucas de tirar aquele homem do inferno.

Só de tê-lo ao meu lado, já me sentia menos solitária naquele momento. Faltavam poucos dias para eu finalmente sair daquele lugar horrível. A única coisa que me mantinha sã era os cuidados de River e meus pensamentos em Lucian. Instintivamente, minhas mãos se moveram em direção à minha boca, onde ele me beijou. Fora bom. Seus lábios eram quentes e macios, e ele tinha todo o cuidado ao fazer. Foi bom, apesar de tudo.

— Meu Deus, você ficou apaixonada com um beijo? — gritou River, ao meu lado na cama, me observando com um sorriso incrédulo, mas brincalhão.

— Não vem com essa — respondi, enterrando a cabeça no travesseiro.

— Não vem com essa — ele me imitou, enterrando a cabeça no travesseiro também. — Como foi? Você não me contou — perguntou ele, com a voz abafada pelo travesseiro.

— Bom... — falei, me virando para ele ao meu lado. — Foi bom... Ele beija bem.

Ele se virou e me encarou nos olhos, como fazia quando éramos crianças e sabia que eu estava escondendo algo. Eu sempre estava. Não aguentei aquele olhar, como se estivesse me implorando para contar tudo, e comecei a rir.

— Tá bom, River — eu disse, em meio aos risos. — Foi incrível, a boca dele... era tão perfeita. O jeito que ele me agarrou e se colocou sobre a mesa foi... não sei explicar, forte, alto, aquele corpo, aquelas mãos — eu olhei para River e ele estava mordendo o lábio inferior, se imaginando naquela situação. — Riv, foi perfeito. Só isso que eu tenho a dizer.

— Como eu queria... ele realmente é bonitão — ele disse, se virando para cima para encarar o teto feito de pequenas pedras. — Será que ele é bom na cama também?

— Não faço ideia... — de repente, me peguei pensando nele semi-nu na minha frente enquanto estávamos na cama, sua mão em meu corpo, descendo pelas minhas costas e parando logo na cintura. Com um movimento rápido e forte, ele colou nossos corpos um no outro e... — Mas ele é idêntico a você, River! — exclamei, mudando de assunto para a minha própria sanidade mental. — Você conseguiria mesmo ficar com um cara como ele?

— Eu sempre tive a curiosidade de saber como é trepar comigo — ele estava com um sorriso pretencioso. — Eu sou tão bom...

— Ah, cala a boca, Riv — o xinguei, dando um tapa bem dado nas suas costas, que ele fingiu não sentir (ou realmente não sentiu).

Ele estava divagando, esse narcisista do caralho. Pelos deuses, como eu conseguia aguentar ele?

— Nem pense em roubar o meu homem — o cutuquei, brincando.

— Nossa, então você já tomou posse assim? Um beijo e ele já é seu? — ele perguntou, retribuindo meu cutucão, mas fazendo mais vezes, me obrigando a encolher para evitá-los. — É uma pena que ele tenha ido embora...

— Estamos em uma situação meio complicada... — reclamei baixo.

— Logo tudo se resolverá — afirmou Riv, se levantando da cama. — Tenho que ir... Se eu ficar mais tempo aqui e eles desconfiarem de algo, pode ser que as coisas fiquem piores para a gente.

— Está bem — respondi, me sentando na cama para vê-lo sair. O sol parecia estar se pondo já, e logo mais me trariam a janta. — Essa noite estava pensando em ficar sozinha também, estou querendo colocar meus pensamentos em ordem.

Sombras do Passado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora