09 | eu tenho um crush por você....

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Eu já havia tentado de tudo

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Eu já havia tentado de tudo. Fui racional, profissional e completamente focada no trabalho. Mas nada disso parecia funcionar. Estava cada vez mais difícil ignorar o que sentia por Alejandro Garnacho. A cada sessão que passávamos juntos, a cada troca de olhares, eu sentia a tensão crescer. Ele não tinha culpa disso, claro, mas eu? Bem, eu estava perdidamente apaixonada por ele. E, de alguma forma, isso estava interferindo no meu trabalho.

Como psicóloga do Manchester United, meu papel era ajudar os jogadores a lidar com suas emoções, frustrações e medos. Eu deveria ser imparcial, profissional, e acima de tudo, fria o suficiente para nunca me deixar levar por uma atração pessoal. Mas quando Alejandro estava perto, tudo se tornava mais difícil. O sorriso dele, as piadas espontâneas, a energia que ele trazia para o ambiente... tudo isso me desarmava de um jeito que eu não conseguia mais controlar.

Foi então que tomei uma decisão. Eu não podia mais ficar guardando isso dentro de mim. Escrever, para mim, sempre foi uma forma de libertação. Então, resolvi escrever uma carta para ele. Não esperava que ele a lesse, na verdade, mas precisava colocar para fora tudo o que estava entalado em minha garganta.

A carta ficou sobre a minha mesa, exatamente onde ele poderia encontrá-la, se fosse até lá. Eu sabia que não deveria fazer isso. Sabia que minha ética e meu código de conduta como psicóloga estavam em jogo. Mas, ao mesmo tempo, meu coração estava em frangalhos, e minha mente parecia não conseguir mais lidar com o turbilhão de emoções. A carta era uma forma de desabafar, de expor meus sentimentos sem ter que encarar as consequências, ou quem sabe, sem esperar nada em troca.

Coloquei a carta com cuidado, dobrei-a e a deixei no centro da mesa. Depois, saí da sala, tentando ignorar o peso que ela deixava atrás de mim. Eu precisava de um pouco de ar, de um pouco de distância. Quando saí, dei de cara com Luís, meu amigo de longa data e também psicólogo do clube.

- Oi, S/N, tudo bem? - ele perguntou, com aquele olhar de quem sabia que algo estava errado.

Eu ri baixinho, tentando disfarçar a ansiedade.

- Eu não sei, Luís. Na verdade, estou um pouco perdida. Acho que estou... apaixonada.

Ele levantou as sobrancelhas, mas ao invés de fazer uma piada como eu esperava, ele ficou sério.

- Apaixonada? - ele perguntou, em tom suave. - Isso é algo novo. Quem é o sortudo?

Eu hesitei, o peso da confissão quase me engolindo. Sabia que não deveria falar sobre isso, mas não consegui me controlar.

- Alejandro Garnacho - murmurei, sentindo um calor subir pelo meu pescoço.

Luís parecia surpreso, mas também não parecia completamente chocado. Ele sempre soubera que algo acontecia entre nós, mas eu nunca havia admitido para ele antes.

- E o que você vai fazer sobre isso? - perguntou ele, com uma leveza no tom.

- Não sei. Ele é meu paciente, meu trabalho é ser profissional. Eu não posso... isso é errado, né? - minha voz ficou mais baixa, quase uma súplica para que ele entendesse minha indecisão.

Luís me olhou com um olhar pensativo, e por um momento, ele permaneceu em silêncio. Ele parecia refletir profundamente sobre o que eu havia dito.

- Às vezes, é preciso deixar o coração falar. Mas também é necessário ser honesta consigo mesma - ele disse, depois de um tempo. - Só você pode saber até onde isso vai te levar. Mas você já tomou um passo importante, reconheceu o que sente. O resto vai se revelar com o tempo.

Eu suspirei, ainda um pouco insegura, mas grata pela sua amizade. A conversa me acalmou, e comecei a me sentir mais leve. Talvez, eu estivesse mesmo começando a dar espaço para o que meu coração queria, sem medo das consequências.

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Quando voltei para a minha sala, o que encontrei me pegou completamente de surpresa. Alejandro estava lá, parado em frente à minha mesa, com a carta nas mãos. Ele me olhou com aqueles olhos intensos, e uma expressão de surpresa e curiosidade se formou em seu rosto.

- Você escreveu isso? - ele perguntou, a voz baixa e suave.

Eu congelei. Não sabia o que fazer, não sabia como reagir. O que ele fazia ali, exatamente naquele momento? Como ele havia encontrado a carta? As palavras que eu havia colocado ali, tão cuidadosamente, de repente pareciam tão vulneráveis, tão expostas. Meu estômago se revirou.

- Eu... eu não esperava que você fosse... - gaguejei, sem saber como terminar a frase.

Alejandro sorriu suavemente, mas havia algo nos olhos dele que eu não sabia identificar. Ele leu a carta em voz alta, e eu senti meu corpo inteiro ficar quente com a intensidade das palavras que estavam sendo ditas.

- "As palavras que nunca disseram, os sentimentos que nunca se expressaram. No silêncio, teu sorriso me atravessa e me torna inteira. Em teus olhos, vejo o que poderia ser, e, mesmo sem saber como explicar, sinto o peso dessa realidade que jamais direi. Te quero por inteiro, mas não sei como lidar com isso. Meu coração se perde entre o que é certo e o que é impossível. E, ainda assim, eu te vejo, mesmo sem saber se é o suficiente."

A última palavra ecoou na sala, e o silêncio que se seguiu parecia interminável. Eu estava completamente paralisada, sem saber o que dizer ou fazer.

- Eu não sabia que você sentia isso... - ele falou, agora olhando para mim, seus olhos cheios de uma mistura de surpresa e compreensão.

Eu respirei fundo e, com um esforço tremendo, olhei diretamente nos olhos dele.

- Eu sei que é errado, Alejandro... Não sei o que eu estava pensando quando escrevi essa carta. Eu só precisava colocar tudo para fora. Não esperava que você a lesse. Eu... eu sei que sou sua psicóloga, e isso pode ser confuso, mas... não posso negar o que sinto. Não mais.

Ele ficou em silêncio por um momento, pensativo, antes de dar um passo à frente. Agora, mais perto de mim, seu olhar era caloroso, mas também sério.

- S/N... eu não sabia disso. Mas, ao mesmo tempo, não é algo que a gente possa simplesmente ignorar. Acho que há algo entre nós, mas talvez... talvez a melhor forma de lidar com isso seja começando do zero, como amigos. E quem sabe, ao longo do tempo, a gente descubra o que realmente sentimos. Vamos dar esse espaço para nós mesmos, sem pressões.

Eu sorri, aliviada com a sinceridade dele. Ele estava certo. Amizade era o primeiro passo. Era uma base sólida para começar a explorar o que poderia vir a seguir, sem as complicações de papéis definidos ou expectativas mal colocadas.

- Amizade. - Eu disse, assentindo. - Acho que isso é mais do que justo.

Alejandro sorriu de volta, e aquela troca de olhares, carregada de emoção, era tudo o que eu precisava para saber que, apesar de não sabermos o que o futuro nos reservaria, estávamos dando o primeiro passo em direção a algo que poderia ser muito mais.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, Alejandro Garnacho ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora