Sussurros

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Najla abriu os olhos, um pouco grogue da noite anterior, gemeu baixinho e se espreguiçou, sentindo os braços de Yuliy envolvendo-a delicadamente, ela ergueu os olhos para olhar para o rosto dele, notando que ele ainda dormia profundamente, ela colocou ambas as mãos sobre o peito dele para se apoiar, Najla olhou para o lado, vendo Jaya adormecida, seus braços ao redor da cintura de Najla, olhou para o outro lado, não encontrou Shankar. 

Ela se remexeu com cuidado, se desvencilhando dos abraços que a envolviam ali, se levantando, cambaleando até a porta, moveu a mão no ar de maneira preguiçosa, a névoa dourada cobrindo seu corpo, fazendo roupas confortáveis e quentes surgirem em seu corpo, abriu a porta e foi para a cozinha. 

-Bismillah... -Najla cambaleava pelos corredores, levou a mão à testa, tonta e um pouco enjoada, desceu as escadas, sua visão um pouco turva. 

Com certa lentidão e dificuldade ela conseguiu chegar à cozinha, o templo estava frio, o dia, nublado. 

-O clima mudou de repente, princesa. -Shankar sussurrou, Najla ergueu os olhos, buscando por sua voz. 

Ele estava diante do fogo, mexendo um grande tacho, dentro fervia uma mistura aromática e clara, o cheiro era irresistível, a cozinha inteira estava cheirando à especiarias. 

-Bom dia... -Shankar sorriu de forma serena para ela. 

-Acho... Acho que o dia ainda não começou. -Najla sussurrou, ainda grogue. 

-O dia só está nublado, princesa. -Shankar riu baixinho. -Eu não esperava que fosse acordar tão cedo... Eu pretendia...

-Levar o chá até o quarto? -Najla completou. 

Shankar sorriu gentilmente para ela.

-Sente-se, princesa. -Shankar gesticulou para que ela se sentasse diante da mesa. -Parece que vai cair. 

-Bismillah... -Najla resmungou, se sentando na cadeira diante da mesa como ele sugeriu. -Você acordou há tempo?

-Eu não dormi. -Shankar confessou. 

Ele se virou para o grande tacho, pegou um copo e serviu a mistura, se virou de volta para Najla, esticou o braço com o copo fumegante, colocando-o sobre a mesa diante dela, Najla olhou para o copo escaldante, em seguida ergueu os olhos para olhar para Shankar.

-O que aconteceu? Você está bem? -Najla sussurrou. 

-Beba o chá, princesa. -Shankar sorriu para ela, pegando mais um copo e servindo chá para si, se sentou de frente para ela, assoprou o chá e deu um pequeno gole sem se importar com a temperatura. -Não se preocupe comigo.

-Shankar... -Najla estava séria, pegou o chá fumegante e levou aos lábios, o calor extremo não a machucava. 

Shankar suspirou, ainda preso aos olhos dela, se debruçou sobre a mesa.

-Me desculpe... Eu só... Estou muito eufórico com tudo o que vivi nesses últimos meses, e a última semana foi... Mais agitada do que eu esperava, talvez até mais agitada do que todas as minhas existências... E isso me deixa intrigado. -Shankar disparou, levando o chá aos lábios. 

Najla suspirou, se sentindo muito bem, quase revigorada após provar do chá que ele preparou. 

-O que você está pensando?

-Não sei, me sinto confuso. -Shankar suspirou, dando mais um gole de chá, se levantou em silêncio e foi pegar algo na dispensa, voltou com pão fresco e colocou-o sobre a mesa. -Coma, você está pálida.

Najla não protestou, realmente estava faminta, pegou um pedaço de pão e levou à boca.

-Shankar... -Najla chamou depois de um tempo, ele olhou para ela. -Por que está me evitando?

O Lótus e o TridenteOnde histórias criam vida. Descubra agora