Sete Exércitos

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Fugimos por dois dias até encontrarmos uma região montanhosa. O veneno de Anaí agia lentamente em todos nós, até mesmo nos Meio-Húlluk, e aproveitamos para testar ervas medicinais durante a jornada. A intenção daquele veneno era matar lentamente e da maneira mais dolorosa possível. Entramos em uma caverna e ali acampamos. Comecei a sintetizar um antídoto, fazendo testes e mais testes, mas era uma missão árdua. Quase não tínhamos equipamento, e o coração acelerado, junto com os efeitos na mente, nos deixavam instáveis a cada fracasso. Vários testes foram necessários, várias misturas.

Na realidade, somente uma bruxa poderia criar um antídoto tão poderoso, mas não encontramos nenhuma em nossa busca. Então, na base da tentativa e erro, fui entendendo aos poucos a essência daquela toxina. Enquanto fazia isso, meus olhos mudavam de cor, assumindo um tom de ferro polido.

Nesse meio tempo, Cho'Gon e Maeve permaneciam desacordados, mas, de tempos em tempos, Mahina colocava a mão em suas testas, checando suas Runas. Elas estavam em constante interação, mas aparentemente não estavam sozinhas? Não entendi bem essa parte, mas, segundo a híbrida, os dois se encontravam em um plano diferente do nosso e conversavam com uma mulher de cabelos negros com alguns fios grisalhos, além de uma Elfa Negra e um Sereiano.

Issy era um ótimo assistente e tinha um bom conhecimento de medicina. Todos os itens que Ez trazia eram úteis para muitas coisas: alimentação, remédios extras e poções.

Sintetizamos o produto final depois de dias, administrando-o em ambos após nós mesmos o ingerirmos. Mas, aparentemente, o efeito também seria lento. Enquanto esperávamos que eles acordassem, os dois monstros da equipe me chamaram de lado e me apresentaram um plano alternativo, o qual coloquei em ação imediatamente. Isso demorou algum tempo, e fiquei sem dormir durante todo o processo, sentindo lentamente meu raciocínio voltar ao normal, além do coração se acalmar, embora ainda estivesse imerso em tristeza.

Algo estranho que reparei é que sempre havia uma coruja das tempestades nos observando fixamente. Quando eu olhava para ela, seus olhos brilhavam em um tom de prata polida, mas isso não era o mais importante no momento.

Corri para a caverna ao ouvir um uivo de Ez, aparentemente feliz. Fiquei cheia de esperança, mas não sabia como contaria a eles que nossa irmã se fora...

"Eles acordaram! Senhorita Hira, o antídoto finalmente fez efeito!", Issy gritou ao me ver entrar. Quando os vi, sorri e acabei desmaiando. Estava exausta, e o alívio dissipou a tensão que me mantinha em estado de insônia. "Entendo... Estamos trabalhando nisso sem descanso há quase 26 dias...", o garoto me cobriu e foi até meu irmão, movendo o dedo de um lado para o outro para ver os olhos dele acompanhando. "Que bom, está consciente... Graças aos Criadores..."

No momento em que Issy se sentou, caiu para trás, sendo amparado pela ruiva, agora uma adulta belíssima. Ela usava minhas roupas antigas, embora estivessem apertadas. Seu tipo físico se assemelhava ao de Mik'o, bem voluptuoso. Eles olharam em volta, tentando entender a situação.

"Eles trabalharam muito tempo para sintetizar um antídoto... Uma poção assim... Acho que ela 'despertou', Silung...", Maeve olhou em volta, estranhando a paisagem da gruta. "Onde estamos?", perguntou, deitando o Elfo ao meu lado. Eu o abracei. Gon olhou aquilo com um pouco de ciúmes e suspirou, sentando-se. Maeve sentou-se ao lado dele. "...Sua irmã vai me matar pelo que aconteceu. Foi minha culpa Mik'o ter partido... Mas, durante essa quase morte, descobrimos algumas coisas boas. A alma da súcubo, assim como a do Príncipe Choco e da sua mãe... Sinceramente, não esperava que viessem nos encontrar 'naquele lugar'..."

"Foi nossa culpa, eu também fui descuidado, Maeve... Mas foi bom conversar com você durante esse tempo no 'Reino dos Espíritos'... Foram alguns dias, mas agora realmente sei algumas coisas sobre quem você é... E que a mamãe está morta", Gon se levantou, farejou o ar e sorriu. Ez trazia uma peça de roupa de Mik'o na boca e entregou para Maeve, dizendo algo na língua dos monstros. "Eu concordo, essas roupas estão apertadas em você. Sinceramente, fico triste em saber que nunca mais a verei enquanto eu viver... Mas pude me despedir e sei que ela reencarnou em Thá Elt... Algum dia, mesmo que demore, eu vou me reencontrar com ela."

Escuridão - DrakónOnde histórias criam vida. Descubra agora