Parte Seis - Liv

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A parte que ela mais gostava daquele trabalho, se é que tinha algo para gostar ali, é que não exigiram que ela usasse salto alto. Ela via Selina e as outras garotas usando saltos a noite toda e ficava imaginando o desconforto, mas ficava feliz com suas botas de cano longo nada sexy e mais práticas. Não poder usar peruca já era desconforto o suficiente.

Tinha acabado de voltar para o bar com uma lista de pedidos de uma mesa quando um dos Gêmeos se aproximou dela, e precisou respirar fundo para não se estressar.

– O que foi agora? – perguntou sem encará-lo.

– Olha só, essa situação toda começou com o pé errado. Meu irmão teve que sair e dar um jeito na mão dele e eu só quero uma trégua antes que isso saia dos trilhos, beleza? Não vai ser bom pra nenhum de nós se isso chegar nos ouvidos do chefe.

– Não me diga...

– Talvez... Quem sabe, se nós sairmos pra conversar e pôr um fim nessa treta – se inclinou sobre o balcão para encará-la.

– Não, valeu.

– Apenas uma conversa. Juro por Deus – fez um gesto de rendição. – Depois do trabalho. Uns drinques, quem sabe...

– Eu não bebo.

Ficar longe de bebidas e drogas era o constante desafio dela por mais de uma década e ela não tinha intenção nenhuma de sair da linha e quebrar a promessa que fez a Jax e Wendy.

– Não precisa ser nada alcóolico, só... Por favor? – tombou a cabeça de lado. – Uma oferta de paz não faz mal a ninguém.

– Se eu for, vão parar de encher o meu saco?

– Não posso falar pelo meu irmão, mas da minha parte eu prometo – ofereceu o dedo mindinho.

Olivia semicerrou os olhos para a oferta de paz.

– Depois que conversarmos.

Uma aproximação inesperada a fez virar para o outro lado. Um cara de meia-idade, já grisalho e com a barba por fazer, mal-encarado.

– O chefe mandou você esperar no carro, sairão em 5 minutos.

– Eu ainda tô atendendo clientes – franziu o cenho.

– Deixe pras outras garotas, seu trabalho é mais importante.

Um dos bartenders, um rapaz de cabelos pretos espetados que atendia por Jake, assentiu para ela, que acompanhou o mais velho pelo clube até a saída dos fundos.

– Ainda não entendo o que uma magricela como você acha que pode fazer sendo segurança pessoal – ele resmungou enquanto se aproximavam de um dos carros.

– Não escolhi o trabalho – resmungou de volta.

– Vai acabar se machucando – ele parou em frente à porta, a encarando. – Deveria procurar outro trabalho, em outro lugar, pelo seu próprio bem.

E abriu a porta para ela, que entrou calada. Ele não estava errado, aquele não era trabalho pra ela, mas era o que tinha no momento.

Um tempo depois, Oz apareceu e ela se afastou no banco para dar espaço quando o mal-encarado entrou por último, o motorista na frente nem se dando ao trabalho de cumprimentá-la.

– Aqui, querida, um presente – Oz ofereceu a ela uma arma.

Olivia encarou a Glock, pegando-a com receio.

– Sabe usar uma 9mm?

– Sim, senhor. Quais são as suas ordens?

– Faremos uma visita a alguns devedores. Alguns deles precisam de um certo encorajamento pra pagar o que nos devem, você é o nosso elemento surpresa. Já torturou alguém antes, doçura?

Fighting MyselfOnde histórias criam vida. Descubra agora