Dezoito, alívio e confissões.

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São Paulo
Abril, 2023 

O quarto de Rafaella está quase que inteiramente tomado pela luz do sol, graças às cortinas que não foram fechadas na noite anterior, os passarinhos que estão sempre no telhado e nas janelas da casa, decidiram cantar um pouco mais alto e mais cedo hoje, fazendo a mineira acordar bons minutos antes do despertador tocar, como tem sido todos os dias.  

Rafaella encarou o teto branco e suspirou, o domingo finalmente tinha chegado e com ele, seus tão aguardados dezoito anos, deixando a garota levemente assustada por alguns minutos. Tentando não ter uma crise existencial logo cedo e não se amedrontar com a chegada oficial da vida adulta, ela começou a prestar atenção nos murmurinhos no andar de baixo. 

Afinal, o que mudaria tanto?  

Ela não precisaria usar documentos falsos para entrar em baladas ou comprar bebidas, coisa que ela e Bruna tinham quase que como um hobby. Ela poderia ter o próprio carro, assim pararia de bater o carro dos pais de seus amigos e não colocaria em risco de prisão nenhuma pessoa maior de idade que ela queira se envolver, isso era bom. Mas a vinda para São Paulo tem tirado cada vez mais a graça de tudo, já que na visão da mineira, suas amigas parecem ter continuado com os seus treze anos e a diversão delas certamente não eram as mesmas que as suas e Rafaella não gosta de beber ou aprontar sozinha. 

Observando o despertador lilás na mesa de cabeceira, a mineira escutou os cochichos no corredor e pensando se se prestaria ao papel de fingir que ainda estava dormindo para que seus pais entrassem com um café da manhã enquanto Bruna e Mariana cantavam, a aniversariante suspirou e calmamente fechou os olhos e deitou-se de lado, para que parecesse uma pessoa tranquila enquanto dormia, mas seu teatro de Bela adormecida acabou tão rápido quanto começou, graças ao susto que levou com a falta de delicadeza que abriram a porta de seu quarto. Ela encarou a porta tentando desfazer o semblante irritado enquanto seus pais caminhavam até ela sorridentes com uma bandeja de café da manhã farta em mãos e sua irmã e sua melhor amiga vinham atrás com chapeuzinhos de aniversário na cabeça cantando animadas. Sorrindo e se recuperando do leve susto e da irritação, Rafa se sentou na cama e por alguns minutos se emocionou com o cenário, seus pais que agora tinham os olhos marejados, deixaram a bandeja nas mãos de Mariana e Bruna e abraçaram a mineira enquanto desejavam coisas boas em um tom choroso. 

Deixando a bandeja no colo de Rafa, Bruna e Mari sentaram ao lado da garota a parabenizando e logo se ofereceram para "ajudá-la"  a comer o seu café da manhã. 

Foi uma manhã boa para a jovem adulta.  

Sentir a felicidade de seus pais, de sua irmã e de sua melhor amiga por estarem presentes ali com ela, a fez parar de pensar tanto no lado chato de estar envelhecendo.  

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Rafaella Kalimann POV  

Depois do meu café da manhã, minha mãe decidiu levar Bruna, Mariana e eu para uma manhã relaxante no spa, como um de seus presentes para mim, inicialmente eu não tinha gostado da ideia, já que essas horinhas certamente atrasaria as coisas que eu ainda precisava resolver para a minha festa, mas Mari conseguiu me convencer que seria legal e que minha pele ficaria mais bonita para a festa. 

Sentadas em cadeiras confortáveis, Mariana e Bruna têm suas unhas pintadas por manicures, enquanto eu espero o tempo de tirarem a máscara facial do meu rosto. Depois de conversarmos sobre diversos assuntos aleatórios nessa manhã, agora comentamos sobre minha lista de convidados. 

M: Peraí, você convidou toda a turma do Caon? Porque não convidou só ele? - perguntou encarando as unhas que já estão pintadas. 

R: Não sei, Mariana, acho que é porque a festa é minha e quem decide os convidados sou eu - digo e ela me mostra a língua.  

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