Victória 📍
Complexo da Penha
Minha cabeça parecia que ia explodir.
— Victória — a voz dele tava me irritando pra caralho.
Desço do carro assim que chegamos na Penha e logo vou saindo andando pela rua.
— Caralho cara, deixa eu te explicar a porra toda — ele fica pra trás falando com vultos.
Porque comigo ele não ia falar.
Minha mente volta ao passado, me lembro da merda toda começar com meu pai por culpa dela.
Ele teve a cabeça tão fraca por causa dela que acabou entrando no vício que destruiu ele e nossa vida.
Era foda.
Lembrar que a minha vida começou a andar pra trás por causa da decisão dela me irrita.
Vou em passos rápido andando até a casa da Renata, precisa conversar com ela e distrair a minha cabeça.
Mas me deparo com ela junto a Cecília na porta da casa da japa.
O bom era isso, morávamos tudo perto uma da outra. Primeiro vem a casa da Cecília que é perto do restaurante da mãe, depois vem o da Renata e por último o meu — que era na mesma rua só Filipe — e não era longe uma da outra.
— Que cara é essa? — Renata pergunta assim que bate os olhos em mim.
Fui andando até abraçar ela.
— Ih... O que aquele cara fez contigo?
— Ele só faz merda — reclamo.
A imagem dela na minha mente volta novamente e fico irritada querendo chorar. Eu odiava aquela mulher, odiei o que fez.
As lágrimas caem quando não consigo controlar porque estava irritada.
— Vamos entrar — Cecília diz.
Entramos na sua casa vendo vazia. Me jogo no sofá dela e deito fechando os olhos.
— Desembucha — Renata bate na minha perna.
Abro os olhos vendo as duas sentada no chão me olhando.
— Eu vi a mulher que me colocou no mundo.
— A Maura? — as duas perguntam.
Sabiam que eram já que a amizade vem de anos, então elas e Érica conheceram a minha mãe.
— Sim.
— O que? Conta isso direito Amiga — Renata diz.
Me levanto limpando meu rosto.
— Filipe estava em contato com ela o tempo todo, todos aqui da comunidade sabe o que ela fez, ele também sabe que Maura me deixou e deixou meu pai, mas ainda assim parece estar em contato com ela o tempo inteiro sem me dizer nada.
— Mentira — Cecília leva a mão na boca — Mas por que ele?? — fica sem reação.
— Eu não sei, não deixei ele falar e também não quero saber.
— Pois você tinha que ter escutado pra saber mais do babado.
— Escutar pra que Renata? Pra saber que aquela puta andou em outro morro com um homem que nem conheço? Pouco se fudeu quando tive que vender água na rua pra conseguir ter o que comer depois que meu pai morreu? — acabo me exaltando.
Novamente sinto uma raiva fudida por ela. Tanto que torno a chorar, mas era de ódio mesmo.
Cruzo os braços e encaro a parede na minha frente apenas relembrando.
