DISTRITO VERMELHO

27| COMO O FIM DE UM ESPETÁCULO

Esse mundo pode te machucar
Te cortar profundamente
e deixar uma cicatriz
As coisas desmoronam,
mas nada quebra como um coração
(Nothing Breaks Like a Heart -Mark Ronson)

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A s  m a d r u g a d a s  t e n d e m  a  s e r perigosas, mas somente quando existe um perigo real por trás delas. Emory vivenciou muitas madrugadas perigosas, desafiadoras e letais, pode-se dizer que Rivieri é uma sobrevivente de inúmeros perigos, entretanto, é impossível dizer que sua sanidade saiu ilesa. Emory Rivieri, tatuadora e piloto do Distrito Vermelho, nunca se importou fielmente com sua vida, mesmo tendo medo de morrer, ela ainda estava vivendo ao extremo.

Mas, até mesmo para Emory, existe um limite até onde ela pode aguentar, e talvez hoje ela chegue ao limite.

As pessoas dizem que fugir dos seus problemas nunca é a solução, Emory duvidava disso, não é à toa que agora ela é uma fugitiva com uma identidade diferente e uma vida diferente. Mas pendências mal resolvidas sempre voltam para acertar as contas.

E as pendências de Emory deixadas para trás voltaram.

Durante a madrugada, enquanto Emory entregava-se à terra dos sonhos sem pesadelos, seu celular toca. Achando muito suspeito ao ver o nome da sua amiga brilhar na tela do smartphone, Rivieri já atende com certo medo do que poderia vir a seguir, e ela estava certa ao ter medo, seu pior pesadelo havia voltado, Thent.

A princípio, Rivieri pensou que era coisa da sua cabeça, a voz que ouviu era uma simples alucinação, todavia; não era somente isso, uma simples alucinação, era real, a voz de Thent estava ali do outro lado da tela.

E o mais importante, sua amiga estava com ele, aumentando ainda mais o medo de Emory.

Há muito tempo Emory não hiperventilava, porém, ao atender o telefone, Rivieri começou a hiperventilar. Sua mente ficou em branco, sua cabeça parecia dar voltas, ela somente concentrava-se na voz que ouvia e no medo que estava sentindo a cada palavra de Thent.

— Olá, minha querida Emory.

Emory arregalou os olhos e colocou a mão na boca em choque, ela não podia acreditar no que ouvia, não podia ser real.

Não podia!

— T-thent? — sua voz tremeu.

Por favor, que não seja real! Que não seja real! Por favor, por favor, por favor!

— Que coisa maravilhosa! Vejo que não me esqueceu, sinto-me privilegiado, minha querida.

Emory teve dificuldades em segurar o celular, pois suas mãos tremiam. Rivieri começou a respirar com dificuldade.

Tantas perguntas passaram por sua cabeça, mas uma prevalecia sobre todas as suas dúvidas.

— Onde está Nestla?

— Ah, a loira de belos olhos? — Thent riu. — Ela está aqui, me encarando com tanto medo que está me deixando excitado.

Emory sentiu vontade de vomitar.

— Seu desgraçado, nojento! Não ouse tocar nela!

— Ó, ó, é melhor ver como fala comigo, lembre-se que estou com sua amiguinha, e que a vida dela depende de como você me trata, porém, eu não prometo nada.

Emory passou as mãos nos cabelos, nervosa.

Ela já imaginava o motivo da ligação de Thent. Ele queria ela de volta no Distrito Vermelho.