Instinto

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-Você está bem longe de casa, não é? -Shankar engoliu em seco. -Filha da Serpente.

-Me conhece? -Noor inclinou a cabeça para o lado.

Ela usava uma túnica bege, um lenço vermelho sobre os ombros.

-Já ouvi histórias à respeito de seu Clã. -Shankar respondeu, em seguida se virou de lado e estendeu a mão para ela. -Venha, vamos conversar.

-Sim. -Noor sorriu, caminhou devagar e pegou sua mão delicadamente.

A vibração de milhares de explosões solares vindo de uma garota tão pequena quanto Noor, os olhos de Shankar lampejaram, Noor se encolheu ao sentir o vazio que guardava o Todo se expandindo em seu ser, o poder de Shankar.

Ambos se encararam por alguns segundos, se recomporam e seguiram para o templo de Shankar.

Quando saíram da floresta e adentraram no jardim, Jaya e Niyati se levantaram, espantadas com a presença da mulher misteriosa que caminhava ao lado de Shankar tranquilamente.

-Quero que conheça minha irmã, Niyati. -Shankar gesticulou para a irmã, e em seguida gesticulou para Jaya. -E minha esposa, Jaya.

Noor fez uma breve reverência às duas mulheres, abrindo um sorriso que era quase como um escândalo. 

Jaya arregalou os olhos diante da visão, Niyati se encolheu.

-Jaya é filha das Montanhas. -Shankar continuou calmamente, se aproximando mais da esposa. -Ela é líder do Clã das Lâminas que fica próximo daqui. 

-É uma honra conhecê-las. -Noor disse sorrindo para elas ternamente, lançou um olhar intimidador para Jaya, que se encolheu mas sustentou o contato visual. 

-Niyati, Jaya, esta é Noor, Filha da Serpente, herdeira da Serpente Solar e líder do Clã do Sol. -Shankar apresentou a bela mulher. 

-Clã do Sol? -Jaya a encarou. -Eu nunca...

-Fica muito, muito longe daqui, minha senhora. -Noor explicou. 

-O que está... -Jaya murmurou, em seguida deu um pigarro, se endireitando. -O que a traz aqui? 

-É exatamente isso que vamos discutir agora. -Shankar sorriu para Jaya. -Venha, vamos todos tomar chá.

Shankar guiou Noor, Jaya e Niyati para dentro do templo, sentaram-se na mesa do refeitório, ele lhes serviu chá e se sentou ao lado de Jaya, segurando sua mão, ambos de frente para Noor, Niyati se manteve do outro lado do salão com o bebê, atenta às reações de Shankar e Jaya, já que não falava a língua comum e não compreendia a conversa. 

-Céus... É belíssimo. -Noor arquejou, olhando para as paredes e teto pintados com tons quentes, as colunas de madeira elegantemente esculpidas. -Realmente, as histórias à respeito do seu santuário não estavam exagerando quando diziam que aqui era extremamente belo e imponente.

-Obrigado, minha senhora. -Shankar sorriu para a garota, ela corou e baixou os olhos para a xícara em suas mãos.

-Peço perdão pela inconveniência de chegar sem avisar. -Noor disse, tomando um gole de chá. -Eu quero que saibam que não tenho intenção alguma de estourar um conflito com os clãs de vocês, na verdade eu só estou de passagem. 

-Diga-nos, senhora... -Jaya se inclinou para frente, hipnotizada com a essência de Noor. -Nos conte sobre seu povo... E o que faz aqui... 

-Bem, meu Clã é muito antigo... Talvez tão antigo quanto o clã das Matas. -Noor olhou nos olhos de Shankar, ele a encarava igualmente hipnotizado. -Somos um povo do oeste, longe, muito longe daqui, orgulhosos e poderosos... A minha mãe é a deusa Serpente Solar, ela que rasga o véu da escuridão para erguer o sol no céu. 

O Lótus e o TridenteOnde histórias criam vida. Descubra agora