06| UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL

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Eu me mantenho atrás de uma parede
de pessoas e pensamentos
Controle mental
E eu seguro uma espada para me guiar
Estou lutando pra sobreviver
(Warrior - Aurora)

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B a t i m e n t o  c a r d í a c o pulsando lentamente em seus ouvidos, tentando fugir do silêncio mórbido do quarto, Emory encontra-se deitada encarando o teto branco com manchas amareladas. Chorando em um grito silencioso, Rivieri sente como um oceano que tem toda à sua luz apagada, em um estado de torpor inebriante, anestesiada de emoções e sensações, nada vem para à superfície, simplesmente tudo que Emory guarda dentro de si, está enterrado profundamente em algum lugar. Distante e profundo.

Passaram-se dias desde o seu encontro com Thent, Emory continua igual quando saiu da boate, rosto estoico e olhos vazios. Perdida em pensamentos que correm depressa, igual ao seu carro nas pistas perigosas do Distrito. As curvas arriscadas, desviam para lugares distantes e solitários. Sem uma única alma para apaziguar o terreno de terras desconhecidas.

Muitas coisas vêm acontecendo, e Emory sabe que nenhuma delas é boa, nada nesse lugar esquecido por Deus é bom. Nem se quer uma única alma.

Emory encontra-se em um dilema interno entre o alívio de não sentir nada, ou o pânico de não ter emoção para guiá-la. Tudo o que Rivieri sabe, é que ela está perdida sem saber o que fazer. Seu pescoço já estava com uma corda amarrada a ele há muito tempo, em seu encontro com Thent, ele definitivamente empurrou a cadeira e a deixou pendurada.

Passaram-se dias e Emory não conseguiu fazer nada. Ela estava completamente sem ânimo, sem energia e sem esperanças. Seus dias cinzentos e auto-depreciativos, resumiram-se em horas encarando o teto e horas dormindo, nem seu estúdio foi aberto para os clientes. No seu celular há inúmeras ligações perdidas e mensagens nãos lidas de Nestla e Ryle.

Emory só precisava de um tempo.

Tempo para reorganizar tudo no lugar, procurar saídas para sua situação delicada.

Como Emory conseguirá pagar a dívida milionária que foi jogada nas suas costas? Ela ainda não sabe, mas com certeza encontrará uma saída para isso. Como ela sempre fez.

Thent quer mais dinheiro, e Emory precisará pagar o valor exigido. Mesmo com as corridas e o dinheiro do seu estúdio, não será o suficiente; além de Thent, Emory precisa de dinheiro para conseguir sobreviver. Não adiantaria ela entregar tudo o que ganha com o estúdio ao bastardo ganancioso e morrer de fome, pois em menos de uma semana ela não terá forças nem para continuar.

Única saída que sua mente lhe ofereceu, foi encontrar outro emprego. Meio período talvez seja suficiente.

Emory estava muito cansada. O seu cansaço vai além do físico, seu cansaço é mental.

Oh, Deus, eu preciso de ajuda!

Levantando-se do meio de seus lençóis que lhes oferecem conforto, Emory vai até o banheiro para tomar um longo banho, pode ser que água que desce pelo ralo, leve também todos os seus sentimentos túrbidos.

Que pensamento mais inocente, nada é capaz de tirar todos os seus problemas de suas costas, nem mesmo ela é capaz.

Durante os dias em que Emory escondeu-se do mundo, ela pensou em Kiara, e por onde a morena esteve. Desde aquele dia, Rivieri nunca mais soube nada sobre ela; Emory queria saber se Kiara conseguiu sair do Distrito — Emory supôs que Kiara saiu, afinal ninguém sai de repente e cheio de mistério, e como ela tem se saído na sua vida longe do inferno, nomeado Distrito Vermelho.

Emory quer acreditar que Kiara começará uma vida normal, porém ela não é tola o suficiente para se enganar com esse pensamento. Uma vez que você está no Distrito, e está em dívidas com ele, você permanecerá no Distrito; caso decida sair, deverá ter em mente que será caçado até o inferno e morrerá.

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