Capítulo 7 - Nossos segredos

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Susan parece que viu um fantasma e permanece petrificada a me olhar. Aos poucos, volta a mastigar e pisca algumas vezes, ao que parece, recompondo-se.

— Isso — confirma. — É o nome no meu documento.

Penalizada, olho para ela e sorrio a fim de tranquilizá-la.

— Chegou sim — refiro-me à transferência.

Ela tenta um sorriso e pega o copo na mesa. Leva-o aos lábios.

— Não! — levanto as mãos para alertar que é conhaque. — Isso é...

Não dá tempo. Assim que sente o sabor, Susan salta para trás, levantando e empurrando a cadeira junto. O copo fica na mesa. Um pouco do líquido escorre no canto dos seus lábios, com uma cara feia, ela engole e seca a boca com a mão.

— Argh! — reclama.

Com o rosto em choque, levanto-me.

— Espera, vou pegar água — aviso e sigo para a geladeira.

Abro a porta e pego a jarra com água. Ela tosse atrás de mim. No armário ao lado, apanho um copo e o encho. 

— Aqui — ofereço-lhe.

Susan aceita o copo. Está com o rosto vermelho e os olhos cheios de água.

— Obrigada - agradece ao levá-lo na boca e vira tudo em pouco goles. 

Respira e coloca a mão os seios.

— Puta merda! — reclama e deixa o copo vazio na mesa. — O que é isso?!

Cubro a boca tentando me controlar, mas não consigo e começo a rir. Susan me encara como se eu fosse louca. Tento parar, mas a sua cara pasma e avermelhada é tão engraçada que começo a gargalhar.

— Qual a graça?! — pergunta se abanando com as mãos. — Isso foi um coice!

Concordo com a cabeça.

— Desculpa — peço limpando as lágrimas dos olhos. — Eu deixei aí antes de te atender.

— É conhaque?! — pergunta desacreditada.

— É sim.

— Você toma conhaque?! — pergunta unindo as sobrancelhas.

— Não. Usei para fazer o estrogonofe e tomei um gole.

Ela expira o ar de dentro do corpo, numa lufada e arregala os olhos.

— Meu Deus! Tô pegando fogo! 

Toca seu rosto e abre a jaqueta e a tira, apoiando no encosto da cadeira. Está com uma camiseta cropped branca, de mangas curtas. Ela é larguinha e tem uma bandeira de Londres estampada. Sobre o abdômen exposto, os riscos da tatuagem aparecem. Agora sei onde terminam e vê-los me faz lembrar dela no banho.

— Foi mal.

Ela me lança com um olhar engraçado.

— Você vai comer mais? — quero saber.

Seu prato está vazio.

— Não. Estou satisfeita. Obrigada.

Adianto para pegar a louça suja da mesa.

— Então me deixa lavar isso... é rapidinho.

Sigo para pia com tudo nas mãos.

Susan: A história de uma travesti que se apaixona por uma mulher ((DEGUSTAÇÃO))Onde histórias criam vida. Descubra agora