A (Rainha de Copas) Imperatriz

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OTÁVIO

A semana passa rápido e estamos em plena sexta no refeitório do prédio da EA (Engenharias e Arquitetura como os estudantes chamam). Dessa vez não há sinal algum do Herus Bostelho. Não que eu me importe ou esteja preocupado. Só não quero ver aquele rostinho bonito e prepotente. Ele não é bonito! Embora seja. Inferno!

— Otávio. Que cara azeda é essa? — Adriana me cutuca com a base do seu pincel. Ela está preparando um rascunho de sua próxima tela.

— O que? Nada não! — Disfarço com um sorriso — O Kupper chegou — levanto a mão para chamar meu amigo e bato em algo.

— Puta que pariu! — Essa voz não... como ele apareceu do nada!? — Você deve estar de sacanagem com minha cara! Só pode! — Me viro esperando o pior.

— Eu juro que foi sem querer — digo e levanto rapidamente. As pessoas na cantina estão olhando.

— Sorte que você não me sujou, calouro! — Herus está bufando de raiva e me fuzilando com os olhos.

— Herus, não! — Adriana o encara e ele se retira do lugar, puto de raiva.

— Eu já posso entrar no programa de proteção às testemunhas? — Me sento e coloco a mão na cabeça preocupado.

— Você devia se benzer antes de vir nesse prédio — Kupper tenta fazer uma piada.

— Você conhece o esquentadinho? Naty pergunta a Adriana.

— Ele é um conhecido apenas.

— Hormônios — Natália suspira — ou drogas. Esses jovens são assim.

— Pfu! Vocês não prestam! — Consigo rir disso tudo.

— Então vamos sair amanhã!? Adriana se anima.

— Eu ainda não fui em nenhuma balada — digo e os olhos de Adriana brilham.

— Uma alma virgem!

— Adri. Não! — Kupper parece uma mãe tentando proteger a cria.

— Hoje tem festa dos calouros no anfiteatro do meu prédio.

O Bacanal de Artes — Naty diz em um tom de malícia — delicious!

— Vai ter bebidas? — Meu faro de farra e encrenca apita.

— Você deveria perguntar que tipo de bebidas, anjo do álcool — super amo a Adriana e seus comentários.

— Seu pai chega hoje, Otávio. Não esqueça disso.

— Não seja o padrasto, agora Kupper. Só diga que vamos. Simmm? — Eu começo a sacudir o braço dele como uma criança pedindo um brinquedo na loja.

— Tá bom! Eu vou! — Vibramos com ele decidindo ir contra sua vontade — Mas avise o seu pai. Essas festas são bem pesadas às vezes e terminam tarde.

— Claro que vou! — Meu celular toca e é meu pai Daniel. — Meu outro pai no telefone. Já volto! — Saio da cantina e fico em um cantinho pra conversar com meu pai. — Alô, paizinho!.

— Agora é paizinho? Mas nem me ligou desde domingo!

— Bronca não... — faço manha — como estão as coisas por aí?

— Saudades de você, meu filho. Está tudo bem, graças a Deus. Trabalhando bastante e eu vou sair mais tarde com a sua tia Débora.

— Sério? Manda um beijão pra ela! Fico feliz que meu paizinho esteja saindo de novo.

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