Capítulo 17 - Umbra Aeternus

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Durante as semanas seguintes procurei nunca ficar isolada, por mais que o professor Lockhart não estivesse mais com o seu jeito de costume, aquela ameaça era real, eu sabia que na primeira oportunidade em que estivesse sozinha ele surgiria de algum canto. Infelizmente Justino tinha sido atacado junto com o senhor Nicolas e Harry foi mais uma vez julgado como culpado por estar na cena, o meu tempo estava acabando e não havia dado nenhum avanço enquanto as investigações. O livro das gerações não me respondia, Draco tentava me ajudar a achar qualquer pista sobre Mudrock, então era comum após as aulas irmos escondidos até a sala, onde ele me fazia companhia em meus treinos e pesquisas.

- Será que não era uma memória modificada? Ele alterou o que podia ser aquele bicho – Draco já estava entediado no sofá.

- Eu pensei nessa possibilidade, mas é somente essa que era estranha, eu sinto que a resposta tá na ponta do meu nariz e não consigo ver, ainda tem o problema de onde é a câmara – Disse jogada de cara no chão.

- A gente podia procurar no segundo andar então a câmara.

- Nem pensar Draco, isso é perigoso, eu vou sozinha.

- Negativo, sabe lá o que é isso e o Lockhart... Porque você não foi contar para o Dumbledore? Ia fazer um favor tirando aquele babaca. Meu pai ia adorar ir no julgamento dele – Soltando uma risada baixa.

- Eu sinto que não devo confiar no Dumbledore – Draco sai do sofá e se deita do lado da menina aninhando sua cabeça na costa da mesma – Tem algo nele que não se encaixa.

- Ele deve saber sobre a câmara.

- Não duvido. Amanhã vai ser jogo da Grifinória contra a Corvinal, todo mundo vai tá lá, até os professores...

- Então vai ser amanhã? – Olhando desconfiado.

- Sim.

Já estava ficando tarde quando as crianças decidiram ir para suas comunais, Merlin pediu para Pirraça acompanhar Draco até perto das masmorras, ela já tinha traçado um caminho que considerava seguro o suficiente para não trombar com ninguém, os corredores já estavam vazios, o coaxar dos sapos, o canto dos grilos, era uma bela noite de fim de inverno.

Deixei meus pensamentos divagarem sobre tudo que já tinha acontecido em minha vida até o momento, o luar misturado com a neve era acolhedor, o que era ser um Merlin? Minha magia sempre foi mais intensa, eu posso sentir fluir por cada veia, exalar por cada poro, mas nunca foi algo que acreditava como especial, as vezes que escapava de casa escondida para ir até as vendas de não bruxos, ela se manifestava discretamente me protegendo. 

As histórias que se perderam no tempo, as que foram inventadas, todas tem um ponto, Merlin nunca será "normal" dentre os dois mundos, seu destino sempre foi entrelaçado como excêntrico, louco e solitário na maior parte. Tanto para os comuns quantos bruxos, todos são descritos como "O Sol" e "A Lua", as suas personalidades e o jeito de manipular a magia, suas criações e feitos ao mundo, suas gravuras sempre eram em estilo medieval e atrás deles uma imagem dos astros. Mesmo com tanto poder se sentia vazia e fraca, o que adiantava ter tantos títulos e não saber usar para se proteger e proteger quem ama? Ridículo! Onde estava aquela garota que sorria até para o vento? A chama de seu coração se extinguirá? Tudo a sua volta começava a ter um tom de realidade amarga, uma parte de sua memória era extinta, a outra foi moldada na casa de elfos, afinal, quem era ela?

Seguindo pelo seu caminho, cantarolava algo que não podia ser entendido por outros, apenas ela sabia o que cada som daquele representava, era a canção que vivia ao fundo de sua mente, quem sabe o que significava. Os sons que podiam ser percebidos era novamente sua orquestra, a doce e solitária Merlin esquecia seus medos e se entregava ao cântico que preenchia aqueles corredores, pulava e girava de acordo com as notas, se assemelhava a uma valsa, o sorriso que se escondia durante esse tempo retornou ao seu rosto, tudo estava exatamente onde devia estar, o fogo crepitante das tochas, o vento gelado no rosto, o luar iluminando sua última filha, finalizando sua dança próxima a um arco, virou-se a Lua e a saudou como um doce amigo.

Eclipse - Neville Longbottom e Alyssa MerlinOnde histórias criam vida. Descubra agora