A Irmandade dos Arcanos

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HERUS

Quinta-feira, sete da noite. A reunião extraordinária entre os estudantes mais importantes da Uni, livres de qualquer suspeita, exemplos de futuros profissionais, mas com o pé no crime organizado. Nunca soube quando começaram, apenas que meu pai se tornou um dos chefes ao iniciar a sociedade com os outros donos da maior rede privada do país. Porém, o esquema de drogas e lavagem de dinheiro só se concentra aqui nessa cidade. Entendo que deve ser perigoso ampliar algo que gera um lucro de milhões por ano.

Estamos reunidos no ginásio de esportes. Presentes estão os valetes do meu bloco, os de saúde, direito, os valetes das licenciaturas, dos cursos de comunicação e artes. Adriana está em silêncio e tensa, farejando que esse possa ser seu último momento em posição de Imperatriz. Passos de salto no chão ecoam pela quadra e pela velocidade do andar, ela deve estar putassa.

– Cheguei e tive que sair mais cedo de uma aula importante, porém chata. Atravessei metade da cidade, porque soube que alguém anda pisando na bola! – Geórgia Nóbrega Bueno, a pessoa mais irritadiça e loira que conheço.

– Nem me fale! – Quem entra bocejando é o veterano de direito, Lucas Oliveira e Souto. Inteligente o suficiente para transformar um homem culpado em vítima das circunstâncias.

– Chegamos quase na mesma hora, Luquinhas! – Ácido e sorridente, ele é nada mais é nada menos que Júnior Fidelix. Herdeiro de uma rede de supermercados e fazendas em todo o estado. Além de ser um dos gays mais legais que conheço (acho que o único).

– Ótimo! O grupinho de mimados chegou e podemos começar a reunião – Adriana começa a destilar sua acidez.

– Cuidado com o que fala! – Georgia está estressada.

– Fique quieta, Adriana. Não piore sua situação – digo a ela. – Então amigos – início meu discurso – chamei vocês aqui devido a acontecimentos da primeira semana letiva e da que estamos.

– Não seja formal, Herus – Lucas fala – desembucha!

– É meu creme broulet, seja direto como sempre foi – Júnior faz seu comentário bajulador de sempre.

– Você me faz sorrir como ninguém, amigo. Enfim, temos o julgamento de Joabe ou como preferir, valete de copas. Vi ele tentando dopar um calouro na festa de boas vindas.

– Fodido! Eu vou cortar suas bolas! – Júnior é segurado por Lucas, porque ele literalmente iria espancar o Joabe. – Eu vou me controlar, Lucas! – Ele respira fundo. – Quero o banimento dele dessa instituição, nada menos do que isso!

– Concordo com o Juh – Lucas me olha e faz sinal de concordância.

– Georgia, alguma palavra? – Pergunto.

– Sim. Claro. Diz pra gente, Joabe. Como foi que você conseguiu esse tipo de droga? Ela é proibida por nós!

– Eu. É. Eu. – Joabe está sentado no meio do círculo de cadeiras que juntamos. Eu estou caminhando nesse círculo enquanto o encaro friamente.

– FALA LOGO! Georgia explode.

– Eu consegui com um amigo. Ele não é da Uni.

– Você fez o juramento. Conhece o que vem agora. Vai solicitar sua troca de instituição, além de jurar nunca mencionar esse grupo para ninguém ou vai morrer – Posso ter aberto a posição central dessa Irmandade louca, mas eu ainda tenho poder nessa merda.

– Eu vou me retirar agora. Posso? – Joabe está com um olhar de animal amedrontado, porque todos conhecem e são apresentados as consequências de desobedecer a Irmandade, mesmo nunca ter acontecido uma punição severa.

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