Parte 6 - Mon

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Assim que chegamos em casa, colocamos os dois na cama em total silêncio. Khun Sam está com medo de uma discussão. Ela não quer começar, então está evitando contato visual e que as palavras saiam da sua boca.

Mas eu não vou discutir. Ela não é culpada dessa situação.

Eu sou.

Fui eu que insisti nisso tudo, eu que fui ingênua demais em acreditar que funcionaria de primeira... confesso que estou muito arrependida.

Khun Sam disse que algo assim acabaria acontecendo. Eu provoquei. Quis dar uma chance aquela senhora e ela acabou machucando meu precioso Meenoi.

Como eu me segurei para respeitar sua idade e posição social!

Eu segurei muita coisa calada quando era só comigo, mas com meus filhos, não!

Não vou deixar ninguém machucar meus bebês.

Serei uma fera, uma leoa defendendo seus filhotes. Aí dela, se tentar ferir um deles de novo!

Nem sua neta poderá segurar minha fúria.

Deixei ela evitar a conversa e se despedir com um beijo para ir ao trabalho, mas na volta o silêncio foi finalmente quebrado quando ela desceu após colocar as crianças na cama depois do jantar.

Eu havia aberto uma garrafa de vinho e relaxei bebendo uma taça sentada no sofá.

Khun Sam se aproximou, sorrateira para despejar as palavras presas que evidentemente a estavam sufocando.

"Eu sei que você quer brigar, mas podemos conversar..."

"Eu não quero brigar."

Respiro fundo interrompendo suas palavras atrapalhadas.

Primeiro, como já disse, eu sou a culpada de toda essa situação ter ocorrido. Segundo, eu ainda não quero desistir e não quero que ela desista.

O dia todo em casa refleti bastante sobre tudo. A situação não era das melhores, mas não pode ser evitada por completo.

Khun Sam e eu não podemos afastá-la da vida deles. Ela é da família. Não podemos simplesmente fingir que ela não existe e evitar que eles a conheçam de verdade.

Gosto de pensar que talvez finalmente podemos mostrar que nosso amor e dos nossos filhos é genuíno.

Não se muda uma pessoa como a vovó de um dia para noite.

Toda mudança é um processo. Algumas vezes é mais demorado do que se imagina, porém é um esforço que talvez valha a pena.

E por mais que eu não goste de como foi a primeira tentativa de encontro entre eles, ainda posso dar mais uma chance.

Só que eu farei dentro dos meus termos. No meu território. Na minha casa.

Após uma conversa franca, minha querida pediu um tempo para pensar. Ela faria uma visita à avó para tratar dos termos, mesmo que ainda não concordasse totalmente só para deixar claro a senhora pomposa que as coisas não seriam do jeito dela.

No dia seguinte, novamente não encontrei Khun Sam na cama ao meu lado.

Decidimos ir juntas pegar os exames e falar com o doutor.

Ela não dormiu bem essa noite, insistiu que não estava preocupada e me prometeu mais uma vez que não faria nada sem mim, mas não encontrá-la na cama não é um bom sinal.

De repente, a porta do quarto se abre devagar. Khun Sam entra tentando equilibrar uma bandeja grande.

Ela não notou que eu havia acordado, pedindo silêncio aos seus pequenos seguidores logo atrás de si para não me acordar antes de me surpreender.

Eles soltavam risinhos animados com as mãozinhas tapando a boca pisando no chão com as pontinhas dos pés se aproximando da queen-size enquanto eu finjo estar dormindo esperando a grande surpresa.

Khun Sam conta baixinho "nueng, song, sam" e todos soltam no grito:

"Surpresa!"

"Wow! Que delícia! Meus amores vindo acordar a mamãe com café na cama. O que eu fiz para merecer isso?"

Pergunto animada distribuindo beijinhos nos seus rostos sorridentes e cócegas pelos seus corpinhos fofos.

"Não olhe a cozinha." Finjo uma cara de brava, mas sua aproximação para me beijar me desarma. "Bom dia querida, eu te amo."

Um beijo doce, dois, três e mais um até Meenoi resmungar com fome.

Tomamos todos café na cama em meio a brincadeiras e carinhos trocados, foi uma festa a parte que continuou no banho de espuma no banheiro e com o rádio ligado no carro.

Pois é, não foi difícil convencer Khun Sam de levar as crianças para tomar sorvete depois de passar no médico e pegar os exames. Ela gostou da ideia porque não quer ver o meu olhar enquanto o médico fala sobre seu estado de saúde embora queira muito encontrar rostos familiares ao sair.

Espero com um pouco de angústia. Nada no mundo pode preparar um coração para uma má notícia.

Eu não estou preparada.

Desejo com todas as minhas forças que Khun Sam esteja bem.

Lembro quando a conheci. Suas fortes dores de cabeça constantes, o sangramento nasal na nossa primeira tentativa frustrada de fazer amor e talvez seja paranóia, mas fico preocupada quando ela dorme pouco.

Sei que é por conta de sua preocupação com a avó, no entanto, esses fatos somados não me saem da mente.

Vai dar tudo certo. Tenho que ser confiante e passar essa confiança para a minha família.

Brinco com as crianças na sala de espera como se não estivesse nervosa.

Khun Sam está demorando ou eu estou ansiosa pelas boas notícias?

E se não forem boas notícias?

A angústia está tomando meu coração.

Não quero perder o amor da minha vida. Nunca fui uma pessoa egoísta, mas Khun Sam é a minha vida.

Não posso viver sem ela. Mas preciso ser forte e lutar para mantê-la comigo, para fazê-la feliz e para cuidar bem dos nossos filhos.

Estou paranóica. Não posso pensar besteira. Vou ser otimista. Nada de ruim vai acontecer.

Faz mais de meia hora que ela está lá dentro. Meenoi quer ir pra casa e Mali já está perguntando pela mami.

Desde que ela ouviu vovó dizer para chamar Sam de "mami", ela só a chama assim.

Vi o rosto de Khun Sam triste quando ela ouviu essa manhã. Não porque ela se importa como sua filha vai chamá-la.

Daddy ou mami, ela ama ouvi-los pronunciar. O que nos deixa triste é nosso bebê acreditar que a avó não vai gostar dela por isso.

Vamos ter que conversar com eles sobre isso em algum momento.

De repente, a porta da sala de espera abre.

Khun Sam entra sem nenhuma expressão no rosto e pela primeira vez em anos, eu não consigo ver através de seu olhar.

"Precisamos conversar."

Ela diz enigmática me deixando com o coração na mão.

Tenso? O que você acha que Khun Sam vai contar pra Mon?

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Até mais e muito obrigada pela leitura!

MonSam - Nosso Mundo Cinza & RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora