A Princesa do Fogo

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-Vai partir no meio das monções, senhora? -Kiri perguntou enquanto seguia Jaya até a carruagem.

-Não há melhor época, afinal. -Jaya respondeu, colocando a mala dentro da carruagem. -As estradas estão vazias, todos estão recolhidos em suas casas, ninguém virá me incomodar.

-Mas a senhora vai para um reino distante... E sozinha? -Kiri sussurrou, entregando-lhe outra mala. 

-Quem poderá contra mim, Kiri? -Jaya sorriu ferozmente para ela.

O rosto de Kiri se iluminou, retribuiu o sorriso, radiante.

-Não a vejo com este semblante há séculos. -Kiri comentou.

Jaya apertou os lábios, tentando reprimir o sorriso.

-Se me permite, senhora, quais assuntos tem para tratar no Oeste? -Kiri perguntou enquanto colocava uma caixa no bagageiro.

-Sinto que há algo a aprender com a líder do clã do Sol. -Jaya respondeu enquanto trançava os cabelos habilmente. -Pode ser que eu fique um tempo fora, Kiri, pode ser que dure alguns anos. 

-Sei que vai demorar a voltar, até onde sei, o reino é muito distante daqui... -Kiri fitou o vazio. -Não sei o que a motivou a ir até lá, mas por favor, me escreva sempre que puder, e retorne em breve... 

Kiri reprimiu o choro, Jaya a puxou para perto, tomando-a nos braços firmemente. 

-Eu vou voltar, Kiri, pode ter certeza disso. -Jaya sussurrou sobre o ombro dela. -Diga às meninas para darem seu melhor, diga para elas que me orgulho muito de seus esforços. 

-Vou sentir tanto sua falta... -Kiri se entregou ao choro, agarrando Jaya com urgência. 

-Vou manter contato sempre que possível... -Jaya afagou os cabelos dela. -Não se esqueça que amo você. 

-Vá em segurança, senhora. -Kiri disse, pegando as mãos dela e beijando-as. 

-Kiri, está na hora de me chamar de Jaya de uma vez por todas. -Jaya riu. -Sou sua melhor amiga, sua irmã. 

-Sim, Jaya... 

Kiri olhou para o cocheiro por um longo momento antes de olhar de volta para Jaya, as lágrimas caindo por seu rosto.

Jaya deu um beijo em sua testa e se desvencilhou do abraço, entrou na carruagem, Kiri comandou que abrissem os portões, Jaya antes de fechar a porta acenou para suas súditas, se despedindo, elas acenaram de volta, quando a carruagem começou a andar, as mais novas correram na chuva atrás da carruagem gritando seu nome, desejando-lhe boa viagem.


Jaya seguiu pela estrada rumo ao leste, sozinha, apenas com Amin, seu cocheiro que conduzia a carruagem, com o qual ela mal conversava... Seria melhor assim. 

Até onde ela sabia, de acordo com algumas escrituras antigas que achou em seu templo, o território do Clã do Sol ficava a cerca de sete mil e trezentos quilômetros de seu território na floresta. Seria uma travessia de mais de dois meses na estrada, mas ela estava disposta à qualquer coisa para encontrar a Filha da Serpente. 

Como um amor antigo.

Como se ela tivesse alguma resposta para suas dúvidas.

Como se ela fosse a peça que faltava para algo que não entendia ainda direito.

-Estamos no final de shrāvana... -Jaya sussurrou enquanto escrevia em seu diário, decidiu que registraria toda a viagem, guardaria os registros como relíquias em seu templo para as gerações futuras. -Chegaremos no reino da Serpente em meados de āshwin.

O Lótus e o TridenteOnde histórias criam vida. Descubra agora