Um contrato de aparência

Cap. 24 - Escuridão

Bak

Maitê deve estar puta comigo, e com razão. Ela voltou a tomar um hate desgramado essa semana, e eu simplesmente não fiz nada pra ajudar.

E não só ela né, todo mundo tá puto comigo.

Essa semana tivemos semifinal em dois campeonatos, e não fomos bem em nenhum, porque tô com a cabeça longe, mesmo tentando focar.

Eu tenho que aprender a conversar antes de tomar decisões precipitadas.

Eu vi que o hate aumentou depois do beijo. A galera achou cedo demais, e por isso estavam atacando ela sem parar. Estavam até falando que ela já está sentando pra mim. Quem dera meu povo, quem dera.

Pra aliviar a situação eu decidi me afastar dela. Pra galera entender que foi só um beijo. E que não era nada demais. A intenção é começar a ter algo no terceiro mês de organização, e hoje ela tá completando o primeiro.

Eu poderia ter avisado ela desse plano? Poderia
Fiz? Não

E entendo ela estar puta comigo.

Cerol e Nobru marcaram reunião comigo hoje, e já sei o motivo. Já vi que vou me estressar mais hoje.

Sabe o que é foda, toda vez que algo me irrita eu penso nela.
Não consegui focar no campeonato, porque ela não saia da minha cabeça.
Quando queria me aliviar pensava nela.

No toque dela
No cheiro dela
No beijo dela

Ela está me deixando louco, e eu estou odiando isso.  Ela acaba com a minha racionalidade.

Durante a reunião com os meninos acabamos discutindo, eles não concordaram com a minha decisão, falando que estava nítido que ela estava magoada. E pra piorar tudo, ela chegou na GH na hora.

Na hora que eu vi ela, meu coração apertou, a forma que ela me olhava... com decepção nos olhos de novo. Me lembrou o nosso inicio, e o quão babaca eu fui, e prometi que não seria de novo.

Caralho Maite, o que te fez entrar nessa?

Eu não mereço você
E você definitivamente merece o fluxo

Eu acabei com o sonho dela, e a troco de que?

Depois da reunião eu pensei em ir nela, mas dona Michele chegou furiosa querendo conversar comigo. E que bom, porque eu realmente estava precisando dos conselhos e puxões de orelha dela.

- o que faz por aqui dona Michele? - brinco quando vejo ela, vou pra abraçá-la mas ela recua
- Sem gracinhas Gabriel- fala ríspida - quero saber o que está acontecendo

- não sei do que a senhora está falando - levanto as mãos em rendição
- Sim você sabe - fala e olha em direção a porta e vejo Maitê, quando ela percebeu que estávamos olhando pra ela, ela sai rápido dali.

- o que você fez? - pergunta e quer saber? Foda-se
- Um contrato - respondo e ela levanta a sobrancelha
- Como assim filho?
- Senta que a história é longa - falo e me jogo no sofá que tinha ali.

Conto tudo pra ela, desde o início. Falo detalhadamente sobre o contrato e conto das vezes que fui um babaca com ela. Mesmo com o olhar de decepção nos olhos, ela não diz uma palavra até que eu acabe de falar tudo. Quando eu termino ela simplesmente levanta

- mãe, fala alguma coisa por favor - falo levantando e segurando levemente seu braço
- O que você quer que eu fale Gabriel? - levanta a voz - que eu estou Decepcionada, enojada, com raiva? Porque eu tô tudo isso e muito mais. Eu não te reconheço. Onde eu errei na sua criação? - sussurra

- a senhora não errou em nada- falo e tento me aproximar mas ela se afasta - eu que errei mãe, eu que fui o escroto
- Eu não te criei assim... como não vi você virando esse babaca? - pergunta e isso dói. Escutar outras pessoas me chamando assim, pouco me afeta, mas porra, até a minha mãe.

- eu não consigo não ser assim mais mae- suspiro - eu juro que tento, eu tento me dar bem com ela, mas ela acaba com meu juízo. E eu simplesmente não sei o que fazer
- Não a culpe pelas suas atitudes- fala ríspida
- Não foi isso que - me corta
- Cala a boca - fala e passa a mão no rosto tentando se acalmar- eu não quero saber como, mas você vai dar um jeito de concertar as coisas. Eu quero que ela pare de receber esse hate todo e principalmente - respira - eu quero que você faça esse contrato valer a pena

- como eu vou fazer isso mãe? - pergunto já triste
- Se vira- fala - você começou isso, então trate de dar um jeito. Como você já disse, o fluxo era o sonho dela e vocês conseguiram estragar tudo, então faça com que esse um ano valha a pena.

Minha mãe se vira pra sair mas para na porta e me olha de novo.

- lembra quando eu te falei que por mais que ela seja luz, ela tem muita escuridão por dentro? - confirmo- sinto que tem algo a ver com a casa que ela morava, então independente do que aconteça Gabriel, não deixem que eles cheguem nela novamente. E por favor filho, não machuque mais ela.

- eu prometo tentar - dou um sorriso fraco e ela sai.

Eu não tenho nem ideia de por onde começar, então continuo aqui deitado no sofá olhando pro teto. Até que lembro que coringa tinha me chamado pra um churrasco na casa dele hoje, e lembrando como Maite e Tainá se deram bem. Decido levar ela.

- Rajah, abre a porta aqui pra mim? - falo assim que ela atende o telefone
- O que quer aqui Bak? - pergunta seca
- Você sabe - suspiro
- Não acha que demorou muito não? Tipo uma fucking semana - fala puta

- eu sei que vacilei Rajah, e quero concertar as coisas, então me ajuda vai, por favor - peço
- É bom que eu não me arrependa disso - fala e desliga

Ela não demora muito pra abrir a porta, ela não me olhou com uma cara boa não, mas não vou culpar ela, como eu disse, tá todo mundo puto comigo.

- onde ela tá? - pergunto
- No quarto - assinto e vou em direção as escadas mas Rajah me chama

- Bak- olho - por favor, chega de ser um babaca com ela. Se pra você foi só um beijo e não vai rolar nada, então solta ela. Porque eu não sei como, mas ela parece estar a presa a você. E isso tá sufocando ela. -Fala e antes de sair pela porta me fala - tô indo na GH dos mobile, não tem ninguém aí além dela, então se resolvam.