Capítulo 32.

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continuação...

Há uns 7 anos li um livro que se chama O Alquimista de um escritor brasileiro chamado Paulo Coelho e nunca havia entendido de fato algumas partes pontuadas em suas linhas.

E foi o único livro que eu nunca quis tentar entender, nunca quis reler a obra mais de uma vez e nem fiz o resumo mental dela como sempre faço com o que leio. Não por ser um livro ruim, porque ele é excelente em cada página.

Mas por saber que eu não estava pronta para entendê-lo.

Paulo Coelho retrata a vida do jovem pastor de ovelhas Santiago, que viaja por Andaluzia e após ter um sonho repetido, abandona tudo o que tem para ir até o Norte da África atrás de uma quimera... um tesouro perdido entre as Pirâmides do Egito.

Até então não tinha nada que fugisse do meu entendimento, mas há mensagens sublimes por todo o canto do livro, ou mensagens explícitas demais.

Minha revolta foi nunca saber ao certo qual seria a minha Lenda Pessoal, quero dizer, como eu poderia ter uma? Nada aconteceu como eu planejei que acontecesse.

Eu queria ser professora de Letras mas descobri no meio do caminho que não tinha vocação alguma para ensinar, para lidar com um monte de crianças.

Então minha mãe morreu e me deixou um império para cuidar, eu precisei me afundar em um universo que não conhecia nada e hoje eu sei tudo sobre ele. Eu sei tudo sobre motores, mesmo que esse não fosse o meu plano na juventude.

No fundo eu sabia que nada disso era minha Lenda Pessoal, porque o universo não conspirou para que acontecesse. Foram apenas consequências das ações de outras pessoas, tudo que eu vivi em 36 anos foi apenas o respingo de dois adultos que não sabiam lidar consigo mesmo.

Entretanto, eu acredito que estou no caminho agora. Acredito que finalmente estou me conectando com o que está escrito no universo para mim.

Ultimamente tenho ouvido mais o meu coração, ele está falando comigo como o de Santiago falava com ele. Desde que acordei um dia e decidi colocar um fim em toda minha história com Robert, foi nesse momento em específico que meu coração falou comigo pela primeira vez.

E eu tenho o escutado desde então, as vezes sou relutante e não tenho paciência para o que ele diz, mas mesmo assim escuto. Do meu modo, da maneira que consigo, mas escuto.

Quando coloquei os pés no tribunal hoje meu coração entrou em estado de alerta, de uma forma que nunca aconteceu antes.

Por um breve momento eu pensei que não iria conseguir sobreviver ao momento, e a cada pergunta dirigida à mim naquele tribunal pensei que fosse morrer sufocada.

As palavras da Dr. Turner sobre autocontrole rondavam minha cabeça em uma tentativa de concentração, eu não poderia me deixar abalar com nada, não poderia deixar que meus pensamentos mudassem a minha realidade.

Não poderia falhar, e não falhei.

Mesmo ouvindo cada mentira que Robert contou sobre 36 anos que passamos na companhia insalubre um do outro, eu não me deixei levar.

Mas eu quis, durante as quatro horas massivas de perguntas e mais perguntas, de mentiras em cima de mentiras, eu desejei ser levada da realidade em alguns momentos.

Eu não deixei que isso me consumisse por completo, mas eu gostaria.

Esperei até que o martelo fosse batido e, ainda que eu estivesse com um salto agulha enorme, sai correndo em direção ao banheiro feminino, me senti tão enojada quando tudo terminou que precisava colocar para fora.

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⏰ Última atualização: Apr 27 ⏰

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