Escuridão - Drakón

Oasis Corrompido

O oásis era um lugar abençoado: água cristalina escorria das rochas diretamente para um grande lago azul-piscina. Poucas plantas aquáticas adornavam o fundo, mas a água era pura, com um frescor inigualável. Inúmeras árvores frutíferas, legumes e verduras vicejavam em campos separados, naturalmente irrigados por aquela preciosidade. O grupo se reuniu à sombra para comer. Cho'Gon e Ez atacavam as melancias com gula, Mik'o se deleitava com uvas tão roxas e doces que pareciam mel, eu e Issy provávamos um pouco de tudo, enquanto Mahina dormia em uma sombra mais fresca, enrolada em suas caudas. Ela ainda se mostrava reservada, resultado do trauma de ter confiado demais nas pessoas no passado.

Pelo que soube dela, Mahina era a última descendente conhecida de um clã chamado Ioannes, uma família dedicada a criar híbridos para se tornarem Mestres da Dominação de Runas. De fato, eu sentia uma força incrível emanando dela e entendia o motivo de estarem quase extintos. O que guardei para mim foi o fato de todos aqueles seres poderosos que conheci me tratarem como se eu pertencesse a esse clã. Como uma híbrida dominadora das Runas Corrompidas, talvez eu tivesse alguma ascendência deles, o que nos tornaria... família.

"Este lugar é maravilhoso! Eu nunca consegui entrar aqui...", Mik'o exclamou, saboreando as frutas que pareciam o mais puro mel de fadas. "Obrigada, Chozinho. Se você não tivesse me purificado, eu jamais conseguiria entrar aqui."

"Não fiz nada demais. Você sempre teve um bom coração... Apenas quebrei o controle da maldição do Íncubo sobre você", Cho'Gon respondeu, com naturalidade. Mahina pareceu ouvir a conversa e se encolheu ainda mais em seu "sono". "Este lugar me lembra algo... Não sei o quê. Mas tem aqueles cristais aqui, em abundância. Sinto-os por toda parte."

"...Consegue sentir os Cristais de Runa?", Mahina perguntou, abrindo os olhos e se desenrolando. Ela parecia desconfortável. Suas Runas Amarelas se manifestaram em seu corpo e, por algum motivo, as de todos nós reagiram também. Gon e eu exibimos cores brancas e negras, representando a Luminescência e a Caligem; Mik'o e Issy, tons roxos e verdes, representando a Potência e a Aragem; e as da própria raposa representavam a Leiva. Ela se levantou e caminhou até mim e meu irmãozinho.

"Eu sabia que havia algo estranho em vocês dois. Essas Mudanças Etéreas que vocês usam... Não sei como, mas se parecem com as do meu clã. Vocês são... Gon e Hira Ioannes, não são?"

Minha expressão de confusão superou a de surpresa. As runas de Mahina se estenderam por todo o seu corpo, seus cabelos castanhos adquiriram um tom loiro, combinando com seus olhos, e sua forma de raposa se tornou mais evidente, quase demoníaca. Mas logo a transformação se desfez, e a garota caiu de joelhos, ofegante.

"Se vocês conhecem essa transformação, devem ser..."

"Eles são do Clã Hil'Su", uma voz soou de cima. A pequena garota de cabelos vermelhos estava sentada em uma rocha elevada, saboreando uma maçã.

O espanto de Mik'o e Issy era evidente, mas por quê? Seus sentimentos eram de puro terror. Eu não entendia nada, mas uma coisa era clara: saltei na direção de Maeve e a agarrei, prendendo suas vestes em suas nádegas enquanto a segurava pelo pescoço.

"Explique-se agora, Maeve Linker!", ordenei.

"Senhorita Hira...", Issy se adiantou, gaguejando. "Esse nome é de um clã amaldiçoado. Nem mesmo eu ouso falar sobre ele... Me dá calafrios só de ouvir... A líder dessa família, Pandora, é tida como o próprio diabo. Até demônios como a Senhorita Mik'o temem a lenda dela. Dizem que essa mulher deu à luz a escuridão do mundo e que até mesmo o Reino dos Espíritos a rejeitou após sua morte... Ela foi executada em praça pública no Reino dos Anjos, mas nenhuma raça acredita nisso. Dizem que até hoje podem vê-la quando estão prestes a morrer."