Addison.

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09 de Junho, Quinta Feira
12:34PM
New York

"Amor quando é amor
não definha
e até o final das eras
há de aumentar."

- Shakespeare. 

1 Mês depois.

- E então Addison, como está a sua semana? - Dra. Turner me perguntou enquanto caminhávamos pelo Central Park. - Alguma mudança que queira pautar ou algo novo? 

- Apenas o de sempre, Dra. Turner. - respondi colocando minhas mãos para trás das costas e olhando para o movimento de crianças correndo pelo gramado. - Hoje eu a vi, bem de longe. Estava à poucos metros do estacionamento da empresa, foi buscar seu amigo Alex. Deduzi que estivessem saindo para almoçar ou coisa do tipo. Mas foi o suficiente, com certeza o mais perto que meus olhos chegaram dela desde o ocorrido... Sinto sua falta, às vezes ainda consigo sentir seu cheiro no corredor da minha sala. Isso é normal, Dra. Turner? 

- É normal Addison, mas não significa que realmente esteja lá. Você está projetando sua saudade, isso faz com que sinta um cheiro que não existe mais, não naquele ambiente. - ela respondeu e eu assenti sem olhar para seu rosto. - Como está a culpa? 

- Maior. - murmurei. - Mas mesmo que ela aumente 1% a cada dia longe dela, eu estou lidando melhor com isso. Eu sei que foi uma forma de ter controle de algo em minha vida após muitos anos, mas nunca irá excluir o fato de que eu demorei para contar à ela. Eu errei, Dra.

- Acha que sua mania de controle está ligada com o fato de que não pôde controlar o suicídio da sua mãe e suas crises desencadeadas após esse ocorrido? - assenti com a cabeça mais uma vez diante de sua pergunta. - Como? 

- Me senti culpada a vida toda por ter nascido, era como Robert sempre fizera questão de enfatizar, eu era a culpada por tudo. - respondi a olhando de soslaio. - Então quando vi o corpo de minha mãe sem vida, a culpa cresceu e nunca saiu. Ainda a sinto, mas agora não é do mesmo jeito desde que tudo aconteceu... Não pude impedir, então de certa forma ele me fez pensar que ela estaria viva e feliz. Mas agora eu entendo que não seria bem assim, ela estava com problemas e eu não poderia resolvê-los porque ela mesmo achou uma maneira... - soltei uma risadinha triste e olhei para o céu, estava um dia lindo. - Minhas crises são desencadeadas por lembranças, sejam essas tortuosas ou não. Me mata não ter controle sob minha mente, então eu quero ter controle com todo o resto. É como se eu compensasse tudo, mas deu errado e por isso estou aqui. 

Dra. Turner estava com uma prancheta nas mãos e anotou algumas coisas nela enquanto andávamos. Há uma semana optamos por fazer as seções no Central Park. Eu me sinto inquieta demais no consultório e como não quero nenhum tratamento medicamentoso, a solução para isso foi estar ao ar livre. Onde eu posso estar em constante movimento, quase como uma corrida.

- E  como estão seus pensamentos? Acelerados? - ela perguntou no seu tom de voz neutro de sempre. - Possuiu pensamentos negativos essa semana? 

- Sim e não. - maneei a cabeça para os lados. - Meus pensamentos continuam intrusos, mas agora sei lidar com eles, ou pelo menos eu tento. Ainda estou aprendendo à colocar tudo que conversamos aqui em prática, acho que até conseguir 100% irá demorar mas não estou com pressa de nada, Dra. Turner. Estou aceitando meu processo. 

- Isso é ótimo, Addison. - a olhei com um sorrisinho. - Conte-me mais sobre sua outra resposta para minha pergunta. 

- Não tive pensamentos negativos, apenas intrusos mas não foram nada demais. - suspirei dando de ombros. - Ando bastante reflexiva sobre tudo que aconteceu desde que saí da casa de Meredith no meio da noite, estou sempre pensando nela e isso não é nada negativo. Pelo contrário, pensar nela é como tomar um chá de camomila após um dia intenso no trabalho. 

Dangerous Passion - Meddison.Onde histórias criam vida. Descubra agora