16 | aventura no cinema

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Entramos no cinema de mãos dadas, tentando disfarçar nossa empolgação

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Entramos no cinema de mãos dadas, tentando disfarçar nossa empolgação. Alejandro, como sempre, com aquele sorriso meio travesso, como se estivesse sempre planejando algo. Eu sabia que, quando estávamos juntos, as coisas tinham a tendência de sair do controle - de uma forma boa. Mas, por mais que tentássemos manter a calma, havia uma energia entre nós que era difícil de ignorar.

- Você acha que alguém vai notar se a gente sumir um pouco daqui? - ele sussurrou no meu ouvido, enquanto caminhávamos pelos corredores.

Eu ri baixinho, empurrando-o levemente com o ombro.

- Estamos no meio de uma sala cheia de gente, Garnacho. Acho que seria difícil não perceberem.

Mas a verdade é que a ideia me provocava. Algo no jeito despretensioso dele, misturado à adrenalina do lugar, me deixava ainda mais animada. Era uma dessas situações em que sabíamos que não deveríamos, mas... ao mesmo tempo, a ideia de ser pego tornava tudo mais excitante.

Sentamos em um canto mais afastado, numa fileira quase vazia. O filme começou logo depois, mas, honestamente, eu mal conseguia prestar atenção na tela. Alejandro continuava a me provocar, como sempre fazia, passando o braço por trás da minha cadeira, se inclinando lentamente na minha direção.

- Eu acho que ninguém está olhando... - ele sussurrou de novo, desta vez com os lábios quase tocando o meu pescoço.

Senti um arrepio percorrer minha espinha, e me mexi desconfortavelmente na cadeira, tentando disfarçar a excitação crescente. Claro que eu sabia que ele estava provocando de propósito. Isso era típico dele - sempre me testando, sempre me desafiando.

Eu me virei para ele, tentando manter a expressão séria.

- Alejandro... - falei, num tom que eu esperava soar como um aviso, mas que saiu muito mais suave do que eu planejava.

Ele riu baixinho, aquela risada que eu adorava, e se aproximou mais. Os lábios dele roçaram os meus, e de repente, o filme parecia a última coisa importante no mundo. Não resisti mais. O beijo aconteceu de forma natural, sem esforço, como se fosse o que sempre deveria acontecer.

O beijo começou leve, mas logo ganhou intensidade, e de repente, toda a noção de espaço e tempo desapareceu. Estávamos completamente absortos um no outro, como se o cinema inteiro tivesse desaparecido. Minhas mãos foram para os cabelos dele, puxando-o para mais perto, enquanto ele apertava minha cintura de uma forma que me fazia esquecer o lugar onde estávamos.

O som do filme se tornou um ruído distante. Tudo que importava era ele, a forma como nossos corpos se moviam juntos, a urgência do momento.

- Isso vai dar problema... - sussurrei entre um beijo e outro, tentando recuperar o fôlego.

- E quando é que algo entre a gente não dá? - ele retrucou, a voz rouca, um sorriso travesso no rosto.

Eu sabia que ele estava certo. Desde o momento em que nos envolvemos, tudo entre nós sempre foi intenso, imprevisível, e isso fazia parte do que nos atraía tanto.

Foi então que ouvimos um som. Alguém pigarreou.

O coração quase parou. Viramos o rosto ao mesmo tempo, e ali, ao lado da fileira, estava um funcionário do cinema, de olhos arregalados, claramente tentando não parecer tão constrangido quanto nós.

- Er... com licença. Acho que vocês deveriam... parar com isso. - Ele estava tentando ser educado, mas o embaraço era visível.

Eu senti o calor subir para o meu rosto, e minha primeira reação foi esconder meu rosto nas mãos, morta de vergonha. Alejandro, por outro lado, só conseguiu rir. Um riso abafado que, aos poucos, foi ficando mais alto e incontrolável.

- Meu Deus, a gente foi pego! - ele disse entre risadas, e logo eu também estava rindo.

A situação toda era ridícula, mas ao mesmo tempo, impossível não achar graça. Fomos flagrados no cinema como dois adolescentes imprudentes, e ao invés de nos escondermos de vergonha, estávamos ali, rindo da situação.

O funcionário, claramente sem saber o que fazer, apenas balançou a cabeça e se afastou, murmurando algo sobre "manter o decoro". Assim que ele saiu, Alejandro olhou para mim, os olhos brilhando de diversão.

- Essa foi por pouco, hein? - ele comentou, ainda rindo.

- Por pouco? A gente foi pego no flagra! - Eu balancei a cabeça, tentando manter a compostura, mas sem sucesso.

- Ah, relaxa. Isso só torna a história ainda melhor, não acha?

Eu o encarei por um momento, e depois comecei a rir de novo. Ele estava certo. Por mais constrangedor que tivesse sido, essa era uma daquelas histórias que contaríamos por anos, lembrando sempre da forma como as coisas entre nós nunca eram normais. E, no fundo, eu amava isso. Amava a imprevisibilidade de estar com Alejandro, a forma como ele sempre conseguia me tirar da minha zona de conforto e me fazer sentir viva.

- E agora? - perguntei, enquanto tentava arrumar o cabelo bagunçado.

- Agora? - Ele sorriu. - Que tal ver o resto do filme, como duas pessoas normais?

- Acho que ser normal não é muito o nosso estilo.

- É... acho que não. - Ele riu de novo, e dessa vez, o som de sua risada me acalmou.

Nos ajeitamos nas cadeiras, ainda tentando nos recompor. O filme continuava na tela, e, pela primeira vez naquela noite, eu realmente prestei atenção nele. Mas o que mais importava era o fato de estarmos ali, juntos, rindo da situação absurda em que nos metemos. Era isso que tornava tudo tão especial - o fato de que, por mais louco que fosse, tudo com Alejandro parecia certo.

Enquanto o filme continuava, eu olhei para o lado e vi Alejandro me observando de canto de olho, um sorriso discreto nos lábios. Ele se inclinou e sussurrou no meu ouvido, de forma que só eu pudesse ouvir:

- Da próxima vez, a gente escolhe um lugar mais discreto, ok?

Eu ri de novo, balançando a cabeça.

- Com você, Garnacho? Duvido que isso seja possível.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, Alejandro Garnacho ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora