O Sacerdote

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HERUS

— Oppa! Oppa! — Hermione anunciando sua chegada pelo corredor de casa. Ela vem me fazer ler o romance boys love dela — Terminei um capítulo novo da minha novel!

— Eu juro que vomito se tiver que ler mais um capítulo desse seu drama adolescente! E você não é coreana. Para de me chamar assim!

— Tá! Eu paro. Mas você me prometeu! — Ela bate o pé e fica emburrada na porta do quarto. Eu adoro irritar Hermione de propósito.

— Claro que vou ler! Vamos, me dê aqui seu Ipad logo! — Ela entra no quarto toda animada e senta na beira da cama. Finjo tédio e pego seu texto pra ler.

— O Wendel já se declarou para o Cristoffer?

— Sem spoilers, maninho! — Ela levanta e diz que vai até a cozinha buscar suco para nós. Eu vou ler e deixar minhas anotações enquanto isso. Não entendo ela querer que eu leia sua novel. A mãe é dessa área e entende mais do que eu, mas fico feliz em ajudar minha irmãzinha.

Sobre a novel da Hermione... é uma história de descoberta de sentimentos na adolescência. É simples, mas as famílias dos protagonistas não se gostam e criam uma rixa, mas na escola eles têm de interagir e se tornam amigos clandestinamente e até saem juntos. Gostaria que os sentimentos fossem assim, simples como ela os descreve. Meu celular vibra e vejo que é uma ligação do Sacerdote, um amigo que me faz favores na Universidade.

— Fez o que te pedi?

— Claro! Os arcanos menores estão por dentro dos vacilos da nossa imperatriz.

— Mesmo ela tendo três institutos no seu controle, a gente não pode ceder.

— Ah, o valete de copas voltou e está querendo briga.

— Ele deve saber que fui eu quem deu ordem daquele sacode. Mas me mantém informado de qualquer coisa importante.

— Sou seu sacerdote! Sempre a postos.

Desligo o telefone e termino de ler e fazer as anotações no texto de minha irmã. Ela provavelmente desviou da cozinha e esqueceu do suco ou decidiu fazer um lanche e está com a mão na massa. Desço e a encontro na cozinha, olhando o celular e tentando copiar uma receita.

— Qual o prato de hoje?

— Essa pizza de frigideira — gosto da animação que Hermione tem.

— Vou à academia. Posso encomendar uma pizza?

— Deixa de ser bobo, Herus. Eu deixo no micro-ondas.

— Valeu!

Estou saindo e dou de cara com meu pai entrando pela porta da sala. Tento conversar com ele, mas como sempre sou ignorado com uma desculpa de a gente conversa outra hora. Desde quando abri mão da presidência do conselho estudantil e meu posto na Irmandade, ele tem me desprezado. Adriana assumiu o lugar central nas operações e ele aumentou mais a estima que tem por ela.

De imperador a mero observador. Assim tenho sido a cada dia, por dois anos. Adriana e eu nos conhecemos no primeiro ano da faculdade dela. Tudo foi tão intenso e maravilhoso. Não demorou muito até estarmos namorando e com isso ela passou a ter regalias: reconhecimento do seu trabalho artístico; posições de destaque nos diretórios acadêmicos; e quando o meu pai viu nela a ambição necessária, nomeou ela rainha de copas. O poder tomou sua cabeça e decepou sua razão. Ela conseguiu unir as outras casas da Uni e ampliou o esquema de drogas ilícitas, além de exercer influência nos valetes, ou melhor dizendo, nossos estudantes modelos e livres de qualquer suspeita, mas sedentos por poder e status. Coisas que a Irmandade dos Arcanos oferece àqueles que se mostrem dignos. A única regra é não deixar escapar nenhuma informação a professores, funcionários, ou qualquer pessoa que prejudique o esquema. Mas a Adriana tem deixado pontas soltas que eu tenho de aparar!

Os Arcanos e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora