14 | colegas de quarto

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Eu estava sentada no sofá, com o celular na mão, olhando para a tela e vendo as mensagens antigas

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Eu estava sentada no sofá, com o celular na mão, olhando para a tela e vendo as mensagens antigas. As coisas estavam estranhas há semanas, mas, no fundo, eu sabia que hoje seria o fim. Meu ex-namorado, Lucas, ligou há poucos minutos. Eu podia sentir o peso em sua voz, mas eu estava preparada para isso.

- Eu não acho que a gente deveria continuar... - ele disse, sua voz abafada do outro lado da linha.

Ouvi suas palavras, como se já soubesse o que viria a seguir, e suspirei. A dor estava lá, como uma sombra sutil, mas também havia um certo alívio. Nosso relacionamento não estava mais funcionando há algum tempo, e ambos sabíamos disso.

- Tudo bem, Lucas... Eu entendo - respondi, tentando não deixar minha voz tremer.

Desliguei o telefone e fiquei em silêncio, olhando para a sala onde eu dividia o apartamento com Alejandro. Ele estava no quarto, provavelmente se arrumando para a noite com os amigos. O fato de ter que encarar a realidade de que eu estava solteira outra vez ainda não tinha me atingido completamente. Não havia lágrimas, só uma sensação de vazio, como se eu estivesse flutuando em uma bolha, separada do mundo real.

Antes que pudesse me perder nos meus pensamentos, ouvi o som de risadas vindo do corredor. Alejandro apareceu na sala com aquele sorriso despreocupado no rosto, o mesmo sorriso que sempre fazia o ambiente parecer mais leve. Ele era meu colega de quarto há meses, e nossa convivência tinha se tornado algo natural, até confortável.

- Ei, você está pronta? - ele perguntou, parando na porta da sala. - O pessoal já está a caminho.

Tentei sorrir, mas não consegui esconder a tristeza em meu rosto. Ele percebeu imediatamente.

- S/N, o que aconteceu? - Alejandro se aproximou, sua expressão mudando para algo mais sério.

Eu dei de ombros, ainda segurando o celular.

- Lucas terminou comigo... agora há pouco.

Ele me olhou por um momento, como se estivesse processando a informação, e então se sentou ao meu lado no sofá.

- Eu sinto muito, de verdade - ele disse suavemente. - Mas talvez isso seja... para o melhor? Ele não estava te fazendo feliz.

Eu assenti. Ele estava certo. Lucas e eu já não éramos os mesmos de antes, e talvez fosse realmente a hora de seguir em frente. Mas isso não tornava a situação menos desconfortável.

- Eu sei. Só... é estranho, sabe? - murmurei, olhando para o nada.

Alejandro colocou a mão no meu ombro de maneira reconfortante.

- Vamos fazer o seguinte - ele disse com um tom leve, tentando animar o ambiente. - Hoje à noite, nada de pensar no Lucas. Você vai se divertir com a gente, dar risada, e vai esquecer disso por algumas horas, ok?

Eu respirei fundo e olhei para ele. Alejandro sempre sabia como me fazer sentir melhor, mesmo quando tudo parecia desmoronar.

- Tá bom - eu disse, finalmente conseguindo sorrir um pouco. - Vamos nessa.

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Cerca de uma hora depois, a sala estava cheia de gente. Manuel Ugarte, Facundo Pellistri e Rasmus Højlünd, todos colegas de time de Alejandro, estavam espalhados pelo sofá e cadeiras, enquanto minha amiga Júlia, sempre extrovertida, conversava animadamente com eles. Era uma mistura interessante de pessoas, mas de alguma forma funcionava. Todo mundo estava relaxado, rindo e bebendo, como se fosse uma daquelas noites que prometia ser memorável.

Eu estava sentada ao lado de Alejandro no chão, enquanto ele mexia no celular, provavelmente procurando uma música para colocar na caixa de som. Rasmus estava contando uma história sobre uma viagem de pré-temporada que tinha feito, e todos prestavam atenção, rindo das situações malucas que ele descrevia.

- Então, o que vamos jogar agora? - Júlia perguntou, interrompendo a conversa. - Preciso de algo divertido!

Facundo olhou em volta e deu um sorriso travesso.

- Que tal "Verdade ou Desafio"? - ele sugeriu, com um brilho de malícia nos olhos. Claro, ele sempre gostava de ver as pessoas em situações embaraçosas.

Todos concordaram quase de imediato. Eu suspirei internamente, sabendo que aquilo poderia ir para um caminho imprevisível, mas, ao mesmo tempo, estava disposta a me distrair. E nada melhor do que um jogo que pudesse proporcionar boas risadas.

Sentamos em círculo no chão, e Júlia começou, girando uma garrafa vazia que estava por perto. A garrafa parou em Manuel, e Júlia foi rápida.

- Verdade ou Desafio? - perguntou com um sorriso.

Manuel olhou para todos e escolheu "Verdade". Júlia pensou por um momento antes de perguntar algo simples, e ele respondeu sem grandes revelações. O jogo seguiu leve por alguns minutos, até que a garrafa finalmente parou em Alejandro.

Facundo, que já estava esperando por uma oportunidade, não perdeu tempo.

- Verdade ou Desafio, Garnacho? - ele perguntou, sorrindo de orelha a orelha.

Alejandro, sempre competitivo, cruzou os braços.

- Desafio, claro - respondeu confiante.

Facundo deu uma risada baixa antes de falar.

- Desafio você a beijar a S/N.

O ambiente, que estava cheio de risadas, ficou subitamente mais silencioso. Senti meu rosto ficar quente instantaneamente. Olhei para Alejandro, que parecia surpreso com o desafio, mas não desconfortável. Na verdade, ele esboçou um sorriso tímido, algo que eu não via com frequência nele.

- Facundo, sério? - tentei rir, mas minha voz saiu mais fraca do que o normal.

- Ah, vamos lá! - Facundo insistiu, como se fosse a coisa mais natural do mundo. - É só um beijo. Sem compromisso, só para o jogo.

Alejandro me olhou, e havia algo diferente no seu olhar. Era como se ele estivesse tentando medir minha reação, tentando entender se eu estava confortável com aquilo. Meu coração batia mais rápido, mas por algum motivo, eu não queria dizer não. Talvez fosse o álcool, ou talvez fosse porque, no fundo, eu sabia que havia algo entre nós que sempre esteve ali, latente.

Ele se aproximou de mim lentamente, seus olhos ainda fixos nos meus, e eu senti meu estômago se revirar em expectativa. Quando nossos rostos estavam a centímetros de distância, eu fechei os olhos. O beijo foi suave, leve, e durou apenas alguns segundos, mas o suficiente para fazer meu corpo inteiro formigar.

Quando nos afastamos, o silêncio foi quebrado por risadas e gritos dos outros.

- Uhuu! - Rasmus gritou, batendo palmas.

- Finalmente! - Júlia brincou, rindo alto.

Eu sorri, meio sem graça, mas sentindo uma sensação estranha de alívio e confusão ao mesmo tempo. Alejandro sorriu para mim, e eu sabia que, apesar do desafio, algo entre nós havia mudado.

A noite continuou, mas minha mente ficou presa naquele momento, naquele beijo que parecia ter despertado algo que eu não sabia que estava adormecido.

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Parte 2 comentem no emoji

❤️‍🩹

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, Alejandro Garnacho ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora