Capítulo 9

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         — Que merda vocês fizeram comigo, me levem de volta — os homens tiraram os cetros do meu corpo e me encararam para mim

— Eu sou Ganael — disse o primeiro gêmeo

— Eu sou Azael — disse o outro

— Pode me chamar de Gael — disse o mais alto — Você será julgado, se prepare, os julgamentos aqui não são tão,tranquilos quanto os seus

— O que você quer dizer com isso? Ser julgado pelo que? — eles nem se deram ao trabalho de me responder, apenas alçaram voo e foram embora me deixando sozinho com um daqueles bastões dourados. Diferente do outros o cetro que estava comigo tinha uma lua desenhada na ponta, enquanto os que os gêmeos carregavam tinham meio sol em cada um que se completavam formando um sol, era bem lindo na verdade

Olhei ao redor para me situar mais no ambiente. Era uma arena, com duas entradas. Uma na minha frente e uma atrás de mim, por coincidência ou não, eu estava exatamente no centro da arena. Ao redor estavam as arquibancadas lotadas de anjos, mas todos diferentes de mim, não havia nenhum com asas pretas. O sol estava logo acima de mim, mas o tempo era fresco e a brisa era convidativa como os ventos da primavera

Continuei observando a arquibancada. Os olhos de todos me fitavam, me analisavam como um animal enjaulado.

— Bando de idiotas? — Falei baixo. Com tanta gente gritando e conversando ao mesmo tempo, não conseguiriam me ouvir nem se gritasse

— Como não admirar um espécime raro como você — uma voz feminina falou de cima. Quando olhei para o céu três figuras estavam descendo — Desculpe a demora, quando Ganael disse que você havia despertado, mal tivemos tempo para nos arrumar, iríamos nós mesmos o buscar, mas tivemos alguns empecilhos

— Então você é o filho da princesa Alessia, como é bom te-lo aqui, eu me chamo Valir — disse um homem negro alto de cabelos cacheados que estava ao lado da mulher que tinha dito que eu era particularmente raro

— Espera, você é o Valir? Tipo o Valir Valir? Que deu nome a cidade? — perguntei espantado

— O próprio — respondeu estendendo a mão, aceitei o gesto educadamente, afinal, eu estava em seu País — Esse aqui é Natanael e essa é Anansi, poderiam ser introduzidos em uma situação melhor, mas ela é sua avó

— É o que? — dei alguns passos para trás e quase tropecei no meu próprio pé ainda estava me acostumando com o peso das asas, era estranho — Como vocês sabem tanto sobre mim? Então quer dizer que minha mãe era um anjo? Então como ela morreu amaldiçoada, achei que vocês eram imunes ou alguma coisa assim.

— A não garoto, não estou falando daquela mortal que você chama de mãe, estou falando da que te deu a luz e te colocou no mundo — disse Natanael sem rodeios balançando a mão no ar como se estivesse sem paciência

— Então quer dizer que minha mãe não é minha mãe e sua filha é minha mãe? — disse apontando para Anansi que apenas assentiu com a cabeça — E quem meu pai de verdade então?

— Bom— começou a dizer Anansi um pouco nervosa — Não temos certeza de quem pode ser

— Então vocês sabem que minha mãe de sangue teve um filho aqui e não tem ideia de quem foi?

— Essa é a questão minha criança — disse Valir — Sua mãe não te teve aqui, melhor dizendo, você não tem sangue de anjo puri, você é um mestiço, bem misturado mesmo, acho que isso é óbvio só de olhar suas asas. Quando te descobrimos a alguns dias atrás apenas achamos que era o filho dela com um bruxo qualquer, mas muito habilidoso, porque ele colocou uma maldição tão forte em você que nem mesmo após 20 anos ela se desfez, mas quando você despertou e suas asas negras pareceram, ficou mais que claro que você era filho de um demônio, sangue de bruxa não consegue poluir tanto o sangue angelical, mas o de um demônio sim — por fim ele apenas sorriu tentando me e se manter calmo e são diante daquele tanto de informações ao mesmo tempo

Sombras do Passado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora